domingo, 27 de fevereiro de 2011

Resumo da Semana #1

A partir de agora toda semana posterei aqui os trailers dos filmes que vi ao longo da semana. Como em qualquer arte, o cinema é algo subjetivo e as opiniões quanto aos filmes serem bons ou não cabem a cada um. Sendo assim, recomendo sempre todos os filmes que vi.

Abaixo os filmes que vi entre 20/02 e 26/02.

Bom fim de semana e bons filmes!

127 Horas

SINOPSE

127 Horas é a história real e notável do alpinista Aron Ralston, na tentativa de salvar a si mesmo após a queda de um pedregulho sobre seu braço na garganta de uma rocha isolada em Utah. Nas próximas 127 horas, Ralston repassa sua vida e luta contra aos elementos da natureza para finalmente descobrir que ele tem a coragem e os meios para livrar-se dessa prisão, escalar uma parede rochosa e caminhar ao longo de oito quilômetros antes de ele finalmente ser resgatado. Ao longo de sua jornada, Ralston se lembra dos amigos, da namorada, da família, e das duas caminhantes que ele conheceu pouco antes do seu acidente.

O Triunfo da Vontade

SINOPSE

Em 1934 no 6° encontro no Partido Nacional Socialista, Adolf Hitler encomenda um cobrir todo o evento em documentário para enaltecer sua figura e do partido para as futuras gerações nazistas.

O Ritual

SINOPSE

Inspirado em fatos reais, O Ritual narra a história do cético seminarista Michael Kovak que, relutantemente, freqüenta uma escola de exorcismo no Vaticano. Sua vida muda quando ele encontra o ortodoxo Padre Lucas, que lhe apresenta o lado mais obscuro de sua fé.

Enterrado Vivo

SINOPSE

Paul Conroy (Ryan Reynolds) é um americano que trabalha como motorista de caminhão no Iraque. Ele acorda, sem saber como, enterrado vivo dentro de caixão de madeira. Sem saber o que aconteceu e o porquê de estar ali, ele tem em suas mãos apenas um telefone celular e um isqueiro. Começa então uma tensa corrida contra o tempo e a falta de ar. A pressão aumenta ainda mais quando os sequestradores exigem um resgate milionário para libertá-lo e um vídeo com suas imagens vai parar no YouTube.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Musicais #2: Tempos Modernos

Essa semana selecionei no Musicais um dos trechos mais engraçados de Tempos Modernos.

Carlitos acaba de ser contrato por um restaurante para ser garçom e cantor nas horas vagas. Só tem um pequeno problema, ele não sabe a letra de nenhuma música!

A solução? Improvisar. Charles Chaplin aqui cria um número no mínimo genial, num verdadeiro embromation misturando italiano, inglês e francês, inventa uma língua que ninguém entende, mas deixa tudo muito claro em seus gestos.

Gênio é gênio!

Bom show!

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

O Ritual


NOTA: 3


Ontem fui assistir O Ritual e confesso que chorei muito...muito mesmo. Chorei porque nunca mais vou recuperar as duas horas da minha vida que joguei fora vendo essa droga.

Resumindo minha impressão numa frase: Nem mesmo o filme se leva a sério!

O Ritual conta a história de Mathews, um jovem que entra para o seminário sem nenhum interesse na vida eclesiástica, apenas buscando fugir do convívio com seu pai. Quatro anos mais tarde, quando decide largar a batina é chantageado a participar de um curso sobre exorcismo no Vaticano. Cético ao extremo em relação ao fenômeno da possessão dos demônios sobre o homem e seu rito de salvação, Mathew instruído a conhecer o Padre Lucas, um exorcista veterano nada convencional em seus métodos. A partir daí seu ceticismo acaba sendo posto a prova.

Pra começar, ao longo de todo o filme há um vício irritante do diretor Mikael Hafström de toda hora utilizar da trilha sonora para nos preparar para um cena medonha nunca acontece e é sempre interrompida sem o menor por quê.

A Alice Braga faz sua pior atuação com uma personagem que não tem nenhuma função na narrativa. Com ou sem ela a história seria exatamente a mesma. E confesso que não entendi que consolo traria conhecer um exorcista para aliviar sua pressão de ter que conviver com o peso de ter abandonado seu irmão à morte numa pouco provável possessão. Talvez o Padre Lucas além de exorcista tenha o poder de devolver a vida aos mortos.

