quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Amanhecer - Parte 1


NOTA:1

E o pesadelo continua! Não, não estou me referindo a luta entre vampiros e lobisomens, é simplesmente ao fato de saber que ainda teremos mais um filme da “saga” Crepúsculo, aquele triângulo amoroso fabuloso entre um vampiro afeminado, uma garota depressiva e um lobisomem com muito músculo e pouco cérebro. Chega a ser um caso de estudo entender como algo tão ruim, tão depreciativo consiga se tornar um sucesso.

Na primeira parte do último episódio da “saga” (virou moda dividir filmes), Bella (Kristen Stewart) e Edward (Robert Pattinson) enfim se casam e vão passar a lua de mel no Rio de Janeiro. Após sua noite de núpcias, Bella descobre estar grávida de um ser desconhecido e que se desenvolve em tempo recorde, drenando todas as energias da mãe que fica à beira da morte. Os lobisomens, ao saber da notícia decidem matar Bella e o ser que ela carrega no ventre, temendo que este possa se tornar uma ameaça a todos no futuro.

Como sempre, o principal de todos os defeitos da “saga” é seu roteiro extremamente pobre, pouquíssimo imaginativo (chegando a soar estúpido às vezes) e que inventa situações medíocres para prolongar sua história. Vamos por partes. Qual a lógica na cena em que Bella acorda sozinha na casa da lua de mel e encontra o bilhete de Edward que dentre outras coisas diz: “Volto antes de você acordar”? Pra quê o bilhete então?

Stephenie Meyer quando escreveu a “saga” defendeu que seu objetivo era resgatar nos jovens valores como o amor puro e a virgindade, e ela levou bem a sério isso, pois logo após a tão aguardada primeira vez de Bella, a personagem acorda machucada e repleta de hematomas. É...realmente a geração Crepúsculo passará a pensar muito sobre o assunto daqui pra frente. Sem contar no verdadeiro caso de polícia que é essa agressividade de Edward nas núpcias, justificada com algo do tipo “eu avisei que ia ser assim” à sua esposa. Que belo exemplo! Existe Lei Maria da Penha no cinema? Sem contar com a Bella tomando um “milk-shake” sabor sangue que com certeza vai entrar para a história das cenas mais patéticas do cinema. Se eu for citar tudo de ruim do roteiro vou precisar de páginas e mais páginas aqui.

Mas para encerrar essa parte, ano passado quando escrevi sobre Eclipse, discuti sobre um termo que parecia ter sido inventado por Meyer apenas para virar gíria dentre os adolescentes: imprinting (que é basicamente amor a primeira vista), algo que existe no universo dos lobisomens. Esse termo foi apenas citado algumas vezes no filme anterior, mas nesse vem como algo extremamente importante para o andamento da narrativa e consegue estragar de modo injustificável o clímax dessa primeira parte de Amanhecer, no combate entre vampiros e lobisomens.


Deixando o roteiro de lado, a “saga” Crepúsculo já conta com seu 4º diretor (Bill Condon) e mesmo sendo uma produção milionária com recursos de sobra para fazer qualquer coisa, Amanhecer continua esbarrando nos mesmos problemas técnicos que seus antecessores, contando com uma maquiagem muito carregada, artificial e ruim dos vampiros e os terríveis efeitos especiais empregados na concepção dos lobisomens num trabalho verdadeiramente amador. Mas há uma exceção nos dois casos: Bella, que quando debilitada pela gravidez conta com uma maquiagem bastante convincente e mesmo pode ser dito dos efeitos empregados na sua aparência física esquelética.

Outro problema antigo, mas esse irreparável é a reunião do pior elenco de um filme teen já produzido. Robert Pattinson continua interpretando o mesmo personagem apático e afeminado, do qual parece que ninguém nota seu machismo com Bella. Lautner desistiu de atuar e entregou seu personagem aos seus músculos. E Kristen Stewart...bom essa sim parece se sair bem de certa forma, uma vez que teve nos quatro filmes a mesma cara doentia e sem emoção , nesse episódio pelo menos sua debilidade física justificam essa expressão. O melhor do filme inteiro (e o que garantiu seu único ponto na nota) é Bill Burke na sua cena que como policial e pai dá o seu recado sarcástico e bem humorado ao casal recém-formado, em especial, em sua cerimônia.

Eu não costumo dizer pra ninguém pra assistir ou não um filme porque este é ou não é bom, acredito que cada pessoa tem seu modo de pensar e cada um é quem deve avaliar o que assiste, mas dessa vez me vejo obrigado a fazer uma exceção e com certeza NÃO recomendo a ninguém assistir não só o Amanhecer – Parte1, como todos os seus antecessores e o próximo que virá, pois são uma perda de tempo e um exercício de péssimo gosto, denegrindo o status de arte que o cinema possui. Ao invés disso, vá ler um bom livro (o que definitivamente exclui a “saga” Crepúsculo).

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sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Contágio



NOTA: 7

Imagine viver num mundo onde o inimigo possa estar em qualquer lugar, qualquer lugar mesmo! No ar, no contato com uma pessoa ou até mesmo no mouse que você tem sob as mãos agora. É exatamente essa a sensação que Soderbergh imprime nas duas horas de projeção de seu mais novo longa, Contágio, ao tratar de uma epidemia que custa a vida de dezenas de milhões de pessoas que já não sabem mais como se prevenir de um vírus que está em todo o lugar. Uma obra bem arquitetada que causa certo temor em quem assiste justamente por saber que naquele universo nada é seguro e nada impede que o que acontece no filme se concretize no nosso mundo. E já tivemos uma amostra - senão da força da doença, apenas do medo de contraí-la - dessa sensação há dois anos com a gripe suína.

Em Contágio, uma epidemia sem precedentes vinda da Ásia está matando milhões e milhões de pessoas em todo o mundo. A população está em pânico, pois ao que tudo indica o simples contato físico com qualquer objeto tocado por um infectado é suficiente para contrair a doença. Nesse cenário, os cientistas buscam desesperadamente uma cura que parece não chegar, os governos se mostram desorientados em conter a provável catástrofe, a imprensa se divide entre informar e fazer sensacionalismo enquanto a população regride a um estado primitivo em busca da sobrevivência.

Contágio teria sido um filme comum e facilmente descartável não fosse a direção de extrema competência de Steven Soderbergh que inteligentemente inicia a narrativa no segundo dia da epidemia já colocando desde início uma interrogação que perduraria até o fim do filme sobre o que a desencadeou. Outro aspecto interessante é a fotografia que privilegia enquadramentos em detalhes como copos, jornais e mãos, apontando pra gente a todo o momento o que causava a transmissão da doença, coisa que os personagens demorariam dias pra saber.

