sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Planeta dos Macacos - A Origem



NOTA: 9


Desde o ano passado vem se tornando uma tendência o relançamento de sagas famosas ao invés de prolongá-las com mais seqüências cansativas e sem criatividade (como foi com Piratas do Caribe 4). E essa atitude vem colhendo bons frutos, dando a oportunidade de corrigir eventuais erros de seus filmes antecessores, adaptá-los à tecnologia atual, aprofundar o conhecimento sobre sua história e até mesmo mudar o desfecho do que já havíamos visto no passado. E Planeta dos Macacos - A Origem vem pra confirmar que essa é uma ótima abordagem para ser explorada, pois junto com X-Men – Primeira Classe, talvez seja o filme que proporciona as melhores discussões e reflexões ao sair da sessão de cinema nesse ano, apresentando nossa sociedade que na sede de evoluir cada vez mais, acabou encontrando sua extinção.

Em Planeta dos Macacos – A Origem, James Franco interpreta um neurocientista que desenvolveu um vírus para combater o mal de Alzheimer. Sua invenção é testada em macacos que desenvolviam uma inteligência acima do normal. Após um acidente em seu laboratório, todas as suas cobaias morrem à exceção de um chimpanzé, César, que possui praticamente todas as habilidades humanas, a ponto de acreditar ser um. Tomando conhecimento de que é um ser diferente e alimentando um sentimento de completa decepção e desprezo com a raça humana, César reúne outros macacos e decide formar sua própria civilização.



O roteiro, assinado pela dupla Rick Jaffa e Amanda Silver, se alterna entre momentos brilhantes e outros nada criativos e em alguns casos desnecessários. A namorada de James Franco, por exemplo, não tem qualquer função na história. E soa no mínimo ridículo ela se revoltar em descobrir que César possuía todas as suas habilidades em função de um vírus, sendo que era evidente que ele não poderia ter nascido assim. Além disso, acho condenável essa fórmula clichê onde o Homem se condena pela sua ambição de evoluir quebrando paradigmas, como se isso fosse algo prejudicial, quando na verdade esse desejo insaciável de crescer foi o principal fator de termos nos tornado a espécie dominante da Terra.

Porém acerta em cheio na comparação que faz entre as duas espécies, homens e macacos, e sua evidente troca de papéis no longa. Enquanto os humanos desenvolvem um vírus com objetivos puramente comerciais ou torturam os animais apenas por tédio, os macacos aprendem pouco a pouco a se entender, se unir e se desenvolver em sociedade diante de sua condição de vítimas, criando um senso de “humanidade” tão elevado a ponto de César proibir seus iguais de matar qualquer pessoa, mesmo que estas estivessem os perseguindo, caçando e em alguns casos, matando. Seu objetivo era unicamente conviver em paz com seus pares. Ou seja, nós, de tão evoluídos nos tornamos cegos e fomos a razão de nossa decadência, e não os macacos apenas por terem ganho um pouco mais de inteligência.



Mas esse bom argumento do roteiro talvez não conseguisse imprimir o mesmo impacto no público se não fosse a competente direção de Rupert Wyatt que busca não deixar de modo algum visualmente latente a diferença entre homens e macacos, empregando em seu filme a mesma tecnologia em efeitos especiais utilizada em Avatar. César não é totalmente criado em computador, ele é interpretado por Andy Sarkis (o mesmo ator que viveu Gollum na trilogia Senhor dos Anéis) cuja aparência é transformada na do símio. E o exagero nas piruetas e malabarismos do protagonista dirigidas por Rupert podem até conter um certo excesso de vaidade, mas não dá pra negar que seu talento em fazer tudo aquilo parecer real e verossímil é sensacional. E esse mesmo cuidado com a perfeição pode ser estendida aos outros babuínos que embora em ora sejam animais de verdade, nos momentos de ação são todos digitais, com seu corpo e movimentos impecavelmente bem trabalhados pela equipe de computação gráfica.

Como um todo, Planeta dos Macacos – A Origem não chega a ser brilhante por conter uma série de pequenas falhas e elementos desnecessários, além de ficar ainda aquém de seus antecessores. Mas apenas pelo fato de reiniciar tão bem uma saga histórica e propor um bom exercício de reflexão sobre a condição humana, merece muito mérito. Sendo assim, prefiro ser otimista e criticar pouco dessa vez. Que venham mais relançamentos, o próximo é o Homem Aranha.

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