quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

A Rede Social – o cinema adicionado ao Facebook


NOTA: 10


Confesso que fiquei embasbacado com minha última ida ao cinema.

Tudo bem que já vinha lendo nas críticas que A Rede Social era um dos grandes filmes do ano e um dos fortes concorrentes ao Oscar 2011. Mas sequer me passou pela cabeça que quando o apontavam como ótimo, ele o era sobre todos os aspectos.
É realmente espetacular o casamento perfeito entre direção, roteiro, fotografia e casting do filme. E o melhor foi transformar uma história aparentemente não muito interessante numa obra-prima que dá vontade de assistir muitas vezes.
Em A Rede Social, David Fincher (Seven, O Curioso Caso de Benjamin Button) traz às telas a história de Mark Zuckerberg, um jovem gênio dos computadores que após levar um fora da namorada, cria, pra se vingar, um site onde é possível votar nas garotas mais bonitas da faculdade (incluindo sua atual ex). Espantado com a quantidade recorde de visitas de sua página, Mark decide ir além e inspirado na idéia inicial dos gêmeos aristocratas Tyler e Cameron Winklevoss, cria aos 19 anos de idade em parceria com seu amigo brasileiro, Eduardo Saverin, o que viria a ser a rede social mais popular do mundo: o Facebook.

Em paralelo a essa história que muitos já conhecem, acompanhamos outras duas um pouco mais obscuras. Na verdade boa parte da história é contada em duas disputas judiciais pelos direitos da rede: um movido pelos irmãos Winklevoss sobre a alegação de roubo de propriedade intelectual e outro movido pelo seu melhor amigo, Eduardo, brigando pelo seu quinhão que lhe fora tomado do Facebook.

Primeiramente achei que foi muito bem acertado desconstruir o mito que se fazia sobre Zuckerberg. Embora gênio incontestável, é interessante como o criador da maior rede de amizades do mundo não consiga fazer um amigo sequer na vida real, ao contrário, afastando todos que estão próximos e sendo muito bem definido por uma das personagens em poucas falas: “você não é um babaca, mas faz de tudo pra parecer um”. Além disso, fica claro que quem de fato idealizou o Facebook (de um modo bastante precário) foram mesmo os Winklevoss; e é muito triste saber que Mark traiu friamente Eduardo em busca de poder sendo este quem mais batalhou pelo sucesso do site e o único verdadeiro amigo que possuía. Isso é tão evidente que mesmo rivais nos tribunais, o embaraço que ambos sentem ao se acusarem, a ponto de falarem de costas um pro outro, mostra que apesar de todo o ocorrido um ainda sente profunda admiração pelo outro e desejo de aproximação.

Para dar a tudo sua merecida atenção precisaria de muitas e muitas páginas para discorrer. Como tal coisa não é possível, vou ressaltar apenas uma das muitas perfeições que vi: o elenco.
Parecia que todos haviam nascido para aqueles papéis. Jesse Eisenberg, o novo Woody Allen, consegue criar um Mark Zuckerberg fechado em seu mundo com a mesma expressão quase todo o filme e que parece não querer que ninguém entre em sua vida. Isso talvez para que sua fragilidade e solidão não sejam descobertas. Além disso, seu jeito de falar, sempre rápido e extremamente coerente em seus raciocínios exigiram um grande trabalho do ator.

Andrew Garfield com seu Eduardo já na sua primeira aparição carrega consigo a ternura em sua expressão, sempre pronto a se dedicar a seu amigo não importando o quão louco suas idéias possam parecer.E antes do triste desfecho entre ambos não paramos de nos perguntar: o que poderia levar dois amigos tão próximos se digladiarem desse modo?

E por fim, embora na minha opinião sem nada muito relevante no universo musical, Justin Timberlake impressiona com eu Sean Parker (sim, o cara que criou o Napster e hoje um dos donos do Facebook) que ao mesmo tempo em que é promissor na sua visão dos negócios, é igualmente insano consumido pelas drogas e por sua mania de acreditar que está sendo sempre perseguido.

Fazia alguns meses que não ficava tão empolgado desse jeito ao sair do cinema. Mas A Rede Social realmente tem esse efeito sobre a gente. E inspira ao vermos que não há idade pra se chegar ao topo do mundo. No caso de Zuckerberg foi preciso apenas 19 anos.

sábado, 4 de dezembro de 2010

Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte 1


NOTA: 9


Particularmente nunca me atraiu nenhum filme que envolvesse magia, magos, bruxas e afins. Não que isso tudo não seja interessante. Mas que perde toda graça uma história onde tudo se resolve com feitiços, raios e varinhas mágicas. Não há emoção nenhuma, tudo fica fácil demais. Imagine nosso cotidiano desse jeito? Um carro importado num estalar de dedos; uma maleta cheia de dólares numa palavra mágica. Você conhece alguém que tem tudo isso desse modo? Se sim, me apresente porque estou precisando de alguns favores.

Mas tudo que escrevi acima com certeza não se aplica a saga Harry Potter. E o mais novo lançamento, As Relíquias da Morte, são uma perfeita mostra de exercício de estilo. O modo como a magia é trabalhada cuidadosamente ao longo de toda trama sem prejudicar seu desfecho, conflitos e o drama de seus personagens é algo raríssimo num gênero que geralmente é constituído de roteiros preguiçosos e alienantes.

Nunca li os livros da série e a cada filme que sai prefiro continuar assim, porque é muito gratificante se encher de expectativas e ter elas todas atendidas na tela. Embora não tão fã da série como sou de O Senhor dos Anéis, não dá pra negar que sou um grande admirador de todos os filmes do Harry Potter sobre muitos aspectos: desde um elenco juvenil que vive em função de seus personagens até detalhes como uma impecável direção de arte.

Na primeira parte do sétimo episódio, vemos o poder de Valdemort e seus seguidores crescer de modo ilimitado exceto pelo fato de seu algoz permanecer vivo. Harry, a única esperança de salvação, vive no isolamento com seus amigos, agindo praticamente na marginalidade para destruir Valdemort e restabelecer a paz. Um caminho parece ter sido apontado: destruir todas as Hercrox (pedaços da alma de Valdemort presos em pequenas relíquias) para assim poder enfrentar e destruir seu vilão. Ainda assim não sendo tarefa fácil, Harry e seus amigos vão a busca das Relíquias Sagradas, três poderosas armas que podem auxiliá-lo no combate.