Contudo, um dos problemas do longa é a edição rápida e repleta de cortes que ao mesmo tempo que é necessária devido ao excesso de sub-tramas, peca justamente por não permitir que o espectador tenha tempo de se identificar com essas histórias. Quando começamos a nos identificar com o drama de Matt Damon de no mesmo dia perder mulher e filho um corte nos leva para o Departamento de Saúde, daí quando começamos a nos identificar com Laurence Fishburne tomando ciência da epidemia, um novo corte nos leva à Asia com Marion Cotilard e por aí vai até o fim.




 Ainda bem que Soderbergh já previa esse problema e tenta corrigi-lo convocando um excepcional time de estrelas para o elenco como pouquíssimas vezes se vê na tela. São três Oscars e mais de dez indicações  à estatueta na tela. Além dos três nomes citados acima, o casting ainda conta com Jude Law, Gwineth Paltrow e Kate Winslet. E o interessante é que quem descobre a vacina para a doença é exatamente uma atriz pouco conhecida do grande público (Jennifer Ehle), reforçando que nesses casos quase sempre os verdadeiros heróis ficam nos bastidores.

Mesmo comprometendo boa parte do desenvolvimento do roteiro com o excesso de sub-tramas, Contágio acaba tendo o saldo positivo por se mostrar um ótimo documento em apresentar as diversas esferas e o modo que atuam frente a uma situação adversa, algo que Fernando Meirelles deveria ter feito em Ensaio Sobre a Cegueira mas conseguiu um efeito muito menos impactante.

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terça-feira, 1 de novembro de 2011

Trailer Tropa de Elite 3 - O Retorno do Renegado

Trailer fake feito pelo meu grupo da faculdade ESAMC Campinas, o grupo Pégasus.

SINOPSE: Em novembro de 2010 o crime havia tomado conta do Rio. Quando o governo não tinha mais saída, chamou de volta aquele que havia expulsado no passado: o Capitão Nascimento. Mas dessa vez ele não vai pra guerra sozinho, terá a ajuda de Barney Ross e seus mercenários para derrubar o império de medo e violência de Zé Pequeno.


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segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Gigantes de Aço



NOTA: 8


Existem filmes que são tão marcantes que provocam na gente algo que eu chamo de Efeito Chaves, que acontece quando o prazer em ver a obra é tão grande que, assim como no seriado do SBT, você pode assistir mil vezes e ainda ter aquela sensação de estar assistindo pela primeira. Um dos títulos que mais provocam esse efeito é Rocky, Um Lutador, filme que revelou Stallone, numa extraordinária e surpreendente história de superação tomando como temática o universo do boxe. E é surpreendentemente agradável poder 35 anos depois assistir Gigantes de Aço fazer uma ótima homenagem a esse eterno filme, adaptando de forma brilhante o mundo da robótica com o do pugilismo.

Em Gigantes de Aço, num futuro não muito distante (2020) o boxe como conhecemos foi extinto pela ascensão do MMA que atraia muito mais público e investimento. Porém, o esporte passou a ser praticado por gigantescos robôs controlados por controle remoto e que garantem um verdadeiro espetáculo de destruição. Charlie é um ex-pugilista que participa de lutas clandestinas de robôs e está completamente endividado. Quando é obrigado a passar o verão com o filho que havia abandonado, Max, a dupla em constante atrito descobre um antigo e fraco modelo de robô, Atom, e começam uma jornada de auto-descoberta e muitas batalhas para desafiarem o imbatível e assustador campeão mundial: Zeus.



O mais interessante de Gigantes de Aço é a incrível capacidade do design de produção em conceber um futuro que, embora mais desenvolvido que o presente, não está tão distante da nossa realidade. Não foi feito o apelo óbvio em encher a tela de carros voando ou roupas com néon para mostrar o avanço no tempo. Apenas celulares, computadores e carros um pouco mais avançados que os nossos, mas tudo dentro do esperado. Apesar de parecer teoricamente simples, essa foi uma opção bastante ousada se levar em conta o quanto recorrem a tentação de fazer o óbvio hoje em dia. Até mesmo os robôs são concebidos de modo aceitável e não extrapolando com o aspecto exacerbado que serve apenas como mero efeito pirotécnico, como é o caso de todos os robôs da trilogia Transformers.

Além disso, aquela técnica dos constantes cortes em cenas de ação que passam apenas a sensação do que acontece e não o que há de fato é completamente descartada pela edição que não deixa o público perder um movimento sequer das lutas, fazendo o uso de cortes secos apenas quando estes são necessários pra dar movimento a cena. Mas com certeza isso não seria possível se não fosse o ótimo trabalho da equipe de efeitos especiais na construção meticulosa da estrutura e nos movimentos de cada robô, inclusive conseguindo realizar o feito de conferir sentimentos numa máquina apenas lhe dando um par de olhos azuis tristonhos. Prova desse foco nos detalhes são os movimentos quase imperceptíveis que Atom faz quando imita seu dono movendo a cabeça, ou triviais como tomando refrigerante.



E a boa química entre a dupla de protagonistas, Hugh Jackman e Dakota Goyo, conferem um excelente peso na trama da relação entre pai e filho, conseguindo emocionar o espectador que esperava ver apenas a pancadaria entre as máquinas.

O longa só peca em alguns detalhes do roteiro como não deixar muito clara a frustração de Charlie com sua carreira de boxeador sem sucesso e seu romance com Bailey (Evangeline Lilly) totalmente desnecessário a narrativa.

Ademais, Gigantes de Aço faz uma excelente referência futurística a um subgênero praticamente inventado por Silvester Stallone, criando um robô que assim como Rocky era um azarão que com muita determinação e força de vontade (obviamente me referindo a dupla Charlie e Max e não a uma máquina) não baixa a cabeça para os piores desafios, mostrando com muita garra seu valor, provando que até a mais frágil criatura pode conquistar seus objetivos quando acredita fielmente neles. Será que esse será mais um exemplo de Efeito Chaves?

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sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Os Três Mosqueteiros



NOTA: 5

SINOPSE: No século XVII, a França é um reino abalado, mergulhado numa guerra contra a Espanha e que vê a ameaça de mais uma, contra a Inglaterra, se aproximar. Seu rei, Luís XIII é fraco, jovem e ingênuo, um prato cheio para seu tutor, o Cardeal Richelieu executar seu plano de tomar o reino francês pra si. Mas o jovem monarca tem a seu dispor três corajosos mosqueteiros (Athos, Portos e Aramis) que junto com o audacioso D’Artagnan, pretendem frear os planos do cardeal e salvar a França do desastre iminente.

