sexta-feira, 5 de abril de 2013

Os Croods


 NOTA: 10

Os Croods talvez seja a animação mais adulta feita pela Dreamworks até hoje. Durante quase toda sua duração, a história apresenta de modo brilhante, reflexivo e, como toda boa animação, divertido como a superproteção e o temor do desconhecido pode prejudicar nosso desenvolvimento e até mesmo nossa razão de viver. Ainda mais inteligente é expor esse debate em meio a uma família de neandertais, mostrando o quanto esse medo é um retrocesso que poderia nos manter até hoje estagnados naquele estágio evolutivo.

Na animação, os Croods são uma família pré-histórica que passa a maior parte do tempo trancados numa pequena caverna pelo seu patriarca, Grug, que vê tudo o que há fora dela como um perigo iminente, evitando assim o contato com qualquer coisa que fuja de sua rotina maçante. Contudo, sua filha Eep, questiona o medo excessivo do pai e anseia para ver o que há no mundo além de sua caverna. Certo dia ela conhece Guy, um jovem a frente de seu tempo que a alerta sobre o fim do mundo que se aproxima. Quando o suposto fim chega, Grug, Eep, Guy e toda a família Crood se vê obrigada a deixar sua tão segura moradia e partir numa jornada de descoberta (e autodescoberta) onde tudo é novo e desconhecido, para encontrarem um novo lar.

Abordando mais uma vez temas como o medo do desconhecido, a abertura para novas possibilidades e conflitos de gerações, o diretor/roteirista Chris Sanders supera seu excelente trabalho em Como Treinar Seu Dragão, conseguindo ser ainda mais exuberante em seu aspecto criativo e ainda mais inteligente na sua narrativa.

Com uma qualidade impecável no design de produção, com cenários que nada deixam a desejar em relação a locações reais, Sanders vai além criando personagens não só bem desenvolvidos tecnicamente (a cena da caça ao ovo em família não deixa dúvidas disso), como ricamente complexos em seus dramas. Seus personagens são tão ricos que ele consegue inserir uma série de conflitos na história sem precisar de nenhum antagonista. O único “vilão” são os medos e o excesso de cautela de Grug. Mas quando paramos pra pensar que a única razão dele agir assim é exatamente seu senso protetor falamos mais alto, vemos que não há como culpa-lo, pelo contrário, ele fica ainda mais carismático.

E interessante também é ver que o personagem que abre os olhos da família (Guy) e os tira da caverna (para a alegria de Sócrates) é um jovem que manuseia o fogo. Uma metáfora do novo suplantando o velho, portando logo o fogo que é o símbolo mítico da nossa evolução.

E apesar de ficar em segundo plano, um personagem que me chamou bastante atenção foi o garoto Thunk. Incapaz de tomar uma única decisão sozinho, Thunk declaradamente depende das ordens ora de seu pai, ora de Guy para fazer qualquer coisa. A riqueza desse personagem é exatamente a representação da massa alienada da população que ora segue os ideais de um, ora os de outro, mas nunca desenvolve seus próprios ideais, atitudes e opiniões.

Por fim, Os Croods, como citado acima, é de uma maturidade tão grande que é quase impossível conter as lágrimas no altruísmo legítimo de Grug, indo contra todos os seus princípios justamente para proteger aqueles que lhe são tão caros e ainda por cima consolando Guy, quando este, no controle da situação vê seu mundo ruir próximo do final da história. Assim, Sanders mostra que apesar da evolução ser inevitável, nunca podemos ignorar a experiência de vida.

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