Por ter sido dividido em duas partes, é evidente que uma série de buracos ficaram na narrativa, como o destino dos amigos de Harry que ficaram no casamento enfrentando os Comensais da Morte. Porém, não me estenderei muito debatendo seu roteiro por crer que obviamente tudo será esclarecido em sua sequencia. Já a direção sempre foi unilateral: tirava o fôlego nos momentos de ação e suspense, mas em compensação caia numa morosidade entediante nas demais cenas.

Contudo, ao meu ver, há dois grandes trunfos que tornam o Harry Potter uma obra perfeita. A primeira se dúvida nenhuma são seus espetaculares efeitos especiais que de tão meticulosamente trabalhados se firmam de um modo naquele mundo de em nenhum momento sua veracidade é questionável. Cito como exemplo os dois elfos fazem algumas pontas no filme e que é impossível não dizer que são reais mesmo.

O outro grande trunfo, obviamente, é a dedicação de seu elenco que permaneceu unido e se entregando aos seus personagens por quase 10 anos. E isso vai desde seus protagonistas aé seus personagens secundários. É muito mais fácil desse modo gerar identidade e afinidade com o público, mas é igualmente difícil manter um elenco deste tamanho unido por tanto tempo. É um trabalho que por si só já é digno de aplauso.

Filmes de magia, magos e bruxa realmente são muito chatos e desinteressantes,sendo uma muito bem vinda exceção toda a saga Harry Potter que ao mesmo tempo que deixa todo mundo ansioso pra saber seu desfecho ano que vem, também deixa triste por saber que é uma despedida. Mas que valeu a pena a espera por cada filme.

Senna – Homenagem mais que merecida a um ídolo


NOTA: 10


Quem não se lembra das tardes de domingo onde nos reuníamos para assistir as corridas, ou melhor, os verdadeiros espetáculos que Ayrton Senna dava nas pistas do mundo todo? Dos pegas com Alain Prost? Das vitórias impossíveis? E da dor da perda?

Bom, infelizmente nosso ídolo foi embora pra sempre e nada podemos fazer para mudar isso. Mas para os milhões de fãs de Senna, como quem vos escreve, temos a possibilidade de matar a saudades e conhecer um pouco mais de sua vida 16 anos após sua morte no documentário homônimo de Asif Kapadialo.

Nesse maravilhoso filme, Asif conta a história do atleta desde o final de sua carreira vitoriosa no kart, quando ainda era um adolescente franzino, até a corrida que culminou na sua morte no circuito de Ímola em 1° de maio de 1994.

Com uma aprofundada pesquisa de arquivo, Asif consegue dar igual proporção a todas as fases da vida de Senna: seu início promissor na F1, suas brigas dentro e fora das pistas com Proust, o início do declínio etc. Assim, ele não se perdeu enfatizando demais determinado momento e ofuscando outros não tão brilhantes, porém igualmente importantes, como a corrida onde ele literalmente atira seu carro contra Proust para tirá-lo da pista e conquistar um título sem nenhuma glória.

O Senna que nos é apresentado, além daquele bom moço humilde que conhecemos, é o de um verdadeiro leão nas pistas que enfrenta tudo e todos (até mesmo o presidente da FIA) para vencer. Injustiçado em diversas ocasiões, como na patética corrida de Suzuka em 89, Senna sempre teve que provar com talento e não com influências sua capacidade de vencer.

Achei muito acertado manter todos os depoimentos ao longo do filme (incluindo os de Reginaldo Leme) em voice over enquanto assistíamos ao que vinha sendo narrado, não quebrando o ritmo da narrativa com cortes em pessoas que muitos nem conhecem. Além disso, todos depoimentos somaram muito e não ficaram apenas preenchendo espaço. O mais tocante é sem dúvida o do chefe da equipe médica da F1 Sid Watkins que tinha uma relação de mútuo respeito com o piloto.
E o que mais chama a atenção é o ar dramático que Asif impôs no documentário. Todos sabíamos o que ia acontecer em cada momento, mas ainda assim ficamos apreensivos nas disputas acirradas em suas corridas e rezando pra que nada acontecesse em San Marino.
Aliás San Marino é um desfecho cuidadosamente trabalhado onde vemos desde início o perigo que a cercava (o acidente gravíssimo do Rubinho, a morte de um piloto no dia seguinte). A tensão nos olhos d Senna era notável a quilômetros. Mas ainda assim a prova foi realizada e terminou em tragédia.

Ao mesmo tempo que é muito gratificante esse reencontro, ainda que frio, com Ayrton Senna, é igualmente triste saber que nunca mais teremos um ídolo como ele não só no Brasil, mas arrisco dizer no mundo todo. O jeito é se contentar com o documentário e se emocionar muito, porque realmente mexe xom os sentimentos até dos mais fortes.

sábado, 13 de novembro de 2010

Crítica: Um Parto de Viagem



NOTA: 7

Nos últimos anos, Hollywood abraçou um diretor que trouxe muitas mudanças, pra melhor, no gênero comédia. O humor no cinema até bem pouco tempo era algo previsível, exagerado e tinha sempre as mesmas figuriras marcadas, mas tudo mudou após Todd Phillips começar a ganhar respeito como diretor com verdadeiros sucessos como Starky e Hutch, Escola de Idiotas e o excelente Se Beber Não Case.

E ele repete a dose em Um Parto de Viagem, seu novo filme que estreou na última sexta-feira, estrelado por Robert Downey Jr e Zach Galifanakis.

Na comédia, Downey Jr é Peter Highman, um arquiteto que está numa viagem na costa leste dos EUA planejando o retorno pra casa, na costa oeste, para assistir ao parto de seu primeiro filho. Ele só não contava encontrar no caminho um ator pouco promissor e atrapalhado, Ethan, que o coloca numa cadeia de enrascadas ao longo da viagem.
Com a assinatura clara de Todd, o filme não possui um roteiro muito privilegiado, porém conta com uma originalidade absurda sempre muito presente em seus filmesr. Nada é óbvio, todos os acontecimentos surpreendem e alguns são tão malucos que é até difícil descrever. Num mesmo filme vemos o filho mais novo de uma atraente traficante sendo surrado, um cão se masturbando, cinzas que viram café, o México sendo confundido com Texaco e mil coisas mais que se eu escrever vão dar um nó enorme na cabeça ou tirar toda a graça de assistir.

