sábado, 13 de novembro de 2010

Crítica: Um Parto de Viagem



NOTA: 7

Nos últimos anos, Hollywood abraçou um diretor que trouxe muitas mudanças, pra melhor, no gênero comédia. O humor no cinema até bem pouco tempo era algo previsível, exagerado e tinha sempre as mesmas figuriras marcadas, mas tudo mudou após Todd Phillips começar a ganhar respeito como diretor com verdadeiros sucessos como Starky e Hutch, Escola de Idiotas e o excelente Se Beber Não Case.

E ele repete a dose em Um Parto de Viagem, seu novo filme que estreou na última sexta-feira, estrelado por Robert Downey Jr e Zach Galifanakis.

Na comédia, Downey Jr é Peter Highman, um arquiteto que está numa viagem na costa leste dos EUA planejando o retorno pra casa, na costa oeste, para assistir ao parto de seu primeiro filho. Ele só não contava encontrar no caminho um ator pouco promissor e atrapalhado, Ethan, que o coloca numa cadeia de enrascadas ao longo da viagem.
Com a assinatura clara de Todd, o filme não possui um roteiro muito privilegiado, porém conta com uma originalidade absurda sempre muito presente em seus filmesr. Nada é óbvio, todos os acontecimentos surpreendem e alguns são tão malucos que é até difícil descrever. Num mesmo filme vemos o filho mais novo de uma atraente traficante sendo surrado, um cão se masturbando, cinzas que viram café, o México sendo confundido com Texaco e mil coisas mais que se eu escrever vão dar um nó enorme na cabeça ou tirar toda a graça de assistir.

O grande destaque fica por conta da atuação desse meteoro em ascensão que é Zach Galifanakis. Embora já tenha sido perfeito em Se Beber Não Case, aqui ele traz seu Ethan como um ator frustrado pelo sucesso que não alcançou, mas que se convence de que ainda é capaz, e para reforçar isso mente pra si mesmo sua idade e seu nome. Ele é totalmente alheio ao seu mundo, desastrado, porém um encanto, um desses amigos únicos que temos. É tão encantador que não dá pra entender como alguém não gostaria dele. É nele que Todd insere uma de suas principais características: os adultos da geração X que não conseguem se desvincular de muitos traços de sua infância. Ethan vive com seu cachorrinho, sempre precisa fazer “pipi” e por muitos momentos age como uma verdadeira criança.

Em contraponto, Robert Downey Jr decepciona, interpretando um personagem arrogante e antipático, muito diferente de seus dois últimos personagens (Tony Stark e Sherlock Holmes) que tinham o humor e o sarcasmo em seu sangue. Peter é tão frio que por muitas vezes Downey tenta inseri-lo no universo da comédia, mas não consegue.

Embora num desempenho ruim em sua atuação, boa parte do que é prejudicial ao filme sem qualquer sombra de dívida vem de seu roteiro que não evolui muito na trama. Embora cheio de surpresas que farão muitos rir, a história em si é muito pouco trabalhada. Além disso, a primeira frase de Peter já revela seu final aos mais atentos.

Mas independente do roteiro ruim e da atuação idem de Downey Jr, Um Parto de Viagem continua sendo uma obra que vem pra mudar a linguagem das comédias. Os filmes de Todd ainda não são perfeitos e nem possuem uma linguagem única, mas vem sendo ótimos filmes de transição dentro desse gênero quase falido.

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