sábado, 4 de dezembro de 2010

Senna – Homenagem mais que merecida a um ídolo


NOTA: 10


Quem não se lembra das tardes de domingo onde nos reuníamos para assistir as corridas, ou melhor, os verdadeiros espetáculos que Ayrton Senna dava nas pistas do mundo todo? Dos pegas com Alain Prost? Das vitórias impossíveis? E da dor da perda?

Bom, infelizmente nosso ídolo foi embora pra sempre e nada podemos fazer para mudar isso. Mas para os milhões de fãs de Senna, como quem vos escreve, temos a possibilidade de matar a saudades e conhecer um pouco mais de sua vida 16 anos após sua morte no documentário homônimo de Asif Kapadialo.

Nesse maravilhoso filme, Asif conta a história do atleta desde o final de sua carreira vitoriosa no kart, quando ainda era um adolescente franzino, até a corrida que culminou na sua morte no circuito de Ímola em 1° de maio de 1994.

Com uma aprofundada pesquisa de arquivo, Asif consegue dar igual proporção a todas as fases da vida de Senna: seu início promissor na F1, suas brigas dentro e fora das pistas com Proust, o início do declínio etc. Assim, ele não se perdeu enfatizando demais determinado momento e ofuscando outros não tão brilhantes, porém igualmente importantes, como a corrida onde ele literalmente atira seu carro contra Proust para tirá-lo da pista e conquistar um título sem nenhuma glória.

O Senna que nos é apresentado, além daquele bom moço humilde que conhecemos, é o de um verdadeiro leão nas pistas que enfrenta tudo e todos (até mesmo o presidente da FIA) para vencer. Injustiçado em diversas ocasiões, como na patética corrida de Suzuka em 89, Senna sempre teve que provar com talento e não com influências sua capacidade de vencer.

Achei muito acertado manter todos os depoimentos ao longo do filme (incluindo os de Reginaldo Leme) em voice over enquanto assistíamos ao que vinha sendo narrado, não quebrando o ritmo da narrativa com cortes em pessoas que muitos nem conhecem. Além disso, todos depoimentos somaram muito e não ficaram apenas preenchendo espaço. O mais tocante é sem dúvida o do chefe da equipe médica da F1 Sid Watkins que tinha uma relação de mútuo respeito com o piloto.
E o que mais chama a atenção é o ar dramático que Asif impôs no documentário. Todos sabíamos o que ia acontecer em cada momento, mas ainda assim ficamos apreensivos nas disputas acirradas em suas corridas e rezando pra que nada acontecesse em San Marino.
Aliás San Marino é um desfecho cuidadosamente trabalhado onde vemos desde início o perigo que a cercava (o acidente gravíssimo do Rubinho, a morte de um piloto no dia seguinte). A tensão nos olhos d Senna era notável a quilômetros. Mas ainda assim a prova foi realizada e terminou em tragédia.

Ao mesmo tempo que é muito gratificante esse reencontro, ainda que frio, com Ayrton Senna, é igualmente triste saber que nunca mais teremos um ídolo como ele não só no Brasil, mas arrisco dizer no mundo todo. O jeito é se contentar com o documentário e se emocionar muito, porque realmente mexe xom os sentimentos até dos mais fortes.

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