O grande destaque fica por conta da atuação desse meteoro em ascensão que é Zach Galifanakis. Embora já tenha sido perfeito em Se Beber Não Case, aqui ele traz seu Ethan como um ator frustrado pelo sucesso que não alcançou, mas que se convence de que ainda é capaz, e para reforçar isso mente pra si mesmo sua idade e seu nome. Ele é totalmente alheio ao seu mundo, desastrado, porém um encanto, um desses amigos únicos que temos. É tão encantador que não dá pra entender como alguém não gostaria dele. É nele que Todd insere uma de suas principais características: os adultos da geração X que não conseguem se desvincular de muitos traços de sua infância. Ethan vive com seu cachorrinho, sempre precisa fazer “pipi” e por muitos momentos age como uma verdadeira criança.

Em contraponto, Robert Downey Jr decepciona, interpretando um personagem arrogante e antipático, muito diferente de seus dois últimos personagens (Tony Stark e Sherlock Holmes) que tinham o humor e o sarcasmo em seu sangue. Peter é tão frio que por muitas vezes Downey tenta inseri-lo no universo da comédia, mas não consegue.

Embora num desempenho ruim em sua atuação, boa parte do que é prejudicial ao filme sem qualquer sombra de dívida vem de seu roteiro que não evolui muito na trama. Embora cheio de surpresas que farão muitos rir, a história em si é muito pouco trabalhada. Além disso, a primeira frase de Peter já revela seu final aos mais atentos.

Mas independente do roteiro ruim e da atuação idem de Downey Jr, Um Parto de Viagem continua sendo uma obra que vem pra mudar a linguagem das comédias. Os filmes de Todd ainda não são perfeitos e nem possuem uma linguagem única, mas vem sendo ótimos filmes de transição dentro desse gênero quase falido.

Atração Perigosa


NOTA: 8


Que Ben Affleck nunca foi um bom ator, isso nunca foi novidade para ninguém. O que não dava pra entender é porque alguém que tinha tanto talento atrás das câmeras – vale lembrar que ele estreou no cinema ganhando um Oscar pelo roteiro de O Gênio Indomável – insistia em seguir um caminho que claramente não era o seu.



O resultado disso foi o óbvio: nem mesmo um rosto bonito o manteve famoso por muito tempo e pouco a pouco Affleck foi caindo no esquecimento. Ele chegou a dar um pequeno sopro de vida ao estrear na direção de Medo da Verdade. Porém o que parecia um retorno, não emplacou e ele continuou permanecendo no esquecimento.
E quando já nem se falava mais seu nome, eis que ele surge dirigindo um dos melhores filmes do ano até o momento. Tudo bem, ele ainda é o protagonista, mas mesmo assim faz questão de dar o devido espaço para todo o excelente elenco do filme, sem tentar roubar a cena.
Em Atração Perigosa, Ben Affleck interpreta o líder de um grupo de quatro assaltantes de bancos do bairro de Charlestown na periferia de Boston. Mas isso não quer dizer que os quatro são amadores, pois logo no início, Affleck narra em off de modo impecável como seu trabalho exige profissionalismo como qualquer outro. E o melhor é que acompanhamos tudo de perto enquanto narra.

E essa primeira cena é realmente um dos pontos altos do filme: é lá que boa parte dos personagens são apresentados e a rapidez e precisão como tudo acontece já nos faz mergulhar de cara no universo proposto. É lá também que conhecemos Claire, personagem de Rebbeca Hall, uma gerente de banco que já surge numa cena dramática que só bons atores conseguem fazer.
A partir desse assalto, o grupo suspeita que Claire possa ter visto o rosto de um deles e ficam na dúvida entre o que fazer com ela, principalmente quando descobrem que ela vive perto deles. Affleck decide se aproximar para descobrir algo e nisso se apaixona loucamente, assim como Claire que desconhece sua verdadeira identidade.

Enquanto vive seu romance, ele vive o conflito entre o amor e sua profissão, esconder do restante do bando seus sentimentos, fugir da polícia que está na sua cola e conter seu comparsa que parece a todo o tempo estar de cabeça quente.




Embora o romance entre Claire e Affleck seja o mote história, o roteiro o favoreceu muito pouco ao longo do filme, a ponto de alguns momentos parecer até de certa forma desnecessário. A preferência foi dar maior ênfase a vida do grupo de bandidos e os conflitos internos do protagonista. Não que isso seja ruim, ao contrário, é igualmente bom, mas faltou dar a atenção necessária ao desenvolvimento da história.

O que mais chama atenção mesmo são os personagens e os excelentes atores que os interpretam. Desde o pouco habituado ao cinema Jon Hamm, com seu agente sedento por justiça a ponto de atropelá-la se for o caso (a cena de sua primeira prisão é impressionante) até o delinqüente e sangue quente Coughly, interpretado pelo indicado ao Oscar Jeremy Renner, e quem pra mim é o grande destaque de Atração Perigosa, especialmente na cena em que é pego que muito lembra Fogo Contra Fogo.

Atração Perigosa vem como um filme policial eletrizante do início ao fim e cheio de conteúdo que prende nossa atenção com toda a certeza. Uma excelente mostra da habilidade de Ben Affleck atrás das câmeras, da qual não duvido que receba ao menos uma indicação ao Oscar.
CONFIRA O TRAILER (legendado)

Atividade Paranormal 2


NOTA: 4

Não faz tanto tempo assim, Atividade Paranormal chegou aos cinemas e de cara se tornou um sucesso no mundo todo e revolucionário sobre vários aspectos como seu baixíssimo orçamento, bilheteria escandalosamente alta, sua câmera subjetiva, a originalidade de seu roteiro e uma linguagem adotada que a meu ver é a melhor para o gênero terror: nada é mostrado, tudo é sugerido, cabendo a nós criar a trama.

Sem dúvida, o filme de Oren Peli se consagrou como uma obra-prima da sétima arte. E dizem que uma obra-prima não deve ser tocada. Entrementes, com seu histórico nas bilheterias era mais do que evidente que mais hora, menos hora teríamos uma sequencia. E veio mais rápido do que se esperava.

Pois é, mas não é que o feitiço virou contra o feiticeiro. O que fez do primeiro longa tão original foi repetido no segundo e se tornou cansativo, óbvio e totalmente previsível. Até porque essa nova história basicamente tem o mesmo roteiro que a primeira, inclusive acontecendo na mesma família, porém ocorre num alguns meses antes dos acontecimentos do primeiro filme.

