quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Lanterna Verde



NOTA: 2


Confesso que desde que começou a se falar de Lanterna Verde duvidava que seria um bom filme. Não por algum aspecto especial, mas tão somente porque esse é um gênero que vem se tornando extremamente cansativo e, a exceção de O Homem de Ferro e Batman, não traz absolutamente nada de novo ao público, recorrendo quase sempre ao excesso de efeitos especiais para maquiar sua má qualidade. Mas ainda assim não esperava que Lanterna Verde conseguiria ser tão ruim assim, a ponto de superar Transformers 3 como um dos piores filmes do ano.

Em Lanterna Verde, Hal Jordan (Ryan Reynolds) é um piloto ousado e irresponsável da força aérea americana que recebe de um alienígena moribundo um poderoso anel verde que lhe confere poderes inimagináveis. Descobrindo outros guardiões com poderes semelhantes aos seus num planeta chamado Oa, Hal precisa se preparar para defender a Terra da ameaça de Pallanx, um monstro amarelo que se alimenta do medo e pretende destruir todo o universo, começando por nós.

A lista de problemas e defeitos de Lanterna Verde é enorme, mas aqui vou me concentrar em dois deles: o design de produção e o roteiro.

A concepção do planeta Oa, uma espécie de QG dos lanternas verdes, é de péssimo gosto. É escuro e possui um aspecto que gira entre o pré-histórico e o apocalíptico. E o mais curioso é que os guerreiros se gabam de serem mais inteligentes que os humanos, mas pelo menos nos quesitos arquitetura e bom gosto, ponto pra gente. Na verdade, chega a desanimar saber que a paz no universo depende daquele planeta que parece que já foi destruído há tempos. Além disso, outros elementos são inseridos sem nenhum propósito, como aquela espécie de bateria que Hal Jordan recebe junto com seu anel, que literalmente recarrega seus poderes. Eu ficava me perguntando: o que aconteceria se durante uma batalha a “bateria” do anel simplesmente acabasse? E os efeitos especiais são terríveis, de todas as vezes em que citei até hoje seu uso para disfarçar um mau filme, nunca o fato foi tão latente quanto aqui. Ruim em qualidade e imaginação. Inventar uma catapulta verde pra dar um contra ataque? Salvar um helicóptero da queda transformando-o num autorama?


Escrito pelo trio Greg Berlanti, Marc Guggenhein e Michael Green, o roteiro se mostra perdido e com uma séria dificuldade em criar uma trama realmente envolvente. É exposto um trauma de infância de Jordan relacionado à morte de seu pai num acidente aéreo, mas isso nada implica na história e por mais que se tente mostrar como isso o afeta, tal tentativa não funciona em nenhum momento. Até porque é um contra senso ficar traumatizado em ver o pai morrer num avião e se tornar um piloto quando adulto. Além disso, a falta de criatividade em criar uma boa trama é tão evidente que fazem com que o trio apele para algo até então inédito nesse gênero: o herói indo agradecer sua vítima por tê-la salvo. Ahn? É isso mesmo, o Lanterna Verde vai à casa de sua amada, Carol (Blake Liverly), para agradecer por tê-la salvo, apenas para fazer uma ponte para aproximar o casal, numa cena que termina numa briga confusa e sem propósito.

O único ponto forte de Lanterna Verde (e o que garantiu seus 2 pontos na nota) é a boa atuação de Ryan Reynolds no papel do herói. Uma escolha muito bem acertada, pois ele consegue sempre em seus trabalhos dosar muito bem os momentos de seriedade e humor de seus personagens. Assim como Tony Stark em O Homem de Ferro, seu Hal Jordan ao mesmo tempo em que mostra estar apto para assumir tamanha responsabilidade que seus poderes lhe conferem, imprime com ótimo humor e até com certo carisma seus pontos fracos, como a ousadia inconseqüente às vezes e sua queda pela ex-namorada.


Diferente dele, Peter Sarsgaard, um excelente ator, decepciona com um Hector Hammond que não exerce praticamente nenhuma função na história. E se por um lado, o trabalho de maquiagem feito nele é espetacular, por outro nunca fica claro se sua maldade é conseqüência de seus problemas pessoais – a indiferença do pai, a recusa de Carol – ou se é proveniente de um tímido desejo de poder e pessimismo em relação a humanidade.

Finalizando, o bom de Lanterna Verde é servir de exemplo de como o gênero herói precisa ser repensado, pois em 10 anos foi extremamente explorado, porém pouco inovado. Façamos as contas: 3 Homem Aranha, 3 Transformers, 2 Batman, 2 Hulk, 2 Homem de Ferro, Thor, Capitão América, Demolidor, Elektra, Wolverine, Motoqueiro Fantasma e por aí vai. Nesses 18 títulos tentem encontrar alguma diferença realmente relevante entre eles. A exceção dos uniformes dos personagens e de Batman e Homem Ferro, duvido que encontrarão alguma coisa. Chegou a hora de mudar!

IMPORTANTE: Há uma cena após os créditos que revelam uma provável continuação ao longa.

CONFIRA O TRAILER



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