segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Gigantes de Aço



NOTA: 8


Existem filmes que são tão marcantes que provocam na gente algo que eu chamo de Efeito Chaves, que acontece quando o prazer em ver a obra é tão grande que, assim como no seriado do SBT, você pode assistir mil vezes e ainda ter aquela sensação de estar assistindo pela primeira. Um dos títulos que mais provocam esse efeito é Rocky, Um Lutador, filme que revelou Stallone, numa extraordinária e surpreendente história de superação tomando como temática o universo do boxe. E é surpreendentemente agradável poder 35 anos depois assistir Gigantes de Aço fazer uma ótima homenagem a esse eterno filme, adaptando de forma brilhante o mundo da robótica com o do pugilismo.

Em Gigantes de Aço, num futuro não muito distante (2020) o boxe como conhecemos foi extinto pela ascensão do MMA que atraia muito mais público e investimento. Porém, o esporte passou a ser praticado por gigantescos robôs controlados por controle remoto e que garantem um verdadeiro espetáculo de destruição. Charlie é um ex-pugilista que participa de lutas clandestinas de robôs e está completamente endividado. Quando é obrigado a passar o verão com o filho que havia abandonado, Max, a dupla em constante atrito descobre um antigo e fraco modelo de robô, Atom, e começam uma jornada de auto-descoberta e muitas batalhas para desafiarem o imbatível e assustador campeão mundial: Zeus.



O mais interessante de Gigantes de Aço é a incrível capacidade do design de produção em conceber um futuro que, embora mais desenvolvido que o presente, não está tão distante da nossa realidade. Não foi feito o apelo óbvio em encher a tela de carros voando ou roupas com néon para mostrar o avanço no tempo. Apenas celulares, computadores e carros um pouco mais avançados que os nossos, mas tudo dentro do esperado. Apesar de parecer teoricamente simples, essa foi uma opção bastante ousada se levar em conta o quanto recorrem a tentação de fazer o óbvio hoje em dia. Até mesmo os robôs são concebidos de modo aceitável e não extrapolando com o aspecto exacerbado que serve apenas como mero efeito pirotécnico, como é o caso de todos os robôs da trilogia Transformers.

Além disso, aquela técnica dos constantes cortes em cenas de ação que passam apenas a sensação do que acontece e não o que há de fato é completamente descartada pela edição que não deixa o público perder um movimento sequer das lutas, fazendo o uso de cortes secos apenas quando estes são necessários pra dar movimento a cena. Mas com certeza isso não seria possível se não fosse o ótimo trabalho da equipe de efeitos especiais na construção meticulosa da estrutura e nos movimentos de cada robô, inclusive conseguindo realizar o feito de conferir sentimentos numa máquina apenas lhe dando um par de olhos azuis tristonhos. Prova desse foco nos detalhes são os movimentos quase imperceptíveis que Atom faz quando imita seu dono movendo a cabeça, ou triviais como tomando refrigerante.



E a boa química entre a dupla de protagonistas, Hugh Jackman e Dakota Goyo, conferem um excelente peso na trama da relação entre pai e filho, conseguindo emocionar o espectador que esperava ver apenas a pancadaria entre as máquinas.

O longa só peca em alguns detalhes do roteiro como não deixar muito clara a frustração de Charlie com sua carreira de boxeador sem sucesso e seu romance com Bailey (Evangeline Lilly) totalmente desnecessário a narrativa.

Ademais, Gigantes de Aço faz uma excelente referência futurística a um subgênero praticamente inventado por Silvester Stallone, criando um robô que assim como Rocky era um azarão que com muita determinação e força de vontade (obviamente me referindo a dupla Charlie e Max e não a uma máquina) não baixa a cabeça para os piores desafios, mostrando com muita garra seu valor, provando que até a mais frágil criatura pode conquistar seus objetivos quando acredita fielmente neles. Será que esse será mais um exemplo de Efeito Chaves?

CONFIRA O TRAILER

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