Agora, conhecemos Kristi, irmã de Kate e que acaba de ter um bebê com Daniel. Acompanhamos suas vidas a partir do momento em que chegam à nova casa num bairro de classe média alta. Após alguns dias morando no local, a família se depara certo dia com a casa toda revirada, com móveis e eletrônicos quebrados, porém sem nenhum furto. Crendo terem sido vítimas de um ato de vandalismo, eles instalam câmeras de circuito interno por toda a casa e é a partir delas que acompanhamos a rotina da família e percebemos que coisas estranhas e assustadoras acontecem no local.

Os sustos são os mesmos. Na verdade acho que fica tudo piorado porque as cenas que antes assustavam exatamente pela velocidade relâmpago e imprevisibilidade que aconteciam, agora são estendidas a ponto de até nos adaptarmos a elas e esquecê-las, como quando Kristi é arrastada pela escada várias vezes.
E até mesmo a tentativa de explicar o motivo desse demônio assombrar a família de Kristi soa forçado e se torna desnecessário (e eu nem vou comentar o ritual pra se livrar dele porque é ridículo) uma vez que ninguém precisou dela para apreciar o primeiro filme.
Os atores ajudam a construir uma narrativa mais eficiente agindo como devem agir: pessoas comuns no seu cotidiano que nem sempre é tão empolgante. E mais uma vez, embora este recurso vem começando a se tornar viciado, a câmera subjetiva dá seu peso na construção da narrativa.


A meu ver, realmente a grande falha de Atividade Paranormal 2 é mesmo seu roteiro preguiçoso e pouco criativo. A dificuldade de criar coisas novas foi tanta que pra conseguir fazer com que o filme rendesse 90 minutos foi preciso espaçar e muito uma cena de susto da outra, não gerando nenhuma tensão no espectador, ao contrário, conseguiu gerar apenas tédio em algumas oportunidades.

Talvez de ego inflado com seu primeiro sucesso, Oren Peli acreditou que era só repetir a mesma fórmula para repetir seu sucesso. Uma pena! Espero que tenha aprendido a lição para uma próxima oportunidade, pois o que está feito, está feito!


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terça-feira, 9 de novembro de 2010

Tropa de Elite 2 – A Repetição de um sucesso



NOTA: 10


Valeu a pena esperar! Valeu a pena tanto suspense sobre o Tropa de Elite 2! O resultado foi podermos conferir a partir da última sexta um dos maiores filmes do ano.

Com um roteiro guardado a sete chaves até seu lançamento, a história se passa nos dias atuais, pouco mais de 10 anos depois do primeiro filme. O hoje Coronel Nascimento é transferido do BOPE para a Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro, após uma ação desastrosa em Bangu 1. Lá, ele vê uma chance única de acabar com o tráfico, mas não imaginava que o verdadeiro inimigo era outro: os políticos corruptos e a própria PM com seu grupo de extermínio dominando as favelas. A partir de então Nascimento chama novamente para si a responsabilidade de ‘quebrar o sistema’ mesmo virando alvo dele.
O mais incrível de tudo é ver que o diretor José Padilha aproveitou muito pouco do primeiro filme, fazendo quase um filme à parte e não uma seqüência, ainda assim conseguindo criar novamente um sucesso que já caiu nas graças do público. Sobre um aspecto, Tropa de Elite 2 é quase uma obra shakespeariana: é extremamente crítica e reflexiva para os que apreciam mais o conteúdo, e incrivelmente empolgante, tirando o fôlego para quem prefere a forma.

Seu roteiro foi meticulosamente trabalhado para que não fosse praticamente um filme de ação como o anterior. Tropa de Elite 2 é multifacetado e mais abrangente. Se antes os principais temas a serem discutidos eram o tráfico de drogas e a violência exacerbada de um grupo específico da polícia, agora Braulio Mantovani inseriu outras discussões atuais e de interesse de toda a sociedade: a corrupção na política e de quem mais deveria nos proteger, a polícia; os dramas pessoais de um homem sempre duro (Nascimento) focado em seu dever, pagando o preço do afastamento da família dentre outros muitos dramas secundários.

Antes um filme quase documental, agora uma superprodução, Padilha o recheou com cenas de ação muito mais elaboradas, diálogos melhores escritos e uma trilha sonora impecável. Resultado do sucesso anterior e uma verba de produção muito maior atualmente (R$ 14 milhões). Talvez choque muitos o excesso de veracidade de algumas cenas, por exemplo quando dois corpos são queimados para eliminar provas, mas ainda assim a profundidade que são trabalhados seus temas e a reflexão que nos obriga a ter, fazem com que cenas assim sejam essenciais na construção de seu raciocínio.


E claro que novamente o sucesso se deve em boa parte pelo seu brilhante elenco. Wagner Moura é mais uma vez estupendo na construção de seu personagem: já mais velho, cansado, tentando conciliar a vida pessoal e profissional, Nascimento é um homem que ainda luta contra um sistema corrupto, mas começa a dar mostras de estar sendo vencido pelo mesmo. André Ramiro trabalhou muito bem também na evolução do Sargento Mathias de um homem pacífico a uma dura máquina de guerra.

E quem chama muita atenção na trama é um novo personagem, o Fraga, interpretado por Irandhir Santos, um humanista que se elege deputado que é quem junto ao Coronel Nascimento, ao seu modo, nos obriga a questionar o quão errado está esse sistema e como nos tornamos refém dele.

São tantas coisas a se falar de um filme só que precisaria de páginas e mais páginas para concluir. Mas posso adiantar o que mais gostei no filme: sua frase inicial que dizia algo como “Por mais que coincida com a vida real, este filme é apenas uma obra de ficção”. Acredito que com ela nada mais precise ser dito. É assistir (no cinema de preferência) e tirar suas conclusões.
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sábado, 9 de outubro de 2010

Wall Street - O Dinheiro Nunca Dorme


NOTA: 8


Em 1987 uma notícia abalou o mundo financeiro americano. Não, não foi nenhuma queda da bolsa asiática ou a desvalorização da moeda que preocuparam os executivos dos EUA. Foi o lançamento do então novo filme de Oliver Stone: Wall Street – Poder e Cobiça.
O título já deixa claro o porquê do calafrio, mas aqui vai uma melhor explicação: Stone deixou escancarado ao mundo e aos americanos tão seguros de sua economia o quanto a mesma é esdruxulamente manipulada por uma mínima parcela de executivos sedentos de dinheiro – sintetizada na frase de Gordon Gekko “Ganância é boa.” - que em nenhum momento pensam no benefício de seu país, o que fazem de bem e quando o fazem é consequência apenas da visão de seus próprios interesses.