E por falar nele, Anthony Hopkins também é lamentável em sua interpretação, dando sempre respostas secas sem nenhum embasamento aos constantes questionamentos de Mathew sobre a veracidade do exorcismo que não esclarecem nada a ninguém.

Mas o que mais me chamou a atenção é como o diretor parecia estar perdido em suas reais intenções.

É evidente que ele quis reforçar a imagem católica com o poder dos exorcistas e de como os demônios ainda estão presentes em nossa vida. Desnecessário dizer que não seria isso que converteria espectadores de cinema em fiéis. Mikael apenas quis dar veracidade a um assunto que volta e meia vem a tona, principalmente nos cinemas. Mas o modo como executa toda a sua obra, deixa claro que ele não sabia fazer tal coisa.

A começar pela chantagem ridícula que obriga Mathew a entrar para o curso, mesmo este se mostrando claramente desinteressado pela fé. Depois, no seu primeiro encontro com Lucas, no exorcismo de uma adolescente grávida, quando finalmente Mikael conseguia conferir alguma credibilidade às suas intenções, ele preferiu ser 'engraçadinho' e fazer com que o celular do Padre Lucas tocasse durante o ritual (onde o toque era o tema de Beleza Americana). Mas essa cena catastrófica não termina aí, pois Lucas por incrível que pareça atende ao telefone e pra piorar manda Mathew que nunca viu um exorcismo dar seqüência ao processo. Ridículo.

Não mais ridículo do que o modo como Mathew sempre cético e muito coerente e incisivo em seus questionamentos às práticas católicas sobre o assunto de possessão é instantaneamente levado a mudar de idéia num momento de fraqueza recheado de alucinações pífias. Era o único personagem interessante até então.

Não pretendo me estender muito num filme patético como esse, que começa e termina do mesmo modo: sem nenhum propósito e coerência. Não façam como eu, aproveitem melhor seu tempo.


127 Horas - de onde tudo poderia dar errado...uma obra-prima!


Nota: 10

Quem não se lembra da história do rapaz que ficou 5 dias com a mão presa numa rocha num canyon afastando de toda civilização e que, pra piorar, não avisou ninguém onde estava, tendo que amputar o próprio braço pra se salvar? Bom, para os poucos que não se recordam, eu acabei de contar o filme inteiro acima. Mas calma! O privilégio de se assistir 127 Horas não é essa história batida que é toda contada no seu próprio trailer de divulgação. O que há de extraordinário no filme é ver como um longa que tinha tantas chances de dar errado se transformou numa verdadeira obra-prima.

E por que poderia dar errado? Por três motivos. Primeiro: toda a ação se passa num único lugar: no canyon onde Aron Ralston está com seu braço preso. Ou seja, uma narrativa bastante truncada que possibilita uma grande chance de se tornar monótona. Segundo: há basicamente um único personagem no filme inteiro (Aron). Sendo assim, 127 Horas praticamente depende exclusivamente do trabalho de seu protagonista (James Franco) para funcionar. Um ator ruim nessa hora faria com que milhões de dólares fossem direto para o ralo. Terceiro: por mais impressionante que seja o drama de ter que cortar o próprio braço para sobreviver, fica realmente difícil compilar tudo isso em mais de uma hora de filme. O risco de levar o espectador ao tédio é enorme.

Mas então por que apesar de tudo 127 Horas se sobressaiu? A isso cabe uma resposta minuciosa.
Eu credito a três fatores o seu brilhantismo. Primeiramente sem qualquer sombra de dúvida o trabalho de James Franco interpretando Aron Ralston. Franco sempre foi um bom ator, mas nunca teve uma grande oportunidade, e é ótimo ver que na primeira delas ele se agarrou com unhas e dentes em seu trabalho. Seu Ralston mostra um auto-controle fora do comum numa situação que por si só é desesperadora a qualquer um. Também carrega consigo uma sapiência além de seu tempo: desde a série de engenhocas que projetou para se salvar, até o talk show onde entrevistando a si mesmo (num dos momentos mais interessantes do filme), chega a conclusão que jamais o resgatariam dali, ou seja, ele só podia contar consigo mesmo.

