sábado, 5 de fevereiro de 2011

O Turista

NOTA: 2

Quem nunca foi ao cinema ou a locadora para assistir a um filme só porque nele atuava seu ator/atriz favorito ou dirigido por um diretor de igual prestígio?
Pois é, foi exatamente o que eu fiz essa semana. Fui assistir a O Turista só porque era protagonizado pelo meu ator favorito, Johnny Depp, e fiquei surpreso...mas de modo bem negativo.

Em, O Turista, Elise (Angelina Jolie) é a mulher de Alexander Pearce, um bandido que aplicou um golpe bilionário num gangster e se foragiu. Procurado pela máfia russa e pela Scotland Yard, a polícia escocesa passa a vigiar todos os passos de Elise para tentar chegar a Pearce que havia mudado de rosto após uma cirurgia. Mas tudo muda quando ela pega Frank (Depp), um professor de matemática viúvo em viagem à Europa, como bode expiatório para que todos pensassem que ele era Alexander.

Com uma equipe sensacional atrás e à frente das câmeras, O Turista tinha tudo pra, senão um filme sensacional, no mínimo um ótimo entretenimento. Só para listar, no elenco estão Johnny Depp, Angelina Jolie e Paul Bettany; e seu diretor é Florian Henckel von Donnersmarck que simplesmente dirigiu um dos melhores filmes que vi na vida (A Vida dos Outros). Isso faria de O Turista aquele tipo de filme que achamos excelente antes mesmo de assistir, porém nesse caso é tudo uma grande armadilha.

O Turista é o filme de espionagem que menos se parece com o gênero. É frio, quase não há ação e a trama principal (encontrar Alexander Pearce) é facilmente descartada para enfocar apenas o improvável e sem graça romance de Frank e Elise.

Um filme com o nome que tem e nos lugares onde se passa (Veneza e Paris), o mínimo que se esperava era que seus maravilhosos cenários arquitetônicos e naturais estivessem presentes e envolvidos em toda a trama. Mas o uso de uma fotografia que a todo momento privilegiou apenas seus protagonistas com enquadramentos fechados, e não seu cenário, praticamente anulou a cenografia de um modo que a história poderia ter se passado em qualquer lugar sem nenhuma diferença.

E embora Jolie possua uma beleza inquestionável, usar a todo momento da miseé en scene de todos os homens babando pó ela onde quer que ela passe se torna um exercício infantil, cansativo e preguiçoso. E ela interpreta uma Elise tão imponente e segura de si que é impossível imaginar que ela realmente esteja preocupada em estar sendo perseguida.

E pra minha enorme decepção, Depp provou que tem uma séria limitação em interpretar personagens normais, ficando restrito as figuras exóticas memoráveis já vividas por ele (Jack Sparrow, Chapeleiro Maluco etc). Frank é extremamente caricato e sua atuação é minimalista. Parece até haver um certo desconforto em Depp ao interpretar alguém tão ‘normal’ como Frank. Acho que foi um erro em sua carreira aceitar esse papel, e com certeza tirou um pouco de seu prestígio.

ATENÇÃO: Vou revelar uma parte importante do filme abaixo. Se você ainda não o assistiu, sugiro que interrompa sua leitura aqui.

Após 20 minutos de filme, vi uma incoerência na cena do trem que me fez perguntar até agora: o que aconteceria com toda a história caso Elise decidisse se sentar ao lado de outra pessoa que não Frank?

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