Por mais catastrófico que o filme possa ter sido, não conseguiu se firmar na mente da população tão pouco ligada à economia. A época em que foi lançado não permitiu. Mas hoje em dia o novo Wall Street – O Dinheiro Nunca Dorme tira um grande benefício no timing e no tema de uma recente e colossal crise financeira mundial.

Novamente dirigido pelo mestre Oliver Stone, a seqüência se inicia apresentando o antes inabalável e poderoso Gordon Gekko, agora velho e derrotado no seu último dia na cadeia, após cumprir uma pena de 9 anos de prisão por movimentar o mercado sobre falsa informação.Ainda assim, ele aparenta estar revigorado e disposto a combater o mercado que ajudou a criar ironizando em seu livro a própria frase “Ganância é boa?” e sendo uma espécie de profeta do apocalipse prevendo o estouro da bolha imobiliária anos antes de seu acontecimento em 2008 gerando a famosa crise.
Em paralelo, há a história do jovem executivo de sucesso Jake (Shia LeBouf) que vive junto e pretende se casar com Winnie (Carrey Mulligan) que coincidentemente é filha de Gekko. Ela sente um ódio enorme do pai, culpando-o pela morte do irmão drogado. Mas em dado momento, por puro interesse, Jake se aproxima de seu sogro procurando auxílio para enriquecer e derrubar um adversário, prometendo em troca aproximar pai e filha.

Seu excelente roteiro com certeza não se deve a essa trama paralela bastante água com açúcar, mas sim a uma espécie de bastidores de como tudo aconteceu em 2008. Alguns poucos poderosos banqueiros decidem o futuro econômico do mundo numa mesa, visando apenas seus lucros. É tão simples que chega a parecer ridículo, mas foi assim. E não podia ter alguém melhor do que Josh Brolin para interpretar um vilão (se é que podemos chamar assim) prepotente, cruel e seguro de si. Aliás as atuações em geral são um ponto forte de Wall Street. Até mesmo a aparição relâmpago de Charlie Sheen é intensa, mostrando o quanto ele acabou cedendo à ganância ao longo dos anos.

O mais interessante é como Oliver deixa evidente, sem parecer forçado, o como nossa economia é frágil: há uma cena que toda a economia da empresa de Bretton (Brolin) parece ruir a partir de uma pequena fofoca que se espalha instantaneamente de Jake, ou seja, tudo é especulação nesse mundo.

Quem rouba a cena é mesmo Michael Douglas com seu Gekko que nos deixa o tempo todo com um pé atrás com total razão. A cena em que ele sai às compras após dar um golpe na própria filha parece a de um vilão dos quadrinhos vestindo seu uniforme.
Em 2010 Oliver Stone conseguiu causar mais um abalo no mundo financeiro com seu novo longa escancarando o mercado financeiro com sua cruel cobiça e ingênua fragilidade. Mas dessa vez o momento o ajudou. Agora é torcer para que se houver uma seqüência, seja apenas de ficção.


CONFIRA O TRAILER (legendado)


domingo, 3 de outubro de 2010

O Último Exorcismo – Tinha tudo para ser perfeito


NOTA: 7

É realmente triste quando fica evidente que a arte é afetada pelo mercado. Embora no cinema isso seja, infelizmente, necessário devido ao seu alto custo de produção e distribuição, é muito melhor quando somos levados a acreditar que tudo o que assistimos ocorreu do modo como o diretor quis, sem nenhuma interferência dos barões da sétima arte.

Para a tristeza dos cinéfilos, O Último Exorcismo é um caso mais do que escancarado disso. Um filme que tinha tudo pra ser uma obra-prima polêmica se deixa levar pelo desejo de lotar salas e agradar ao público que gosta de tudo mastigado como nas novelas.


No longa, que começa abruptamente para dar mais peso a realidade que propõe, o reverendo Marcus Cotton é um homem prodígio desacreditado de sua fé e que durante uma entrevista a um programa de TV (provavelmente universitário pela qualidade semelhante a Bruxa de Blair) procura revelar a fraude em que se opera sua religião e como ela e outras manipulam a ingenuidade de seus fiéis. Durante a entrevista ele comenta o motivo que o levou a descrer da fé: uma tentativa frustrada de exorcismo de um colega que resultou na morte de uma criança, posteriormente seguida da abertura de uma escola de exorcismo pelo Vaticano. Determinado a provar que possessões demoníacas não existem e que não só ele, como muitas religiões enganam seus fiéis, Cotton leva a equipe do programa a uma fazenda no interior onde Louis pede socorro alegando que sua filha Nell está possuída por um demônio.


É aí que o filme fica extremamente interessante. Cotton mostra detalhadamente como se opera a fraude. Desde a falsa preocupação ao procurar saber da situação espiritual da suposta vítima, até o uso de pequenos truques para convencer de que aquilo era sério, fazendo uma bacia d’água ferver subitamente. E por aí vai. No momento do exorcismo todo um teatro é montado no quarto de Nell: linhas invisíveis que moviam objetos; um dispositivo que fazia sair fumaça da cruz como se essa pegasse fogo etc. Sem contar que há uma cena inacreditavelmente bem elaborada no início do longa onde Cotton prega uma receita de bolo no seu culto e seus fiéis alienados gritam”aleluia”.

A partir daí, tudo perde o interesse. Prevendo a insatisfação da platéia ao ver que tudo fora uma fraude, o diretor fez questão de trabalhar num roteiro que queria mostrar que Cotton podia estar enganado e que Nell podia estar realmente possuída, pois logo depois do exorcismo ela parece estar sedenta de sangue e morte. Daí se segue aquelas cenas de sustos salientadas em câmeras subjetivas e avisadas pela trilha sonora já bastante manjadas ultimamente. Desse momento em diante O Último Exorcismo perde tudo de interessante que havia construído até então. Principalmente quando vai na contramão de seu início mostrando os créditos finais, onde fica claro que tudo não passou de ficção. Algo totalmente contraditório ao filme todo.

Independente de tudo, O Último Exorcismo de certa forma consegue provar o que quis defender: que a religião pode ser uma arma poderosíssima se operada pelas pessoas erradas e cheias de cobiça. Além de deixar escancarado o quanto nos deixamos facilmente nos enganarmos por esses lobos em peles de ovelha. Seria perfeito se acabasse seguindo essa linha, mas infelizmente vem sempre aquela preocupação com o mercado, o lucro etc.




