terça-feira, 9 de novembro de 2010

Tropa de Elite 2 – A Repetição de um sucesso



NOTA: 10


Valeu a pena esperar! Valeu a pena tanto suspense sobre o Tropa de Elite 2! O resultado foi podermos conferir a partir da última sexta um dos maiores filmes do ano.

Com um roteiro guardado a sete chaves até seu lançamento, a história se passa nos dias atuais, pouco mais de 10 anos depois do primeiro filme. O hoje Coronel Nascimento é transferido do BOPE para a Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro, após uma ação desastrosa em Bangu 1. Lá, ele vê uma chance única de acabar com o tráfico, mas não imaginava que o verdadeiro inimigo era outro: os políticos corruptos e a própria PM com seu grupo de extermínio dominando as favelas. A partir de então Nascimento chama novamente para si a responsabilidade de ‘quebrar o sistema’ mesmo virando alvo dele.
O mais incrível de tudo é ver que o diretor José Padilha aproveitou muito pouco do primeiro filme, fazendo quase um filme à parte e não uma seqüência, ainda assim conseguindo criar novamente um sucesso que já caiu nas graças do público. Sobre um aspecto, Tropa de Elite 2 é quase uma obra shakespeariana: é extremamente crítica e reflexiva para os que apreciam mais o conteúdo, e incrivelmente empolgante, tirando o fôlego para quem prefere a forma.

Seu roteiro foi meticulosamente trabalhado para que não fosse praticamente um filme de ação como o anterior. Tropa de Elite 2 é multifacetado e mais abrangente. Se antes os principais temas a serem discutidos eram o tráfico de drogas e a violência exacerbada de um grupo específico da polícia, agora Braulio Mantovani inseriu outras discussões atuais e de interesse de toda a sociedade: a corrupção na política e de quem mais deveria nos proteger, a polícia; os dramas pessoais de um homem sempre duro (Nascimento) focado em seu dever, pagando o preço do afastamento da família dentre outros muitos dramas secundários.

Antes um filme quase documental, agora uma superprodução, Padilha o recheou com cenas de ação muito mais elaboradas, diálogos melhores escritos e uma trilha sonora impecável. Resultado do sucesso anterior e uma verba de produção muito maior atualmente (R$ 14 milhões). Talvez choque muitos o excesso de veracidade de algumas cenas, por exemplo quando dois corpos são queimados para eliminar provas, mas ainda assim a profundidade que são trabalhados seus temas e a reflexão que nos obriga a ter, fazem com que cenas assim sejam essenciais na construção de seu raciocínio.


E claro que novamente o sucesso se deve em boa parte pelo seu brilhante elenco. Wagner Moura é mais uma vez estupendo na construção de seu personagem: já mais velho, cansado, tentando conciliar a vida pessoal e profissional, Nascimento é um homem que ainda luta contra um sistema corrupto, mas começa a dar mostras de estar sendo vencido pelo mesmo. André Ramiro trabalhou muito bem também na evolução do Sargento Mathias de um homem pacífico a uma dura máquina de guerra.

E quem chama muita atenção na trama é um novo personagem, o Fraga, interpretado por Irandhir Santos, um humanista que se elege deputado que é quem junto ao Coronel Nascimento, ao seu modo, nos obriga a questionar o quão errado está esse sistema e como nos tornamos refém dele.

São tantas coisas a se falar de um filme só que precisaria de páginas e mais páginas para concluir. Mas posso adiantar o que mais gostei no filme: sua frase inicial que dizia algo como “Por mais que coincida com a vida real, este filme é apenas uma obra de ficção”. Acredito que com ela nada mais precise ser dito. É assistir (no cinema de preferência) e tirar suas conclusões.
CONFIRA O TRAILER

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