sábado, 21 de agosto de 2010

Os Mercenários - muita ação pra pouco filme


Se tem uma coisa que é arriscada fazer no cinema é colocar muitos personagens num mesmo filme. Fica difícil trabalhar a trama de todos e dar equilíbrio em suas participações. E esse foi o pecado grave cometido por Stallone em seu novo filme: Os Mercenários.

O elenco mais desejado para um filme de ação de todos os tempos (Jason Sthatan, Jet Li, Terry Crews, Dolph Laugdren dentre outros), Os Mercenários tinha tudo para ser uma obra memorável do gênero não fosse essa armadilha que Stallone, visando fins comerciais, armou para si mesmo. Os personagens ficam dispersos na história e fica evidente a dificuldade em inseri-los no filme de modo satisfatório. Alguns ficam quase esquecidos como Terry Crews e Jet Li e outros são esquecidos por completo como é o caso de Randy Couture.


No filme, Stallone interpreta Barney líder de um grupo de mercenários que reúne os melhores assassinos da terra, cada um na sua especialidade. Seu grupo é contratado para eliminar um ditador de uma ilha no Golfo (numa referência clara ao Chavez), porém descobrem que esse trabalho não será tão simples e que eles podem estar caindo numa cilada.



Tudo que envolve ação no filme é realmente muito impressionante. As lutas são excelentes e muito bem coreografadas, combinando técnicas de jiu-jitsu, wrestler e kung fu. Os tiroteios também são longos, violentos e bem trabalhados, lembrando muito o último filme de Stallone, Rambo 4. As cenas são rápidas, mas não perdemos nenhum detalhe, e diferentes de tudo o que se costuma a ver no cinema. Barney é rápido no gatilho como um cowboy do velho oeste e Christimas é um exímio atirador de facas, coisa que fica clara na primeira aparição do grupo combatendo piratas somalis num navio. Há um certo exagero nos banhos de sangue, mas nada que atrapalhe o impacto das cenas. Impressiona também o preparo físico de Stallone para o filme, dispensando dublês em plenos 64 anos.
Mas essa é a única coisa boa de todo o filme.

Seu roteiro é péssimo e fica claro que a única intenção do longa é o foco nas cenas de ação. A história é facilmente previsível e nem um pouco envolvente. E ainda há o desastre completo de Stallone ao tentar inserir algum código de ética a um grupo de MERCENÁRIOS logo no início do filme, quando seu personagem diz a Gunnar, que pretendia matar um criminoso por pura diversão, que não é assim que eles ‘trabalham’. Estranho ouvir isso de quem ganha a vida matando quem nem conhece. Bobagem também são as piadas inseridas pra dar alguma graça à história que, coincidentemente, têm sempre algo a ver com a vida pessoal dos atores, a exemplo da piada feita com a orelha de Couture ou a referência ao desejo de ser presidente do personagem de Schwarzenegger. Aliás, sua participação foi curta, mas ótima para matar as saudades. E era o sonho de todo fã de filmes de ação ver Stallone, Bruce Willis e Scwarzenegger contracenarem. Sem contar que essa cena dá uma abertura a uma continuação para o filme, pois nela há dois grupos rivais de mercenários que não são nem um pouco amistosos em suas relações.

Parece também que toda a equipe que realizou o filme esqueceu que mulheres também o assistiriam, pois Os Mercenários é uma ode ao machismo: músculos, bebidas, pancadaria, promiscuidade e as mulheres, em boa parte do filme, tratadas apenas como objetos de prazer. E nem a participação de Gisele Itié ameniza o fato, até porque sua atuação é péssima.
Para quem gosta de Silvester Stallone (como eu) e seus filmes com muita pancadaria, tiros e ação, Os Mercenários é um ótimo programa para o fim de semana. Mas quem gosta de tudo isso e um pouco mais de conteúdo e qualidade, acredito que essa não seja a melhor opção. Os Mercenários é um filme para simplesmente se ver na tela e não assistir. Uma distração bem-vinda e nada mais que isso.

NOTA: 6

CONFIRA O TRAILER (LEGENDADO)

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