O segundo fator é a edição extremamente competente e eficaz que, além de levar quase todos os créditos da cena que acabei de citar acima, também sabe dosar bem o drama de Aron com flashbacks de seu passado, e claras alusões de alucinação, quando por exemplo ele se imagina na festa em que foi convidado naquela noite e que, por uma razão óbvia, não compareceu. Ou mesmo na epifania que tem com seu filho que ainda não nasceu como força motora para levá-lo a lutar pela sua sobrevivência.

E o terceiro, mas não menos importante fator, é a direção excelente de Danny Boyle. Ele que acaba de vir de oito Oscar’s com Quem Quer Se Um Milionário, aqui não busca se sobressair a sua equipe, ficando claro que eles trabalharam no mesmo nível o tempo todo. Além disso Boyle cria cenas marcantes, belas e terríveis, sendo algumas inesquecíveis. A começar por aquela onde num grito de desespero de Aron a câmera vai se afastando pra cima revelando pouco a pouco a imensidão onde ele se encontrava, mostrando o quão em vão eram seus pedidos de socorro, uma vez que nem nós mesmos o escutamos mais. Há a cena belíssima do primeiro amanhecer depois de Ralston ficar preso onde o sol vai surgindo e sutilmente como um manto, vai invadindo o canyon e expulsando suas sombras. E é lógico que não poderia deixar de citar a cena mais forte de 127 Horas e talvez uma das mais fortes de todos os tempos. Sim! É a cena onde ele decide amputar seu braço, apresentada em detalhes com todo carne e sangue que tem direito. Sugiro que vão de estômago preparado ao cinema.

Bom, há histórias da vida real que por mais comoventes ou tenebrosas que possam ser nunca dariam um bom filme. E sinceramente, antes de ir ao cinema era essa a sensação que tive sobre 127 Horas, pois não conseguia imaginar que graça poderia ter ficar 90 minutos vendo um homem com o braço preso numa rocha, mesmo havendo todo o seu claro contexto de luta pela sobrevivência. Ainda bem que paguei minha língua e fui, junto com todo o público, presenteado com esse filme que já é histórico, devido ao casamento perfeito do trabalho de toda equipe. E agora, que finalmente vi todos os concorrentes na briga do Oscar 2011, considero esse o meu palpite como o Melhor Filme, mesmo achando pouco provável que irá ganhar.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Musicais: #1 Cantando na Chuva


A partir de hoje, toda semana postarei aqui uma cena de musical selecionadas seja pela sua fama, importância ou pelo simples prazer de ver e ouvir.


E para começar em grandissíssimo estilo não poderia selecionar outro musical senão Cantando na Chuva. Talvez seja o musical mais famosos da história, todos com certeza conhecem a música título com o brilhante Gene Kelly radiante ora subindo no poste ora sapateando em meio a chuva.


O filme como um todo é perfeito, mas essa cena pela sua fama e pela sua perfeita execução, merece ser a primeira.


Bom Show!

Bravura Indômita


Nota: 7
É impressionante como um gênero tão antigo como o western consiga até hoje fazer tanto sucesso. Desde O Grande Roubo de Trem, passando por John Wayne e Leone, chegamos hoje no extremo de cowboys enfrentarem aliens no velho oeste (Cowboys VS Aliens, ainda não lançado).
E sendo um gênero tão aclamado, especialmente nos EUA, não é de assustar termos um representante na briga pelo Oscar 2011.

Adaptado pelos irmãos Coen a partir da obra homônima estrelada por John Wayne (da qual não farei comparações, pois não assisti a primeira versão), Bravura Indômita conta a história de Mattie Ross, uma jovem muito a frente de seu tempo que viajando para a cidade onde se encontra o corpo de seu pai recentemente assassinado, contrata Rooster (Jeff Bridges), um militar já velho, para se vingar do assassino.

Em muitos aspectos, especialmente no que concerne à fotografia, os Coen nada mais fazem do que seguirem a cartilha: uma série de tomadas com planos gerais para valorizar o cenário, e o clássico plano americano, desenvolvido exclusivamente pra esse gênero.

Porém, há também as características que tornam uma obra exclusiva dos Coen: seus personagens. Primeiramente pela falsa expectativa que é feita sobre dois deles (Rooster e Tom Chaney), extremamente superestimado pela população local e, quando finalmente apresentados ao público, vemos que apesar de um fundo de verdade em tudo que foi dito, há também uma boa dose de exagero, embora seja realmente cruel quando Rooster descreve num depoimento tão friamente o modo como eliminou toda uma família.