Há histórias que por uma série de motivos jamais dariam um bom filme. Seja pela falta de ação, pela complexidade dos personagens ou até mesmo pelo seu argumento, elas acabam se limitando apenas às páginas impressas e capas duras. E Os Três Mosqueteiros se encaixa perfeitamente nesse time. Apesar de uma excelente obra literária, as subtramas excessivas e o desfecho nada agradável para os fãs do happy end tornam a história inapta para os cinemas. Mas parece que isso ainda não foi percebido por Hollywood que vem de mais uma de uma série de adaptações do livro e ainda não conseguiu dar vida e sobretudo algo interessante ao público em sua entrega.


A nova versão, com roteiro adaptado assinado por Andrew Davies, cai na mesma armadilha que suas antecessoras trazendo às telas uma história previsível do começo ao fim e situações de extrema pobreza criativa para dar continuidade ao longa. Enquanto em outras versões a sede de vingança de D’Artagnan por Rochefort se dava pelo fato do último ter matado seu pai, nessa a rixa acontece porque ele simplesmente ofendeu seu cavalo (acreditem, é por esse motivo mesmo). Além disso, há um diálogo totalmente contraditório entre ele e Athos no último ato, onde o mosqueteiro aconselha o jovem a lutar por amor quando sua paixão, Constance, estava em perigo. Logo ele que acabara de matar sua antiga amada por muito menos que isso.

O resultado de um roteiro fraco? Encher o filme de efeitos especiais que, embora bem interessantes (especialmente na cena do redemoinho que se forma no canal em Veneza, ou os dirigíveis ingleses) acabam sendo a mesma solução de sempre para maquiar uma história pobre. Mas Os Três Mosqueteiros tem o mérito de fazer uso de excelentes figurinos, especialmente de Milady que servem para mostrar uma inocência e a torna uma assassina ainda mais imprevisível. Além disso, as locações são belíssimas, fazendo uso dos prédios originais da época como o Palácio de Versales, a sede da monarquia.

O mesmo não se pode dizer das atuações fracas de um modo geral e que contam com elenco inconsistente na sua composição. Apenas os antagonistas são representados por atores conhecidos. Em 2009, com o lançamento de Bastardos Inglórios, Cristoph Waltz faz uma das melhores interpretações que vi na vida, vivendo o general Hans Lada que era meigo, gentil e cavalheiro por fora, mas por dentro era um monstro. Esse papel tornou famoso e rendeu o Oscar a um ator até então desconhecido do grande público. Waltz aparentemente prometia ótimas interpretações. O problema é que nos seus três filmes subsequentes (Água para Elefantes, Besouro Verde e Os Três Mosqueteiros) ele interpreta personagens exatamente com o mesmo perfil que seu primeiro, o que faz parecer que assim como Johny Depp ele é limitado a alguns tipos de papéis. A única atuação que realmente merece algum mérito é a Milla Jovovovich, interpretando uma femme fatale em seu melhor estilo. No mais, há apenas personagens clichês como o serviçal bobo e engraçado, o jovem briguento, o rei covarde etc, etc.


Assim como seus antecessores, a nova versão de Os Três Mosqueteiros não surpreende. Talvez o mais interessante seja deixar de tentar adaptar o livro e criar algo totalmente novo, como foi feito em O Homem da Máscara de Ferro, uma ótima trama que envolve os três heróis e boa parte do contexto de seu texto original. Como ficou evidente que teremos uma sequencia, é esperar para ver algo melhor do que seu primeiro episódio e que o roteiro caminhe com as próprias pernas.

 
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segunda-feira, 10 de outubro de 2011

O Rei Leão



NOTA: 10


O Dia das Crianças está chegando e queira ou não todo mundo acaba sendo um pouco nostálgico nessa época. Quando criança ir ao cinema era um verdadeiro evento pra mim. Não haviam muitas salas próximas, dependia da minha mãe pra ir, então nas poucas vezes que ia era uma experiência memorável, um acontecimento único.

Mas uma dessas vezes foi ainda mais especial. Era 1994, acontecia a Copa do Mundo do tetra e como era férias de julho insisti pra minha mãe me levar pra ver um filme. Quando chegamos lá, fomos assistir O Rei Leão e eu fiquei realmente fascinado por tudo que vi, rindo nas horas boas e chorando nas tristes. Nunca me esqueci de nenhuma cena (um feito se levar em conta que ainda demorariam 12 anos pra ser inventado o YouTube). Mas acima de tudo, a maior contribuição dessa obra prima da Disney na minha vida foi ter feito despertar a paixão pelo cinema e o desejo intenso de fazer parte daquele mundo. Evidentemente que não sabia nada de teoria de cinema naquela época. Foi a magia daquela arte de emocionar e inspirar as pessoas que me motivou.

Sendo assim, não poderia deixar de escrever sua crítica nessa data, especialmente porque ele acaba de ser relançado em DVD e em Blu-Ray. E admito que pela primeira vez serei mais passional do que crítico num texto.



Na savana africana, Mufasa é um rei leão sábio que preserva a paz e o equilíbrio em seu reino. Ele é pai de Simba, um filhote que sonha com o dia em que será rei como o pai e vive criando confusão. Ele é sobrinho de Scar, um astuto e perverso leão que pretende matá-lo para ser o mais próximo na sucessão ao trono. Quando enfim consegue, Simba é exilado e retorna anos depois pra destruir o império de maldade de seu tio e retomar o que é seu.

Um dos pontos mais importantes de O Rei Leão é a incrível capacidade de seu roteiro quase shackesperiano conseguir ser simples e divertido o bastante para as crianças e profundo e reflexivo aos adultos. Ao mesmo tempo que nos comovemos com o árduo caminho trilhado por aquele leãozinho, aprendemos valores simples como a maturidade, o senso de dever e que poder e liderança dependem muito mais de coragem e respeito ao próximo do que mera herança sanguinea ou material, tudo isso na jornada daquele pequeno filhote até se tornar um legítimo rei, permitindo que o ciclo da vida perdure em seu reino e todas as raças possam evoluir e conviver em harmonia.

Há uma carga emocional triste imensa (a morte de Mufasa, o exílio de Simba e a falta de esperança daquele reino imposto por Scar) que tudo indicava que seria uma das animações mais melodramáticas já feitas. Mas o esforço conjunto de toda a equipe (dos desenhistas aos dubladores) fez com que personagens secundários engraçadíssimos e extremamente marcantes (algo raro) fossem concebidos. E é claro que dentre todos eles me refiro principalmente a dupla Timão e Pumba, dona de um dos bordões de auto-ajuda mais famosos de todos os tempos (e que uso frequentemente na minha vida): Hakuna Matata, duas palavras que são uma verdadeira lição de vida.