CONFIRA O TRAILER (legendado)


sábado, 2 de outubro de 2010

Resident Evil 4 – A mesmice e sempre



NOTA: 4


É até difícil escrever uma crítica de um filme que parece ser idêntico em todas as suas sequencias. O novo Resident Evil é idêntico aos outros três, tanto que eu poderia contar o filme todo aqui e ainda não estragar a graça de vê-lo nas telas. Quem já viu algum, já viu todos.

No filme mais uma vez Alice (Milla Jovovich) tenta livrar o mundo da Corporação Umbrella e seus zumbis. E tudo já começa de um modo muito pouco compreensível. O quarto episódio começa de certa forma em plena continuidade com o terceiro, onde Alice leva seus clones para o Japão para tentar destruir a Coporação Umbrella e seu líder (que possui uns óculos escuros que parecem estar grudados em seus rosto). Mas o que parecia ser todo o mote do filme dura menos que 10 minutos: todos seus clones são mortos sem realizar seu objetivo final.

A cena que segue é ainda mais impressionante. Após perder todos seus poderes, Alice sofre um acidente catastrófico de avião, mas sai completamente ilesa, fugindo em busca de outros sobreviventes no planeta. É uma cena que no mínimo duvida da nossa inteligência.

E continua o resto do filme com uma série de eventos no mínimo questionáveis. O que tinha a ver aquela aranha de metal no peito de Claire? O que tinha a ver prender um soldado temendo-o somente porque ele exercia sua profissão? Por que um sobrevivente mata o único mecânico do grupo sendo que ele não atrapalhava em nada? E por aí vai. Quem assistir vai entender porque questiono tanto.

Sem muito o que escrever desse filme patético, posso salientar como ponto positivo o seu 3D que é extremamente eficiente, onde o diretor faz uso de uma profundidade de campo praticamente infinita, deixando ao nosso encargo separar os planos.

Seus cenários também são muito bem planejados, sendo igualmente medonhos quando sombrios quanto assustadores nos brancos em excesso da Umbrella.

Fora isso a série já nem assusta mais com seus zumbis já viciados na tela, virando muito mais um filme de aventura do que terror. E se antes sempre havia uma criatura em especial que assustava mais que as outras, no quarto episódio nem isso ajuda muito.
E numa filmagem que tenta a todo momento copiar o clássico Matrix, com congelamento de cena desnecessário e desvio de balas a la Neo, Resident Evil se mostra não só fraco neste aspecto, como também em seu roteiro, atuações, montagem etc, etc, etc. E podem se preparar que vai ter mais uma sequencia. Querem saber o que vai acontecer? Basta assistir a qualquer um dos outros quatro filmes que você saberá.

Confesso que não consigo escrever mais nada, senão FIM.


CONFIRA O TRAILER (sem legendas)

sábado, 4 de setembro de 2010

Karatê Kid – Mais que um remake, uma homenagem a um clássico



NOTA: 9

Hoje em dia fazer um remake de qualquer filme, em especial um de grande sucesso é algo muito arriscado. As chances de tudo dar errado é muito grande. Seja por incapacidade técnica ou pela nostalgia do público, os remakes tendem a ser rejeitados e costumam passar em branco. E se fazer um já é algo difícil, relançar uma série consagrada torna-se algo praticamente impossível de dar certo. Porém, pra tudo há exceção e é essa a felicidade que temos ao assistir o relançamento da série Karatê Kid de Harald Zwart.

O que parecia impossível melhorar, melhorou. E muito! Zwart se mostrou eficiente nesse filme em não decepcionar os fãs da série e atrair quem é jovem demais pra ter acompanhado a versão antiga.

Seguindo basicamente a história anterior, em Kung Fu K...quer dizer, em Karatê Kid, Dre (Jaden Smith) é um jovem americano de 12 anos que se muda com a mãe para a China após ela ser transferida do trabalho. Chegando lá ele se apaixona pela jovem Mei e imediatamente vira rival de Cheng, um jovem que domina impecavelmente a arte do kung fu. Dre vira vítima constante de bulling (palavra em moda) até que o zelador de seu prédio, Mr Han (Jackie Chan) o salva de uma agressão e começa a treiná-lo para lutar. Fora o kung fu, não contei nenhuma novidade.


Harald Zwart se preocupou em não só mostrar a história de Dre, como também a realidade de uma China que vive atualmente um embate entre manter suas tradições e se posicionar como uma potência agressiva do mundo globalizado. Nessa nova China, o povo não quer mais aprender com a derrota, ele simplesmente não a aceita mais. No filme isso fica claro quando se vê um professor de piano que nunca está satisfeito com o desempenho Mei e um mestre do kung fu, Li, ensinando seus alunos não uma arte marcial, mas uma arma para massacrar inimigos sem piedade, sem fraqueza e sem dor.


E se por um lado o roteiro é desnecessariamente extenso e não surpreende por ser praticamente idêntico ao original, por outro, o modo como foram feitas verdadeiras homenagens a série com certeza agradarão muito os marmanjos de hoje e marcar a memória dos novos fãs. A todas as peculiaridades do original foram feitas referências: os treinos aparentemente estranhos e sem sentido, o golpe final de Dre etc. E quem espera com isso praticamente rever um filme de 20 anos atrás vai se surpreender muito no modo como Zwart originalmente “copiou” a série.


Embora haja ua divergência de opiniões sobre o assunto, achei que foram acertadas as cenas de luta que são extremamente bem filmadas e coreografadas, sendo muito próximas de um combate real, chegando a alguns momentos questionarmos se não foram de fato. E interessante é que foram muito bem dosadas a ponto do filme permanecer no gênero drama e não virar um filme de aventura. É claro que é um pouco estranho ver crianças brigando desse jeito, mas pelo menos pra mim o filme ficaria muito infantilizado se essas cenas fossem feitas de outro modo.

Em relação aos atores, Karate Kid não teria sido tão bom assim não fosse uma atuação mirim surpreendente de Jaden Smith, vivendo um Dre que expressa muito bem sua dor e sua vontade de superação, mostrando uma maturidade incrível quando necessário. Muito melhor do que um Ralph Macchio com seu Daniel Sam maricas e chorão.

E por uma ironia do destino a melhor atuação de Jackie Chan se dá justamente num filme onde ele não dá um único golpe sequer. Aliás há uma cena muito interessante onde ele derrota uma série de garotos apenas se defendendo e se esquivando. Seu personagem, Mr Han carrega a dor e o sofrimento em seu semblante notáveis a quilômetros de distância, sendo muito valorizados pelo seu figurino e maquiagem. Na cena em que o sofrimento que o atormenta é enfim revelado, Jackie e Jaden têm um diálogo comovente que no mínimo faz os olhos marejarem.