E não só as expectativas, mas também o figurino os definem muito bem. Desde o tampão no olho de Rooster nos fazendo pensar em que tipo de missão ele se metia quando em atividade, passando pelo uniforme de ranger de LaBoeuf (Matt Damon), até as roupas contidas e conservadoras de Mattie que tornam evidentes sua personalidade.

Mas parte das atuações não acompanham o trabalho realizado pelos Coen e criam personagens fracos e até incômodos. Mattie é insuportável e se apóia o tempo todo na lei para obrigar Rooster e LaBoeuf a ajudá-la, usando basicamente a mesma frase sem força nenhuma: “Se não fizer o que eu quero eu te processo” (e reparem que ninguém dá a mínima pra ela quando diz isso). Matt Damon também interpreta um LaBoeuf apático muito aquém da valentia e audácia características dos rangers (pelo menos na ficção).

Já o sempre ótimo Jeff Bridges não decepciona com seu Rooster que parece ter o objetivo cego (sem trocadilhos com seu tampão no olho) de capturar o vilão da trama Ned Pepper, uma missão não cumprida em sua carreira que o deixa claramente frustrado, estando alheio a tudo em volta, inclusive o desejo de vingança de sua contratante. Aliás, apesar de duas participações bem curtas, Josh Brolin e Barry Pepper (interpretando respectivamente Tom Chaney e Ned Pepper), trabalham de forma brilhante, frustrando novamente o espectador que esperava ver dois bandidos sanguinários quando na verdade vemos o primeiro quase não tendo consciência de seus atos, num retardamento mental evidente, e o último que tira todo o glamour dos criminosos cheios de pompa do cinema quando diz estar preocupado porque ele e seu bando passam fome.

E embora os Coen tenham inserido algumas cenas sem nenhuma importância para a narrativa apenas para dar um ar característico de humor de seus filmes, como aquela em que Rooster e LaBoeuf disputam quem tem a melhor pontaria atirando em biscoitos, por outro lado inserem outras que somente dois profissionais competentes como eles fariam de modo que não soasse artificial Me refiro ao duelo final entre Rooster contra Pepper e mais três capangas que de início parece ser uma marmelada, mas se mostra muito plausível na sua execução.

Mesmo pertencendo a um gênero tão receptivo ao cinema, acho pouco provável após a euforia do Oscar Bravura Indômita conseguir manter um patamar de sucesso. Isso porque o que tinha de melhor nos filmes do velho oeste, ou seja, os conflitos cheio de tiroteios, aqui quase inexiste, pois os Coen preferiram se focar na relação entre Mattie e Rooster, sugerindo o início de uma amizade e uma viagem de auto-descoberta que de forma alguma acontece.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

O Vencedor

Nota: 8
Confesso que nessa semana fiquei com dificuldade pra escrever. E não por falta de opção como vinha acontecendo ultimamente, mas sim porque foram tantas ótimas estréias na última sexta que virou uma tarefa difícil escolher apenas uma.

Mas trabalho é trabalho, e dentre tudo o que vi o vencedor foi (sem trocadilhos) O Vencedor.
No longa, Mickey Ward (Mark Whalberg) é um boxeador peso-leve que nunca teve grandes chances nos ringues, até que surge uma oportunidade de se reerguer e lutar pelo título. Porém, para vencer, Mickey deve enfrentar fora dos ringues o controle exercido por sua mãe (Melissa Leo) sobre sua carreira e os problemas ligados ao vício em cocaína de seu irmão e treinador Dicky (Christian Bale).

Filmes que contam a história de um rapaz pobre que ama o boxe, mas deve se sacrificar para enfim alcançar a vitória não são nenhuma novidade pra ninguém. Só em Rocky temos 6 contando basicamente a mesma coisa. O que mais chama a atenção em O Vencedor é o relacionamento familiar de Mickey e como sua passividade perante o óbvio controle de uma mãe-empresária e a dependência do treinamento de um irmão viciado o impedem de crescer. A frieza da relação entre eles fica evidente quando em praticamente nenhum momento da narrativa Dicky e Mickey chamam sua mãe de mãe, mas sim pelo seu próprio nome.

A passividade de Mickey fica clara na reunião onde ele pretendia se desligar da família e quem acaba virando sua porta-voz é a namorada, chegando até mesmo a soar ridículo um lutador de boxe ser defendido por uma mulher muito mais frágil do que ele.