E não só esse bordão, mas as canções de Elton John (que lhe renderam o Oscar) junto à trilha sonora de Hanz Zimmer criam uma identidade tão forte que basta até o mais leigo dos espectadores ouvir poucas notas para fazer a ligação direta com o filme.

Sem contar com o altíssimo grau de exigência da Disney em dar atenção à sua produção a todos os detalhes, não deixando nem mesmo um pequeno apanhado de pedriscos imperceptíveis, como na cena onde são exatamente esses pedriscos tremulando no chão que servem de indício a Simba de que a manada de gnus se aproxima. Além de genial, é uma profunda relação de respeito com seu público.


Mesmo 17 anos depois a Disney conseguiu produzir em mim aquele mesmo êxtase, paixão e desejo de pertencer àquele mundo como quando eu tinha apenas 9 anos, e talvez esteja aí minha fascinação por essa arte: mesmo tendo vivido diversas experiências nesse período, passando por várias dores e alegrias, trabalhando e fazendo faculdade, conseguir pelo menos por 90 minutos me sentir uma criança no seu melhor sentido: naquele em que só vemos esperança, alegria e felicidade no mundo. Obrigado Disney e HAKUNA MATATA pra você leitor.

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quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Kill Bill - Volume 1 e 2



NOTA: 10


Mais uma semana que não consigo ir ao cinema, muita correria. Mas pra não ficar sem escrever mais uma vez, ao invés de fazer a crítica de algum filme que está em cartaz, nessa edição vou falar de uma saga que sou viciado e por um acaso vi novamente há alguns dias: KILL BILL.

E a escolha dela em especial não é só por mera afinidade, mas também por ser um ótimo exemplo de uma obra prima recente, um perfeito exercício de estilo de Quentin Tarantino que conseguiu transformar dois gêneros de classe B, westerns e samurais, num espetáculo único do cinema que somente um gênio como ele pode proporcionar.


Dividido em 2 partes (ou melhor, volumes), conhecemos a história de ???? (é isso mesmo, seu nome não é revelado, ela é conhecida apenas como A Noiva) uma antiga assassina que decidida a abandonar sua profissão e viver de modo simples no interior, é vítima de uma chacina praticada pelos seus antigos colegas no ensaio de seu casamento, grávida e prestes a dar a luz. Baleada na cabeça, ela fica em coma durante 4 anos até que acorda e inicia uma onda de vingança ao estilo samurai para punir todos os que mataram seu noivo, amigos e filha, perseguindo especialmente o líder do bando e seu antigo amante, Bill.

Por muitas razões Kill Bill é uma obra-prima: seu roteiro muito bem elaborado que prende a atenção do público desde seu início até o fim; o elenco extremamente profissional selecionado a dedo, além da direção de um verdadeiro gênio da sétima arte: Quentin Tarantino.

Por que seu roteiro é genial?

Por três motivos. O primeiro é que a trama nunca se esfria, tem um ritmo acelerado e sempre que o espectador está relaxando algo acontece e o obriga a grudar na tela novamente. O filme começa com uma chacina, poucos minutos depois há uma luta mortal entre A Noiva e Verneta Green e por aí vai até o fatídico encontro com Bill no final do Volume 2.


Segundo, ele consegue ser claro na construção e desenvolvimento da história mesmo não sendo essa linear com começo, meio e fim. Há o uso constante de flashbacks interrompendo sua continuidade, além disso repare que o Volume 1 começa pelo final, pois quando a Noiva estaciona sua caminhonete para executar sua “primeira” vítima (Verneta), o primeiro nome da sua lista negra já está riscado e é justamente quem veríamos ela enfrentar em seguida, O-Ren Shi. E terceiro, a súbita mudança de um ambiente completamente enraizado na cultura oriental, com toda a beleza e filosofia samurai no Volume 1, para um ambiente de velho oeste apático e sem vida no Volume 2. Uma mudança súbita, porém sutil.


Por que a direção é genial?

Quentin Tarantino (Bastardos Inglórios, A Prova de Morte) é um aficionado por filmes de samurais, bang-bang e quadrinhos, e ele consegue de forma magistral transportar essas três paixões para dentro do universo de Kill Bill. Porém, a chance de cair numa armadilha misturando gêneros tão ignorados era enorme. Solução? Tarantino fez deixar claro logo de cara que tudo não passava de uma ficção, o que permitiu a ele abusos sem restrições. Enquanto no Volume 1 o foco é nos banhos de sangue e violência exagerada e surreal e da onipotência da protagonista, o Volume 2 é mais centrado em revelações importantes da trama como a aparência até então oculta de Bill, o nome da Noiva, Beatrix Kiddo, e uma importante descoberta sobre sua filha. É muito mais sério e centrado na disciplina, não só na contenção da violência e na onipotência da protagonista, que agora por mais de uma vez quase vê seus planos ruírem, mas também com longas cenas que mostram o treinamento rígido de Beatrix com Pai Mei, além de seu relacionamento íntimo com Bill, que tornavam ainda mais complexa sua vingança.

Por que as atuações são geniais?

Porque cada ator parece ter sido a escolha perfeita para seu papel. Beatrix precisava ao mesmo tempo ser bela e sedutora o suficiente para ser subestimada, mas mortal e inteligente o bastante para ser temida. Ninguém melhor que Uma Turman para vivê-la que sempre se alterna nesse tipo de papel, mas que aqui consegue fundir esses dois estilos de atuação.

Bill precisava ser um homem educado, gentil e sábio para ser admirado, mas extremamente frio, cruel e egocêntrico para amedrontar com suas palavras doces. Resultado? David Carradine na melhor atuação da sua vida, vivendo com seu Bill dois tipos de personagem que marcaram sua história: guerreiros e cowboys. E ainda há o privilégio de contar com uma excelente gama de atores que vão de Daryl Hana a Michael Madsen, com personagens no mínimo excêntricos.

KILL BILL é histórico e incansável de assistir. Aliás, tudo que Tarantino faz tem essa característica. Fazia tempo que queria fazer esse review porque filme é algo eterno e que não tem idade e mesmo completando quase 10 anos de seu lançamento, essa saga ainda continua atual e um ícone a ser seguido. E se preparem, pois em 2014 ele prometeu Kill Bill Volume 3.