Como tudo que é mais arriscado de fazer, quando dá certo o resultado é muito mais gratificante. Humildade, auto-descoberta, o respeito e valor à amizade e sobretudo, a essência dos outros quatro filmes da série foram preservados nesse, e isso o fez ser tão bom. Arrisco dizer que essa nova versão é melhor do que a antiga. Não acreditam? Então na dúvida, confiram.


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sábado, 28 de agosto de 2010

O Último Mestre do Ar – Egocentrismo superando a criatividade.



Escrito, produzido e dirigido por M. Night Shyamalan. Todo esse poder é coisa rara hoje em dia em Hollywood. Somente diretores poderosos e consagrados como Spielberg e Tarantino têm essa autonomia hoje em dia, afinal são milhões de dólares investidos e um risco muito alto a se correr. Mas pra tudo há exceções e definitivamente Shyamalan e seu O Último Mestre do Ar é um péssimos exemplos.

No seu mundo adaptado do desenho Avatar (não confundir com o filme), existem quatro povos controlando cada um, um dos elementos da natureza (água, fogo, terra e ar). Esses povos viviam em harmonia até que a Nação do Fogo decide dominar todos eles. Agora cabe a Aang, um garoto que é o único humano desse mundo a controlar os quatro elementos, impedir a expansão imperialista do povo do fogo.



Carregado de efeitos especiais, O Último Mestre do Ar é aquele tipo de filme que enche os olhos nos trailers, mas que se mostram uma total decepção quando assistidos. Shyamalan sempre foi um exímio contador de histórias, mas nesse caso parece que ele se esqueceu de como fazê-lo. O filme é muito confuso e me parece que ele quis inserir tudo do universo do desenho nele, transformando a história numa verdadeira salada de frutas. Além da trama principal, há uma série de tramas secundárias e personagens em excesso que não conseguem se firmar, como é o caso da disputa entre Zuka e Zhao, ou até mesmo o monstro de aparência carismática Appa, que passa totalmente em branco.

E se um filme é escrito, produzido e dirigido por uma mesma pessoa, não é de se estranhar que ela tenha errado em todas as suas tarefas. Ao contrário de querer autonomia para criar um filme que tinha muito para ser um sucesso, Shyamalan pareceu o tempo todo mais preocupado em alimentar seu ego inserindo falas estúpidas e slow motion em praticamente todas as cenas que possuem efeitos especiais para que nós, reles mortais, ‘apreciemos sua genialidade’.

Embora de início chame muita atenção toda a técnica Tai Shin Shuan dos personagens para controlar os elementos, em coreografias que exigiam muito treino, com o tempo a quase ausência de combates físicos cansa o espectador que diversas vezes se pergunta: “Por que não aproveitam pra matar ele com um golpe enquanto ele faz toda essa dança pra soltar uma bola de fogo?”

Parece que fora os efeitos, tudo deu errado no filme: o egocentrismo de seu diretor, uma história muito mal contada e um elenco de novatos de péssima qualidade. O Aang de Noah Ringer é artificial de sua primeira à última aparição, sendo tão difícil expressar qualquer emoção que nem se nota o seu drama existencial que parece ter alguma importância à história. E as mesmas péssimas atuações se estendem ao restante do elenco. Há apenas uma exceção: Dev Patel. Se quem achava que ele tinha sido apenas um ator que deu sorte em ‘Quem Quer Ser Um Milionário?’ vai se surpreender com a boa performance com seu Príncipe Zuko, com seu eterno conflito interno entre ser justo ou ser aceito pelo pai.

Talvez como Orson Welles, Shyamalan tenha feito sua obra-prima logo no início da carreira (O Sexto Sentido) e venha decaindo desde então (Sinais, Dama D’água, Fim dos Tempos), pois O Último Mestre do Ar é com certeza seu pior filme (e vai ter continuação). Mas aposto que ninguém o convencerá jamais disso, afinal o grande mal dos egocêntricos é acharem que estão sempre certos e o mundo todo é que está errado.



NOTA: 5


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sexta-feira, 27 de agosto de 2010

A Melhor Trilha Sonora do Cinema: A Balada do Pistoleiro


Essa pra mim sem a menor sombra de dúvida é a melhor canção do cinema, Malaguena Salerosa, do filme A Balada do Pistoleiro (1996) escrito, produzido e dirigido pela genial Robert Rodriguez.

Uma música divertidíssima, muito gostosa de ouvir e que já em seus créditos revela muito do perfil de seu personagem principal: El Mariachi. Embora esteja em castelhano, reparem no que for possível entender o quanto ele fala de si mesmo e a partir disso o que podemos esperar de tal personagem. Além disso, há uma pequena mostra de seu senso de justiça que o acompanhará em toda trama.


domingo, 22 de agosto de 2010

sábado, 21 de agosto de 2010

Os Mercenários - muita ação pra pouco filme


Se tem uma coisa que é arriscada fazer no cinema é colocar muitos personagens num mesmo filme. Fica difícil trabalhar a trama de todos e dar equilíbrio em suas participações. E esse foi o pecado grave cometido por Stallone em seu novo filme: Os Mercenários.

O elenco mais desejado para um filme de ação de todos os tempos (Jason Sthatan, Jet Li, Terry Crews, Dolph Laugdren dentre outros), Os Mercenários tinha tudo para ser uma obra memorável do gênero não fosse essa armadilha que Stallone, visando fins comerciais, armou para si mesmo. Os personagens ficam dispersos na história e fica evidente a dificuldade em inseri-los no filme de modo satisfatório. Alguns ficam quase esquecidos como Terry Crews e Jet Li e outros são esquecidos por completo como é o caso de Randy Couture.


No filme, Stallone interpreta Barney líder de um grupo de mercenários que reúne os melhores assassinos da terra, cada um na sua especialidade. Seu grupo é contratado para eliminar um ditador de uma ilha no Golfo (numa referência clara ao Chavez), porém descobrem que esse trabalho não será tão simples e que eles podem estar caindo numa cilada.