O ponto quente de toda a trama é sem qualquer sombra de dúvida as atuações. Amy Adams finalmente se propõe a interpretar papéis mais sérios, sendo uma namorada que embora aparentemente frágil, carrega consigo uma enorme presença de espírito. Melissa Leo interpreta magistralmente uma mãe chantagista, manipuladora e tendenciosa.

Mas o grande destaque é sem qualquer sombra de dúvida Christian Bale. Seu Dicky, ao mesmo tempo que incomoda com sua óbvia decadência e o controle sobre o irmão, comove com um carisma único, quebrando qualquer visão unilateral sobre os dependentes químicos, dos quais estamos acostumados a construir. E como é triste ver ele assistindo a um documentário feito sobre a decadência de atletas viciados no qual ele é o protagonista. E só pelos dois primeiros minutos da trama, Bale já merecia um Oscar.

Porém, por conter uma história previsível e também por sempre interromper as sequencias mais interessantes do longa, ou seja, as lutas, O Vencedor acaba se tornando aquele tipo de filme que agrada muito, mas que com o tempo vai se esquecendo.
Ah! Já ia me esquecendo de um detalhe importante: a história é real, tanto que nos créditos, os verdadeiros Mickey e Dicky aparecem dando um bem humorado depoimento ao público.
Ufa! Tomara que na semana que vem fique mais fácil escolher o filme pra comentar.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Lixo Extraordinário



NOTA: 10

Num 2010 extremamente produtivo para o cinema nacional com o lançamento de títulos como As Melhores Coisas do Mundo, Chico Xavier e claro, o fenômeno Tropa de Elite 2, “não dá pra entender “ o por que o Ministério da Cultura selecionou Lula, o Filho do Brasil como nosso representante ao Oscar 2011. Fora os interesses políticos, aconteceu o que era mais do que evidente: ele sequer foi pré-indicado.

E quando víamos mais uma vez o sonho de um Oscar tupiniquim ficar só na vontade, eis que uma produção estrangeira (daí as aspas no título) nos deu um pouquinho mais de esperança entrando como indicada ao prêmio de Melhor Documentário com o – sem redundância – extraordinário Lixo Extraordinário.

No documento, Vik Muniz, um dos mais respeitados artistas plásticos contemporâneos (foi ele quem fez a abertura de Passione), nascido em São Paulo e radicado nos EUA, desenvolve um projeto que visa englobar arte com ação social, vindo ao Brasil, mas especificamente em Duque de Caxias, criar uma série de trabalhos artísticos a partir de material reciclável do maior lixão do país, o Jardim Gramacho. Envolvendo alguns dos catadores do aterro no projeto, sua intenção fica clara: expor ao mundo a beleza da arte através de algo completamente desprezado pela sociedade, o lixo.

Sem as câmeras, esse projeto por si só seria espetacular. Mas transformá-lo num filme teve um quê a mais, pois além das obras em si, Vik e a diretora Karen Harley apresentam ao mundo não só a matéria-prima ignorada, mas uma classe igualmente ou até mais desprezada do que seu lixo: os catadores de material reciclável que ao vivo parecem invisíveis aos nossos olhos.

Focando na história de 6 personagens-reais, acompanhamos o dia-a-dia desse povo que mesmo vivendo no nosso lixo encontram diariamente a felicidade e a boa convivência, sendo um verdadeiro exemplo a nós. Lá encontramos desde a anciã que faz questão de diariamente preparar a refeição de seus colegas, até um jovem e visionário líder (Tião) leitor de Nietzsche e Maquiavel (tanto a comida, quanto os livros encontrados no lixão), uma sociedade que sabendo de seu desprezo e miséria se uniu e a partir do isolamento social conseguiu se consolidar como uma classe representativa e que quer ser ouvida, prova disso o protesto bem humorado em frente a prefeitura da cidade.

E após sermos realmente tocados pela história de cada um, ficamos ainda mais impressionados com o modo como os insights para as obras Vik vão surgindo, e eu não poderia deixar de citar a reprodução da Morte de Marat com Tião posando de modelo. E a partir do momento que todas as fotos foram tiradas e seus próprios modelos vão ao estúdio de Vik reproduzi-las, usando o lixo que recolhem como matéria-prima, numa alegria radiante, é inevitável misturarmos a alegria em saber o quanto o artista estava certo sobre seus objetivos o tempo todo, e a tristeza de saber que por melhor que fosse, aquele sonho uma hora iria acabar e todos retomariam suas vidas repleta de dificuldades.