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sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Planeta dos Macacos - A Origem



NOTA: 9


Desde o ano passado vem se tornando uma tendência o relançamento de sagas famosas ao invés de prolongá-las com mais seqüências cansativas e sem criatividade (como foi com Piratas do Caribe 4). E essa atitude vem colhendo bons frutos, dando a oportunidade de corrigir eventuais erros de seus filmes antecessores, adaptá-los à tecnologia atual, aprofundar o conhecimento sobre sua história e até mesmo mudar o desfecho do que já havíamos visto no passado. E Planeta dos Macacos - A Origem vem pra confirmar que essa é uma ótima abordagem para ser explorada, pois junto com X-Men – Primeira Classe, talvez seja o filme que proporciona as melhores discussões e reflexões ao sair da sessão de cinema nesse ano, apresentando nossa sociedade que na sede de evoluir cada vez mais, acabou encontrando sua extinção.

Em Planeta dos Macacos – A Origem, James Franco interpreta um neurocientista que desenvolveu um vírus para combater o mal de Alzheimer. Sua invenção é testada em macacos que desenvolviam uma inteligência acima do normal. Após um acidente em seu laboratório, todas as suas cobaias morrem à exceção de um chimpanzé, César, que possui praticamente todas as habilidades humanas, a ponto de acreditar ser um. Tomando conhecimento de que é um ser diferente e alimentando um sentimento de completa decepção e desprezo com a raça humana, César reúne outros macacos e decide formar sua própria civilização.



O roteiro, assinado pela dupla Rick Jaffa e Amanda Silver, se alterna entre momentos brilhantes e outros nada criativos e em alguns casos desnecessários. A namorada de James Franco, por exemplo, não tem qualquer função na história. E soa no mínimo ridículo ela se revoltar em descobrir que César possuía todas as suas habilidades em função de um vírus, sendo que era evidente que ele não poderia ter nascido assim. Além disso, acho condenável essa fórmula clichê onde o Homem se condena pela sua ambição de evoluir quebrando paradigmas, como se isso fosse algo prejudicial, quando na verdade esse desejo insaciável de crescer foi o principal fator de termos nos tornado a espécie dominante da Terra.

Porém acerta em cheio na comparação que faz entre as duas espécies, homens e macacos, e sua evidente troca de papéis no longa. Enquanto os humanos desenvolvem um vírus com objetivos puramente comerciais ou torturam os animais apenas por tédio, os macacos aprendem pouco a pouco a se entender, se unir e se desenvolver em sociedade diante de sua condição de vítimas, criando um senso de “humanidade” tão elevado a ponto de César proibir seus iguais de matar qualquer pessoa, mesmo que estas estivessem os perseguindo, caçando e em alguns casos, matando. Seu objetivo era unicamente conviver em paz com seus pares. Ou seja, nós, de tão evoluídos nos tornamos cegos e fomos a razão de nossa decadência, e não os macacos apenas por terem ganho um pouco mais de inteligência.



Mas esse bom argumento do roteiro talvez não conseguisse imprimir o mesmo impacto no público se não fosse a competente direção de Rupert Wyatt que busca não deixar de modo algum visualmente latente a diferença entre homens e macacos, empregando em seu filme a mesma tecnologia em efeitos especiais utilizada em Avatar. César não é totalmente criado em computador, ele é interpretado por Andy Sarkis (o mesmo ator que viveu Gollum na trilogia Senhor dos Anéis) cuja aparência é transformada na do símio. E o exagero nas piruetas e malabarismos do protagonista dirigidas por Rupert podem até conter um certo excesso de vaidade, mas não dá pra negar que seu talento em fazer tudo aquilo parecer real e verossímil é sensacional. E esse mesmo cuidado com a perfeição pode ser estendida aos outros babuínos que embora em ora sejam animais de verdade, nos momentos de ação são todos digitais, com seu corpo e movimentos impecavelmente bem trabalhados pela equipe de computação gráfica.

Como um todo, Planeta dos Macacos – A Origem não chega a ser brilhante por conter uma série de pequenas falhas e elementos desnecessários, além de ficar ainda aquém de seus antecessores. Mas apenas pelo fato de reiniciar tão bem uma saga histórica e propor um bom exercício de reflexão sobre a condição humana, merece muito mérito. Sendo assim, prefiro ser otimista e criticar pouco dessa vez. Que venham mais relançamentos, o próximo é o Homem Aranha.

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sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Rei Leão é relançado em 3D nos cinemas

Depois de Os Smurfs, mais um filme para as crianças grandes curtirem nos cinemas e matar as saudades de Simba, Timão, Pumba e seus amigos.

A Disney lançou nesta sexta nos cinemas de todo o mundo a versão remasterizada e em 3D desse que é um dos seus maiores clássicos (e o meu favorito).

Curtam o trailer e não percam porque é demais!!

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Lanterna Verde



NOTA: 2


Confesso que desde que começou a se falar de Lanterna Verde duvidava que seria um bom filme. Não por algum aspecto especial, mas tão somente porque esse é um gênero que vem se tornando extremamente cansativo e, a exceção de O Homem de Ferro e Batman, não traz absolutamente nada de novo ao público, recorrendo quase sempre ao excesso de efeitos especiais para maquiar sua má qualidade. Mas ainda assim não esperava que Lanterna Verde conseguiria ser tão ruim assim, a ponto de superar Transformers 3 como um dos piores filmes do ano.

Em Lanterna Verde, Hal Jordan (Ryan Reynolds) é um piloto ousado e irresponsável da força aérea americana que recebe de um alienígena moribundo um poderoso anel verde que lhe confere poderes inimagináveis. Descobrindo outros guardiões com poderes semelhantes aos seus num planeta chamado Oa, Hal precisa se preparar para defender a Terra da ameaça de Pallanx, um monstro amarelo que se alimenta do medo e pretende destruir todo o universo, começando por nós.

A lista de problemas e defeitos de Lanterna Verde é enorme, mas aqui vou me concentrar em dois deles: o design de produção e o roteiro.

A concepção do planeta Oa, uma espécie de QG dos lanternas verdes, é de péssimo gosto. É escuro e possui um aspecto que gira entre o pré-histórico e o apocalíptico. E o mais curioso é que os guerreiros se gabam de serem mais inteligentes que os humanos, mas pelo menos nos quesitos arquitetura e bom gosto, ponto pra gente. Na verdade, chega a desanimar saber que a paz no universo depende daquele planeta que parece que já foi destruído há tempos. Além disso, outros elementos são inseridos sem nenhum propósito, como aquela espécie de bateria que Hal Jordan recebe junto com seu anel, que literalmente recarrega seus poderes. Eu ficava me perguntando: o que aconteceria se durante uma batalha a “bateria” do anel simplesmente acabasse? E os efeitos especiais são terríveis, de todas as vezes em que citei até hoje seu uso para disfarçar um mau filme, nunca o fato foi tão latente quanto aqui. Ruim em qualidade e imaginação. Inventar uma catapulta verde pra dar um contra ataque? Salvar um helicóptero da queda transformando-o num autorama?