Tudo que envolve ação no filme é realmente muito impressionante. As lutas são excelentes e muito bem coreografadas, combinando técnicas de jiu-jitsu, wrestler e kung fu. Os tiroteios também são longos, violentos e bem trabalhados, lembrando muito o último filme de Stallone, Rambo 4. As cenas são rápidas, mas não perdemos nenhum detalhe, e diferentes de tudo o que se costuma a ver no cinema. Barney é rápido no gatilho como um cowboy do velho oeste e Christimas é um exímio atirador de facas, coisa que fica clara na primeira aparição do grupo combatendo piratas somalis num navio. Há um certo exagero nos banhos de sangue, mas nada que atrapalhe o impacto das cenas. Impressiona também o preparo físico de Stallone para o filme, dispensando dublês em plenos 64 anos.
Mas essa é a única coisa boa de todo o filme.

Seu roteiro é péssimo e fica claro que a única intenção do longa é o foco nas cenas de ação. A história é facilmente previsível e nem um pouco envolvente. E ainda há o desastre completo de Stallone ao tentar inserir algum código de ética a um grupo de MERCENÁRIOS logo no início do filme, quando seu personagem diz a Gunnar, que pretendia matar um criminoso por pura diversão, que não é assim que eles ‘trabalham’. Estranho ouvir isso de quem ganha a vida matando quem nem conhece. Bobagem também são as piadas inseridas pra dar alguma graça à história que, coincidentemente, têm sempre algo a ver com a vida pessoal dos atores, a exemplo da piada feita com a orelha de Couture ou a referência ao desejo de ser presidente do personagem de Schwarzenegger. Aliás, sua participação foi curta, mas ótima para matar as saudades. E era o sonho de todo fã de filmes de ação ver Stallone, Bruce Willis e Scwarzenegger contracenarem. Sem contar que essa cena dá uma abertura a uma continuação para o filme, pois nela há dois grupos rivais de mercenários que não são nem um pouco amistosos em suas relações.

Parece também que toda a equipe que realizou o filme esqueceu que mulheres também o assistiriam, pois Os Mercenários é uma ode ao machismo: músculos, bebidas, pancadaria, promiscuidade e as mulheres, em boa parte do filme, tratadas apenas como objetos de prazer. E nem a participação de Gisele Itié ameniza o fato, até porque sua atuação é péssima.
Para quem gosta de Silvester Stallone (como eu) e seus filmes com muita pancadaria, tiros e ação, Os Mercenários é um ótimo programa para o fim de semana. Mas quem gosta de tudo isso e um pouco mais de conteúdo e qualidade, acredito que essa não seja a melhor opção. Os Mercenários é um filme para simplesmente se ver na tela e não assistir. Uma distração bem-vinda e nada mais que isso.

NOTA: 6

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sábado, 14 de agosto de 2010

A Origem – Uma incrível viagem ao mundo dos sonhos



Avatar vai perder espaço nas rodas de discussão de cinema. Isso porque acaba de estrear A Origem, o novo filme de Cristopher Nolan, que promete ser a sensação dos próximos meses. Um filme complexo, mas igualmente empolgante que não caberia numa crítica tudo a ser dito ao seu respeito.

No longa, Cobb é o líder de um grupo que possui a habilidade de invadir os sonhos de qualquer pessoa para extrair informações, uma atividade ilegal e com fins empresariais. Após fracassar com uma de suas vítimas, o empresário bilionário Saito, o mesmo o contrata para fazer o trabalho oposto e muito mais difícil: inserir uma informação nos sonhos de um concorrente seu para que este dividisse a empresa recém-herdada do pai. Instigado pela recompensa (que não revelarei aqui) Cobb aceita e recruta uma equipe para realizar a tarefa.

Escrito e dirigido por Nolan, A Origem leva o espectador numa incrível viagem ao mundo dos sonhos sem nada mirabolante, sendo até difícil diferenciar em dados momentos o que é sonho e o que é real. Aliás esse é um drama em que vive alguns dos personagens da narrativa como a misteriosa Mal. E embora essa semelhança entre sonho/real tenha incomodado alguns críticos, creio ter sido uma decisão acertada do diretor, pois assim ele evita com que o filme fique carregado de exageros e impossibilidades, além de muito mais difícil de se compreender.


Seu roteiro é impecável. Nada fica muito mastigado ao espectador nos obrigando a pensar bastante pra compreender todo o filme. E não é demérito nenhum de quem assistiu ter ficado cheio de dúvidas. Afinal, A Origem é realmente muito complexo e foi feito para ser visto mais de uma vez. E o que há de mais fantástico no roteiro é a relação entre sonho/realidade estabelecida por Nolan. Tudo o que acontece no mundo externo enquanto o sonhador está dormindo afeta diretamente seus sonhos, como na cena onde um dos membros da equipe é atingido por gotas d’água e imediatamente começa a chover em seu sonho.


Interessante também é como ele deixa claro ao espectador o quanto é difícil para a equipe de Cobb realizar seu trabalho: invadir sonhos requer uma série de profissionais nas mais diferentes especialidades como um químico, arquiteto, falsificador, além de alguma tecnologia. Assim, não fica uma idéia de que tudo aquilo acontece como num passe de mágica, quase um deus ex machina, mas sim que exige um planejamento meticuloso para que tudo dê certo.


Os efeitos especiais são uma marca registrada de A Origem. São magníficos em todos os seus aspectos e alguns são impossíveis de se reproduzir de outra forma que não seja em imagens. Nolan acertadamente opta por usá-los apenas o quanto são necessários, não dando espaços a exageros e pieguices. A cena de uma cidade inteira sendo literalmente dobrada ao meio é completamente fora de sério, assim também são algumas das cenas de ação.




E é realmente muito satisfatório não só para o público que pagou o ingresso, como também a toda uma equipe empenhada em fazer um bom filme, trabalhar com um elenco onde todos foram absolutamente impecáveis em suas atuações. Leonardo Di Caprio mais do que nunca se firma como um excelente ator (a ver pelo melhor filme do ano: A Ilha do Medo) e não mais um refém da vaidade. Marion Cotilard embora apareça pouco é sempre intensa, sem contar que é um prazer vê-la em cena, pois além de uma grande atriz é a mulher mais linda do mundo na minha singela opinião. Rasgo elogios também para Ellen Page, Tom Hardy, Ken Watanabe e todos que abrilhantaram a narrativa com suas atuações.

Cristopher Nolan mais uma vez se mostrou um dos melhores diretores de sua geração, incluindo mais um sucesso a sua lista já espetacular de filmes (O Grande Truque, Batman: O Cavaleiro das Trevas). Agora ele nos presenteia com um filme, cujo final fará com certeza que todos saiam discutindo da sala de cinema. Pintou o primeiro candidato ao Oscar 2011.

NOTA: 10 (pra não dizer 11)
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