Mas, independente de tudo, as obras finalizadas são sensacionais (digitem Vik Muniz, Retratos do Lixo, no Google) e realmente impressiona ver aquele trabalho de formiguinha ser concluído. E pra mim especialmente teve dois momentos que marcaram mais: o choro de Tião emocionado com a venda de sua foto por quase cem mil reais num leilão e a alegria quase infantil de todos os 6 participantes do projeto ao verem suas fotos expostas num museu.

Se Lixo Extraordinário vai ganhar o Oscar prefiro nem arriscar o palpite, até porque a maioria dos filmes que concorrem sempre chegam ao Brasil depois do evento. Mas com ou sem prêmio, a lição que o documentário deixa é o quanto simplesmente ignoramos coisas que tem um papel importante em nossas vidas. E por ignorar estou me referindo ao lixo, mas sobretudo às pessoas.

O Turista

NOTA: 2

Quem nunca foi ao cinema ou a locadora para assistir a um filme só porque nele atuava seu ator/atriz favorito ou dirigido por um diretor de igual prestígio?
Pois é, foi exatamente o que eu fiz essa semana. Fui assistir a O Turista só porque era protagonizado pelo meu ator favorito, Johnny Depp, e fiquei surpreso...mas de modo bem negativo.

Em, O Turista, Elise (Angelina Jolie) é a mulher de Alexander Pearce, um bandido que aplicou um golpe bilionário num gangster e se foragiu. Procurado pela máfia russa e pela Scotland Yard, a polícia escocesa passa a vigiar todos os passos de Elise para tentar chegar a Pearce que havia mudado de rosto após uma cirurgia. Mas tudo muda quando ela pega Frank (Depp), um professor de matemática viúvo em viagem à Europa, como bode expiatório para que todos pensassem que ele era Alexander.

Com uma equipe sensacional atrás e à frente das câmeras, O Turista tinha tudo pra, senão um filme sensacional, no mínimo um ótimo entretenimento. Só para listar, no elenco estão Johnny Depp, Angelina Jolie e Paul Bettany; e seu diretor é Florian Henckel von Donnersmarck que simplesmente dirigiu um dos melhores filmes que vi na vida (A Vida dos Outros). Isso faria de O Turista aquele tipo de filme que achamos excelente antes mesmo de assistir, porém nesse caso é tudo uma grande armadilha.

O Turista é o filme de espionagem que menos se parece com o gênero. É frio, quase não há ação e a trama principal (encontrar Alexander Pearce) é facilmente descartada para enfocar apenas o improvável e sem graça romance de Frank e Elise.

Um filme com o nome que tem e nos lugares onde se passa (Veneza e Paris), o mínimo que se esperava era que seus maravilhosos cenários arquitetônicos e naturais estivessem presentes e envolvidos em toda a trama. Mas o uso de uma fotografia que a todo momento privilegiou apenas seus protagonistas com enquadramentos fechados, e não seu cenário, praticamente anulou a cenografia de um modo que a história poderia ter se passado em qualquer lugar sem nenhuma diferença.

E embora Jolie possua uma beleza inquestionável, usar a todo momento da miseé en scene de todos os homens babando pó ela onde quer que ela passe se torna um exercício infantil, cansativo e preguiçoso. E ela interpreta uma Elise tão imponente e segura de si que é impossível imaginar que ela realmente esteja preocupada em estar sendo perseguida.

E pra minha enorme decepção, Depp provou que tem uma séria limitação em interpretar personagens normais, ficando restrito as figuras exóticas memoráveis já vividas por ele (Jack Sparrow, Chapeleiro Maluco etc). Frank é extremamente caricato e sua atuação é minimalista. Parece até haver um certo desconforto em Depp ao interpretar alguém tão ‘normal’ como Frank. Acho que foi um erro em sua carreira aceitar esse papel, e com certeza tirou um pouco de seu prestígio.

ATENÇÃO: Vou revelar uma parte importante do filme abaixo. Se você ainda não o assistiu, sugiro que interrompa sua leitura aqui.

Após 20 minutos de filme, vi uma incoerência na cena do trem que me fez perguntar até agora: o que aconteceria com toda a história caso Elise decidisse se sentar ao lado de outra pessoa que não Frank?