Escrito pelo trio Greg Berlanti, Marc Guggenhein e Michael Green, o roteiro se mostra perdido e com uma séria dificuldade em criar uma trama realmente envolvente. É exposto um trauma de infância de Jordan relacionado à morte de seu pai num acidente aéreo, mas isso nada implica na história e por mais que se tente mostrar como isso o afeta, tal tentativa não funciona em nenhum momento. Até porque é um contra senso ficar traumatizado em ver o pai morrer num avião e se tornar um piloto quando adulto. Além disso, a falta de criatividade em criar uma boa trama é tão evidente que fazem com que o trio apele para algo até então inédito nesse gênero: o herói indo agradecer sua vítima por tê-la salvo. Ahn? É isso mesmo, o Lanterna Verde vai à casa de sua amada, Carol (Blake Liverly), para agradecer por tê-la salvo, apenas para fazer uma ponte para aproximar o casal, numa cena que termina numa briga confusa e sem propósito.

O único ponto forte de Lanterna Verde (e o que garantiu seus 2 pontos na nota) é a boa atuação de Ryan Reynolds no papel do herói. Uma escolha muito bem acertada, pois ele consegue sempre em seus trabalhos dosar muito bem os momentos de seriedade e humor de seus personagens. Assim como Tony Stark em O Homem de Ferro, seu Hal Jordan ao mesmo tempo em que mostra estar apto para assumir tamanha responsabilidade que seus poderes lhe conferem, imprime com ótimo humor e até com certo carisma seus pontos fracos, como a ousadia inconseqüente às vezes e sua queda pela ex-namorada.


Diferente dele, Peter Sarsgaard, um excelente ator, decepciona com um Hector Hammond que não exerce praticamente nenhuma função na história. E se por um lado, o trabalho de maquiagem feito nele é espetacular, por outro nunca fica claro se sua maldade é conseqüência de seus problemas pessoais – a indiferença do pai, a recusa de Carol – ou se é proveniente de um tímido desejo de poder e pessimismo em relação a humanidade.

Finalizando, o bom de Lanterna Verde é servir de exemplo de como o gênero herói precisa ser repensado, pois em 10 anos foi extremamente explorado, porém pouco inovado. Façamos as contas: 3 Homem Aranha, 3 Transformers, 2 Batman, 2 Hulk, 2 Homem de Ferro, Thor, Capitão América, Demolidor, Elektra, Wolverine, Motoqueiro Fantasma e por aí vai. Nesses 18 títulos tentem encontrar alguma diferença realmente relevante entre eles. A exceção dos uniformes dos personagens e de Batman e Homem Ferro, duvido que encontrarão alguma coisa. Chegou a hora de mudar!

IMPORTANTE: Há uma cena após os créditos que revelam uma provável continuação ao longa.

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terça-feira, 16 de agosto de 2011

Smurfs



NOTA: 8


As vezes ser crítico é uma tarefa não muito grata, porque não podemos deixar nossas emoções falar mais alto e devemos analisar um filme sempre de um modo frio. Isso é ruim quando gostamos do que vemos, mas temos que falar mal. Já aconteceu comigo diversas vezes, mas nunca me chateou tanto quanto agora com Smurfs que gostei muito, muito mesmo - um misto de satisfação e nostalgia - mas nem por isso posso deixar de apontar seus pontos negativos que são poucos, mas existem e me impediram de dar um 10 ao longa.

Numa pequena vila medieval escondida no meio da floresta, vivem em casas em forma de cogumelos os Smurfs, criaturinhas azuis do tamanho de três maçãs que vivem em perfeita paz e harmonia, governados pelo sábio e generoso Papai Smurf. Mais longe, na mesma floresta vivem o gato Cruel e o bruxo Gargamel, que tenta de todas as maneiras capturar os Smurfs para utilizá-los numa poção que lhe daria poderes absolutos. Numa de suas tentativas de capturá-los, um portal para a Terra se abre e Papai Smurf e mais cinco de seus filhos (Desastrado, Arrojado, Gênio, Ranzinza e Smurfette) vem parar no nosso mundo e enquanto buscam um modo de voltar pra casa também tem que fugir de Gargamel que nem nesse novo local desistiu de pegá-los.

Vou falar rápido do que achei negativo pra ir logo pro que é interessante.

O mais incômodo foi ver um ótimo e envolvente roteiro no primeiro ato, que basicamente se passava na vila dos Smurfs, se tornar óbvio e nada criativo quando eles chegam a Nova Iorque. Assim que chegam lá eles conhecem um publicitário que é o típico cara bondoso que sofre a pressão de uma chefe exploradora e egoísta. E fica mais óbvio ainda quando no seu ceticismo na criação de uma campanha para um cosmético ele é iluminado por um conselho do Papai Smurf que aposto que você “nunca” viu no cinema: “Você não deve pensar com a cabeça, mas sim com o coração.” É um conselho revolucionário que eu apenas vi em todos os filmes que já passaram na Sessão da Tarde até hoje. Obrigado Papai Smurf, você mudou minha vida.


A parte chata acabou, vamos falar do que é bom. E o que é muito bom e não pode ser deixado de falar são os efeitos especiais que conseguiram reproduzir de forma tão fiel os Smurfs com seu desenho. Me refiro não só ao aspecto físico, como também nos trejeitos de cada um. Além disso seu 3D é ótimo, trabalhando em boa dosagem a profundidade de campo e objetos saindo da tela. Uma tempestade de folhas logo no início do filme parecia vir da poltrona de cada espectador.

Nesse tipo de filme é comum não serem feitas grandes contratações para o elenco. Afinal, para as crianças não faz muita diferença se o protagonista é o Brad Pitt ou o José da Silva. Isso acaba sendo ruim porque as atuações geralmente costumam ser muito fracas. E embora Smurfs também não conte com nenhuma celebridade, é impossível não tirar o chapéu para atuação impecável de Hank Azala como Gargamel, desde a minúcia nos detalhes na construção do personagem, até sua linguagem facial e corporal bem fiéis ao desenho. Achei ele o personagem mais engraçado, especialmente nos dois momentos em que se depara com a fumaça saindo de um bueiro e passa por elas magistralmente, por imaginar que aquilo era a entrada triunfal que todo bruxo merecia.

