sábado, 4 de setembro de 2010

Karatê Kid – Mais que um remake, uma homenagem a um clássico



NOTA: 9

Hoje em dia fazer um remake de qualquer filme, em especial um de grande sucesso é algo muito arriscado. As chances de tudo dar errado é muito grande. Seja por incapacidade técnica ou pela nostalgia do público, os remakes tendem a ser rejeitados e costumam passar em branco. E se fazer um já é algo difícil, relançar uma série consagrada torna-se algo praticamente impossível de dar certo. Porém, pra tudo há exceção e é essa a felicidade que temos ao assistir o relançamento da série Karatê Kid de Harald Zwart.

O que parecia impossível melhorar, melhorou. E muito! Zwart se mostrou eficiente nesse filme em não decepcionar os fãs da série e atrair quem é jovem demais pra ter acompanhado a versão antiga.

Seguindo basicamente a história anterior, em Kung Fu K...quer dizer, em Karatê Kid, Dre (Jaden Smith) é um jovem americano de 12 anos que se muda com a mãe para a China após ela ser transferida do trabalho. Chegando lá ele se apaixona pela jovem Mei e imediatamente vira rival de Cheng, um jovem que domina impecavelmente a arte do kung fu. Dre vira vítima constante de bulling (palavra em moda) até que o zelador de seu prédio, Mr Han (Jackie Chan) o salva de uma agressão e começa a treiná-lo para lutar. Fora o kung fu, não contei nenhuma novidade.


Harald Zwart se preocupou em não só mostrar a história de Dre, como também a realidade de uma China que vive atualmente um embate entre manter suas tradições e se posicionar como uma potência agressiva do mundo globalizado. Nessa nova China, o povo não quer mais aprender com a derrota, ele simplesmente não a aceita mais. No filme isso fica claro quando se vê um professor de piano que nunca está satisfeito com o desempenho Mei e um mestre do kung fu, Li, ensinando seus alunos não uma arte marcial, mas uma arma para massacrar inimigos sem piedade, sem fraqueza e sem dor.


E se por um lado o roteiro é desnecessariamente extenso e não surpreende por ser praticamente idêntico ao original, por outro, o modo como foram feitas verdadeiras homenagens a série com certeza agradarão muito os marmanjos de hoje e marcar a memória dos novos fãs. A todas as peculiaridades do original foram feitas referências: os treinos aparentemente estranhos e sem sentido, o golpe final de Dre etc. E quem espera com isso praticamente rever um filme de 20 anos atrás vai se surpreender muito no modo como Zwart originalmente “copiou” a série.


Embora haja ua divergência de opiniões sobre o assunto, achei que foram acertadas as cenas de luta que são extremamente bem filmadas e coreografadas, sendo muito próximas de um combate real, chegando a alguns momentos questionarmos se não foram de fato. E interessante é que foram muito bem dosadas a ponto do filme permanecer no gênero drama e não virar um filme de aventura. É claro que é um pouco estranho ver crianças brigando desse jeito, mas pelo menos pra mim o filme ficaria muito infantilizado se essas cenas fossem feitas de outro modo.

Em relação aos atores, Karate Kid não teria sido tão bom assim não fosse uma atuação mirim surpreendente de Jaden Smith, vivendo um Dre que expressa muito bem sua dor e sua vontade de superação, mostrando uma maturidade incrível quando necessário. Muito melhor do que um Ralph Macchio com seu Daniel Sam maricas e chorão.

E por uma ironia do destino a melhor atuação de Jackie Chan se dá justamente num filme onde ele não dá um único golpe sequer. Aliás há uma cena muito interessante onde ele derrota uma série de garotos apenas se defendendo e se esquivando. Seu personagem, Mr Han carrega a dor e o sofrimento em seu semblante notáveis a quilômetros de distância, sendo muito valorizados pelo seu figurino e maquiagem. Na cena em que o sofrimento que o atormenta é enfim revelado, Jackie e Jaden têm um diálogo comovente que no mínimo faz os olhos marejarem.


Como tudo que é mais arriscado de fazer, quando dá certo o resultado é muito mais gratificante. Humildade, auto-descoberta, o respeito e valor à amizade e sobretudo, a essência dos outros quatro filmes da série foram preservados nesse, e isso o fez ser tão bom. Arrisco dizer que essa nova versão é melhor do que a antiga. Não acreditam? Então na dúvida, confiram.


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