quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

A Rede Social – o cinema adicionado ao Facebook


NOTA: 10


Confesso que fiquei embasbacado com minha última ida ao cinema.

Tudo bem que já vinha lendo nas críticas que A Rede Social era um dos grandes filmes do ano e um dos fortes concorrentes ao Oscar 2011. Mas sequer me passou pela cabeça que quando o apontavam como ótimo, ele o era sobre todos os aspectos.
É realmente espetacular o casamento perfeito entre direção, roteiro, fotografia e casting do filme. E o melhor foi transformar uma história aparentemente não muito interessante numa obra-prima que dá vontade de assistir muitas vezes.
Em A Rede Social, David Fincher (Seven, O Curioso Caso de Benjamin Button) traz às telas a história de Mark Zuckerberg, um jovem gênio dos computadores que após levar um fora da namorada, cria, pra se vingar, um site onde é possível votar nas garotas mais bonitas da faculdade (incluindo sua atual ex). Espantado com a quantidade recorde de visitas de sua página, Mark decide ir além e inspirado na idéia inicial dos gêmeos aristocratas Tyler e Cameron Winklevoss, cria aos 19 anos de idade em parceria com seu amigo brasileiro, Eduardo Saverin, o que viria a ser a rede social mais popular do mundo: o Facebook.

Em paralelo a essa história que muitos já conhecem, acompanhamos outras duas um pouco mais obscuras. Na verdade boa parte da história é contada em duas disputas judiciais pelos direitos da rede: um movido pelos irmãos Winklevoss sobre a alegação de roubo de propriedade intelectual e outro movido pelo seu melhor amigo, Eduardo, brigando pelo seu quinhão que lhe fora tomado do Facebook.

Primeiramente achei que foi muito bem acertado desconstruir o mito que se fazia sobre Zuckerberg. Embora gênio incontestável, é interessante como o criador da maior rede de amizades do mundo não consiga fazer um amigo sequer na vida real, ao contrário, afastando todos que estão próximos e sendo muito bem definido por uma das personagens em poucas falas: “você não é um babaca, mas faz de tudo pra parecer um”. Além disso, fica claro que quem de fato idealizou o Facebook (de um modo bastante precário) foram mesmo os Winklevoss; e é muito triste saber que Mark traiu friamente Eduardo em busca de poder sendo este quem mais batalhou pelo sucesso do site e o único verdadeiro amigo que possuía. Isso é tão evidente que mesmo rivais nos tribunais, o embaraço que ambos sentem ao se acusarem, a ponto de falarem de costas um pro outro, mostra que apesar de todo o ocorrido um ainda sente profunda admiração pelo outro e desejo de aproximação.

Para dar a tudo sua merecida atenção precisaria de muitas e muitas páginas para discorrer. Como tal coisa não é possível, vou ressaltar apenas uma das muitas perfeições que vi: o elenco.
Parecia que todos haviam nascido para aqueles papéis. Jesse Eisenberg, o novo Woody Allen, consegue criar um Mark Zuckerberg fechado em seu mundo com a mesma expressão quase todo o filme e que parece não querer que ninguém entre em sua vida. Isso talvez para que sua fragilidade e solidão não sejam descobertas. Além disso, seu jeito de falar, sempre rápido e extremamente coerente em seus raciocínios exigiram um grande trabalho do ator.

Andrew Garfield com seu Eduardo já na sua primeira aparição carrega consigo a ternura em sua expressão, sempre pronto a se dedicar a seu amigo não importando o quão louco suas idéias possam parecer.E antes do triste desfecho entre ambos não paramos de nos perguntar: o que poderia levar dois amigos tão próximos se digladiarem desse modo?

E por fim, embora na minha opinião sem nada muito relevante no universo musical, Justin Timberlake impressiona com eu Sean Parker (sim, o cara que criou o Napster e hoje um dos donos do Facebook) que ao mesmo tempo em que é promissor na sua visão dos negócios, é igualmente insano consumido pelas drogas e por sua mania de acreditar que está sendo sempre perseguido.

Fazia alguns meses que não ficava tão empolgado desse jeito ao sair do cinema. Mas A Rede Social realmente tem esse efeito sobre a gente. E inspira ao vermos que não há idade pra se chegar ao topo do mundo. No caso de Zuckerberg foi preciso apenas 19 anos.

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