E eu nunca vi um filme infantil atrair tanta criança grande pro cinema. Na sessão que fui não havia ninguém com menos de 18 anos. É nessas horas que essa arte se mostra tão mágica, permitindo até mesmo que adultos resgatem, mesmo que só por duas horas, as alegrias e os bons momentos da infância. Só por essa razão, Smurf já merece aplauso. Vi e estou louco pra ver de novo. O Ranzinza não quer ver porque ele odeia cinema, os Smurfs, eu, você e tudo o mais.

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sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Charlie Chaplin ensina a fazer a barba

Cena memorável de O Grande Ditador onde Chaplin, ou melhor, Carlitos, faz a barba de um cliente ao som da Dança Húngara nº5 de Brahms.

Vejam o quão impecável ficou a sincronia da música com a performance do ator. Coisa de gênio.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Sai primeiro trailer de Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge


Caiu na rede ontem o primeiro trailer do terceiro filme da nova série do Batman.

O trailer é dublado e embora não muito extenso, nos permite ter uma boa idéia do caos que se instaurou em Gotham City após o exílio auto imposto pelo homem morcego no final do segundo filme.

Nele vemos o agente Gordon com a saúde bastante debilitada numa maca de hospoital implorando o retorno do herói à ativa.


Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge será lançado em julho de 2012 e traz novamente Cristopher Nolan na direção e Christian Bale vivendo o herói.

Thor



Nota: 6


Eu nunca li qualquer quadrinho sobre o herói Thor, na verdade o único contato que tive com o deus foi em livros sobre mitologia nórdica. Digo isso, porque talvez fique um pouco travado para escrever sobre o filme, sem saber exatamente o que de fato tinha a ver com os quadrinhos e o que foi inventado.

E também sempre quando eu assisto uma adaptação e comento com alguém minha opinião, me deparo com a mesma conversa: "É que você não leu o livro (quadrinho no caso), porque o livro é bem melhor." Acho esse um dos argumentos mais sem fundamento para defender uma idéia. Primeiro porque independente da qualidade de um livro, um filme tem que valer por si só e não depender de outros meios pra se fazer entender. Segundo porque no mínimo a essência da história é preservada, e se até nisso um filme é ruim, é porque talvez o problema se extenda ao livro (caso de toda a saga Crepúsculo).

Mas voltando ao assunto...Em Thor, o deus do trovão que habita o mundo de Aasgard está prestes a assumir o reino do pai, Odin, quando numa artimanha de seu irmão Loki, desobedece uma ordem real e como castigo é banido para a Terra, deixando o caminho livre para o irmão assumir o poder.

O problema de Thor não é o filme como um todo, mas sim alguns elementos que o tornam entediante e sobre alguns aspectos beirando ao ridículo.

A começar pelo seu design de produção que cria uma Aasgard que até dói a vista de tão dourada, onde só faltam os habitantes serem feitos de ouro. Soa irreal até mesmo para um mundo de fantasia, sua concepção é brega e de um mal gosto sem par.

Outra coisa que deixa muito a desejar (e com a tecnologia de hoje é um erro grave) são seus efeitos especiais totalmente amadores. E isso é facilmente notado logo de início na cena em que Thor e seus amigos fogem de uma fera num mundo de gelo ou quando já na terra enfrentam o monstro Destruidor, que diga-se de passagem é idêntico ao robô de O Dia Em que a Terra Parou.

E há o desapontamento de haver apenas duas cenas de ação num longa que devia sua existência basicamente a isso. Ainda assim, nas duas a sensação do combate nos é tirada com enquadramentos bastante fechados e cortes constantes.



Mas nem tudo é tristeza. As atuações de um modo geral foram boas, e surpreendeu muito o protagonista na concepção de Thor que embora valente e até um pouco arrogante, não deixa de mostrar um bom coração. E claro, Natalie Portman que está sempre bem, embora seja difícil ela superar sua atuação em Cisne Negro. E gostei muito de Anthony Hopkins que criou um Odin bem ao perfil do rei sábio, porém com uma simplicidade e rapidez de raciocínio que pouco se vê nesse tipo de personagem, a ver pela cena onde o castelo é invadido e num desejo de retaliação de Thor, ele com poucas palavras (poucas mesmo) resolve toda a questão.

Independente de ter ou não sido igual aos quadrinhos, Thor acaba cumprindo sua função como um bom filme de entretenimento e nada mais do que isso. E como foram deixadas pontas para continuações, é aguardar para ver se o que vem pela frente corrigirá as falhas deste primeiro.

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quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Capitão América - O Primeiro Vingador



NOTA: 4

Eis que finalmente chega às telas o último filme baseado nos quadrinhos da Marvel (que dentre outros teve Homem de Ferro, Hulk e Thor) antes que o audacioso projeto Os Vingadores – que pretende reunir todos eles num único filme – se concretize em 2012. Porém, embora com toda essa audácia reforçada com um ótimo planejamento de marketing é muito difícil imaginar sua grandiosidade, tendo em vista que de todos esses filmes introdutórios, apenas O Homem de Ferro possa ser considerado bom, muito mais em virtude de seu protagonista Tony Stark (vivido brilhantemente por Robert Downey Jr) do que por qualquer outro aspecto técnico. E Capitão América, o último episódio dessa extensa introdução veio pra reforçar ainda mais essa dúvida. Saí da sala achando de todos os projetos da Marvel no cinema aquele era sem dúvida o pior. Mas daí me lembraram que fizeram Hulk 1 e 2.

Num EUA em plena 2ª Guerra Mundial, Steve Rogers (Chris Evans) é um americano magricela e fraco, mas que mesmo assim não se deixa intimidar pela sua fragilidade e não corre de nenhum perigo. Rejeitado diversas vezes pelo alistamento do exército americano, ele finalmente chama a atenção do cientista militar Dr. Erskine (Stanley Tucci) que o convida para participar de um experimento que potencializaria todas as células de seu corpo, em especial as musculares, através da injeção de um composto químico (alguma relação com anabolizantes?!). Agora o fortão Steve, ou melhor, Capitão América, precisa deter o Caveira Vermelha (Hugo Weaving), um general nazista que pretende dominar o mundo e que sofreu a mesma experiência que seu algoz, embora no seu caso ela não tenha sido tão bem sucedida.

Com um dos piores roteiros que já vi, assinado pela dupla Stephen McFeely e Cristopher Marcus, a história é carregada de elementos dramáticos fraquíssimos, com diálogos ruins, uma frieza nas emoções e a tentativa frustrada de formar um par romântico. Quando Dr. Erskine pergunta a Steve se este estava pronto pra matar nazistas, ele simplesmente responde: “Não quero machucar ninguém.” E se alista mesmo assim. Ora, pra que a insistência em se alistar no exército então? E quando o mundo está prestes a acabar e você só tem uma chance de salvá-lo, o que faz? Bom, o Capitão América preferiu fazer uma pausa para dar um beijo em Peggy, “tudo a ver”. Além disso, há a cena dele fazendo um show patético e constrangedor para arrecadar fundos, feita apenas para render alguns minutos a mais de filme sem acrescentar nada no seu desenvolvimento.

