sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

O Vencedor

Nota: 8
Confesso que nessa semana fiquei com dificuldade pra escrever. E não por falta de opção como vinha acontecendo ultimamente, mas sim porque foram tantas ótimas estréias na última sexta que virou uma tarefa difícil escolher apenas uma.

Mas trabalho é trabalho, e dentre tudo o que vi o vencedor foi (sem trocadilhos) O Vencedor.
No longa, Mickey Ward (Mark Whalberg) é um boxeador peso-leve que nunca teve grandes chances nos ringues, até que surge uma oportunidade de se reerguer e lutar pelo título. Porém, para vencer, Mickey deve enfrentar fora dos ringues o controle exercido por sua mãe (Melissa Leo) sobre sua carreira e os problemas ligados ao vício em cocaína de seu irmão e treinador Dicky (Christian Bale).

Filmes que contam a história de um rapaz pobre que ama o boxe, mas deve se sacrificar para enfim alcançar a vitória não são nenhuma novidade pra ninguém. Só em Rocky temos 6 contando basicamente a mesma coisa. O que mais chama a atenção em O Vencedor é o relacionamento familiar de Mickey e como sua passividade perante o óbvio controle de uma mãe-empresária e a dependência do treinamento de um irmão viciado o impedem de crescer. A frieza da relação entre eles fica evidente quando em praticamente nenhum momento da narrativa Dicky e Mickey chamam sua mãe de mãe, mas sim pelo seu próprio nome.

A passividade de Mickey fica clara na reunião onde ele pretendia se desligar da família e quem acaba virando sua porta-voz é a namorada, chegando até mesmo a soar ridículo um lutador de boxe ser defendido por uma mulher muito mais frágil do que ele.

O ponto quente de toda a trama é sem qualquer sombra de dúvida as atuações. Amy Adams finalmente se propõe a interpretar papéis mais sérios, sendo uma namorada que embora aparentemente frágil, carrega consigo uma enorme presença de espírito. Melissa Leo interpreta magistralmente uma mãe chantagista, manipuladora e tendenciosa.

Mas o grande destaque é sem qualquer sombra de dúvida Christian Bale. Seu Dicky, ao mesmo tempo que incomoda com sua óbvia decadência e o controle sobre o irmão, comove com um carisma único, quebrando qualquer visão unilateral sobre os dependentes químicos, dos quais estamos acostumados a construir. E como é triste ver ele assistindo a um documentário feito sobre a decadência de atletas viciados no qual ele é o protagonista. E só pelos dois primeiros minutos da trama, Bale já merecia um Oscar.

Porém, por conter uma história previsível e também por sempre interromper as sequencias mais interessantes do longa, ou seja, as lutas, O Vencedor acaba se tornando aquele tipo de filme que agrada muito, mas que com o tempo vai se esquecendo.
Ah! Já ia me esquecendo de um detalhe importante: a história é real, tanto que nos créditos, os verdadeiros Mickey e Dicky aparecem dando um bem humorado depoimento ao público.
Ufa! Tomara que na semana que vem fique mais fácil escolher o filme pra comentar.

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