A direção de Joe Johson também é ineficaz, com uma edição que tira quase toda a ação, com sucessivos cortes rápidos e um enquadramento fechado que dificultava a visão dos personagens. Há também questões que ficam sem conclusão. No início, Caveira Vermelha parecia bastante preocupado em saber que havia alguém como ele, daí a determinação em querer eliminá-lo. Mas parece que ele simplesmente abandona o projeto, sem nenhum motivo aparente. Talvez porque ele não tenha notado nenhuma ameaça no herói, uma vez que esse dependia de um exército enorme pra agir.

Mas nem tudo são espinhos! Os efeitos especiais são ótimos, em especial aquele em que coloca Chris Evans num corpo franzino, a mesma tecnologia utilizada em O Curioso Caso de Benjamin Button com Brad Pitt. Os figurinos também estão impecáveis, em especial do Capitão América. Por fim, temos a oportunidade de ver todas as histórias dos filmes anteriores irem se ligando e ficando mais coerentes. Por exemplo, aquela célula de energia que Tony Stark utiliza no peito na verdade vem do planeta de Thor e foi capturada pelo pai dele, Howard Stark, que tem uma importante participação nas proezas do Capitão América.

O saldo positivo de Capitão América é justamente esse fato de amarrar todos os outros filmes no mesmo contexto, já deixando o espectador preparado para Os Vingadores, abrindo mão da necessidade de explicações cansativas e chatas. Agora é esperar até ano que vem pra ver o resultado dessa empreitada e ser otimista. Pois vamos precisar.

IMPORTANTE: Fiquem nos cinemas até o fim dos créditos. Tem um vídeo surpresa interessante.


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quinta-feira, 21 de julho de 2011

Harry Potter e As Relíquias da Morte - Parte 2


NOTA: 8


Em 2001 eu era apenas um colegial que jamais pensava em um dia se dedicar ao cinema. Na época haviam duas sagas que eram sensação e que também geravam rivalidades: Harry Potter e Senhor dos Anéis. Assim como no futebol, os adeptos de uma defendiam sua superioridade e se empenhavam em denegrir sua concorrente. Eu era fã de Senhor dos Anéis e era uma dessas pessoas. Tanto que fui ao cinema assistir ao primeiro Harry Potter com total desinteresse, apenas buscando um entretenimento barato. Me surpreendi no primeiro filme, mas meu orgulho me dizia – com razão - que O Senhor dos Anéis seria melhor. No ano seguinte, nova surpresa e assim também foi em 2003.




O problema é que a partir de 2004 não tinha mais Senhor dos Anéis e não havia nada para me ancorar. Resultado? Assim como milhões de pessoas no mundo, me rendi às graças das aventuras do jovem bruxo e seus amigos em Hogwarts.

E o motivo dessa introdução é mostrar como 10 anos e 7 filmes depois essa saga esteve tão presente e cresceu junto com tantas pessoas, e realizou um feito que acredito que não será mais visto: em todo esse tempo, com todos esses filmes manterem um alto padrão de qualidade e uma total entrega e devoção de sua equipe, principalmente de seu elenco que só teve uma mudança em função da morte de um dos atores. Evidente que nem todos os episódios foram perfeitos, mas é impossível dizer que algum deles foi ruim.

HARRY POTTER E AS RELÍQUIAS DA MORTE – PARTE 2 tem início exatamente no ponto em que sua primeira parte encerrou, ou seja, quando Voldemort rouba a varinha mágica do túmulo de Dumbledore, acertado em não inserir introduções desnecessárias. Agora, todas as pontas que ficaram soltas ao longo de 10 anos finalmente são amarradas: segredos são revelados e o destino de Harry e seu algoz Voldemort finalmente tem seu desfecho.



Porém, essa segunda parte serviu para deixar claro o quanto foi desnecessária e até prejudicial quebrar As Relíquias da Morte em duas partes. Enquanto na primeira (leia a crítica aqui) havia uma boa dosagem de ritmo no desenrolar da história, não sendo excessivamente eufórica ou monótona, a segunda parte é extremamente corrida pra que tudo seja esclarecido em duas horas. Era perfeitamente plausível fazer um único filme mais longo e manter uma uniformidade.

E essa mudança não se limita apenas ao ritmo. As atuações se tornam mais frias e os coadjuvantes acabam por chamar mais a atenção que seus protagonistas, em especial Severo Snape (Alan Rickman) que na trama revela o porquê de todas as ambigüidades de suas ações e encerra sua participação se mostrando o personagem mais intrigante e interessante de toda a saga. E o trio principal, Harry (Daniel Redclif), Hermione (Emma Stone) e Ron (Rupert Grint) que inquestionavelmente evoluíram muito em suas atuações ao longo dos anos, ficam muito aquém do filme antecessor, onde foram brilhantes.

E mesmo com o tão esperado confronto Harry x Voldemort ser decepcionante em função de sua brevidade, o filme no geral é bom. O diretor David Yattes conseguiu trazer pra realidade um universo tão fantasioso como o da magia, algo que parecia impossível. Não tem como distinguir a guerra final entre os alunos de Hogwarts e os seguidores de Voldemort de qualquer outro confronto do mundo real que se vê nos cinemas, e é igualmente acertada a carga de dor e de perda que ele impõe, deixando mais do que claro que aquele mundo evoluiu e não é mais aquela surpresa e fantasia de A Pedra Filosofal, evolução essa que Yattes também evidencia na fotografia que no último episódio é praticamente inteira em tons de cinza, mostrando a opressão e tristeza em que Hogwarts mergulhou em comparação àquela sobrecarregada de cores distintas e vivas do primeiro episódio em que a escola de magia vivia um momento de alegria e prosperidade.

Mas, independente de um tropeço ou outro e no erro em dividir em dois o filme, Harry Potter e as Relíquias da Morte 2 encerra a saga mantendo a excelente qualidade de seus filmes mostrando o que sucesso não depende só de bilheteria mas sim da busca da perfeição e respeito ao público, além de deixar ótimas contribuições ao cinema, em especial nos efeitos especiais e técnicas de roteiro. Porém, ACABOU! O jeito agora é ver e rever os DVD’s e aproveitar a parte 2 no cinema dessa saga que assim como Senhor dos Anéis, virou referência e vai deixar saudades. Toma essa e aprende saga CREPÚSCULO!

 
 
Confira os trailers (legendados)