NOTA: 1
Ninguém
faz sucesso na vida sem correr risco, a história está aí pra provar isso. Mas
risco é risco, e do mesmo jeito que pode resultar em sucesso, pode acabar em
desastre também. E eu não consigo ver outra coisa a não ser um verdadeiro desastre
na direção de Tarsem Singh num dos piores filmes já feitos: Imortais. Ele
(Tarsem) que é um excelente diretor de videoclipes (dentre eles um dos
melhores, Losing My Religion do R.E.M.) cria na sua segunda tentativa no cinema
uma enorme mancha em sua carreira.
Imortais
conta a história do rei grego Hipérion que busca um artefato, o Arco de Epiro,
capaz de libertar os titãs aprisionados por Zeus e os outros deuses, numa
guerra ocorrida antes dos humanos existirem. Com esse exército ele pretende
dominar toda a Grécia e destruir todos os deuses olímpicos. Mas para isso ele
precisa enfrentar Teseu, um herói que luta para impedi-lo e salvar seu povo.
O
filme é uma tentativa frustrada de copiar 300 tanto na sua fotografia, seu
próprio roteiro (poucos soldados tentando combater um exército de inimigos) e
até mesmo sua direção de arte, e é infeliz em todas elas. Os figurinos chegam a
ser cômicos de tão mal concebidos. O elmo de Hipérion e a tentativa de criar um
capacete ao estilo Neymar para o deus Apolo dispensam qualquer comentário sobre
o assunto.
Assim
também é a tentativa de Tarsem em copiar a todo o momento a técnica de slow
motion para enfatizar os movimentos de combate em cenas de ação. Usada com
maestria, e até certo exagero, por Zack Sneyder em 300, Sucker Punch e em todos
os seus filmes, aqui a técnica soa extremamente artificial, especialmente
quando os deuses, numa velocidade assustadoramente rápida, combatem os titãs
que nem parecem ser inimigos tão relevantes assim. Aliás, a vida inteira achei
que os titãs eram gigantes, talvez só Tarsem acredite no oposto. E deuses
morrendo? De onde foi tirado isso? E, mesmo se um absurdo desses fosse real,
qual o sentido do título Imortais a um filme onde nem mesmo os deuses são? É um
trabalho tão ruim que dá momentos até para divagar. Quando o primeiro deus
morre fiquei por muito tempo pensando: “Se um mortal quando morre vai pra junto
dos deuses, pra onde eles (deuses) vão quando morrem?”
E
foi triste saber que até um ator excelente como Mickey Rourke é decepcionante,
vivendo um Hipérion totalmente caricato à figura do vilão que só mata e destrói
tudo, chegando a parecer burrice, uma
vez que ele destrói o mundo que quer dominar.
Além
disso, Imortais conta com um roteiro tão fraco (assinado pelos irmãos Charles e
Vlas Parlapadines) que precisa inventar situações para ter continuidade. A cena
onde Teseu encontra o Arco de Epiro plantado na tumba de sua mãe é ridícula de
tão forçada. Fora os acontecimentos que se concluem sem nenhuma explicação,
como o filme se iniciar com todos falando grego e de repente falarem inglês, ou
as videntes que Hipérion tanto procurava “aparecerem” de uma hora pra outra
sobre seu domínio.
Imortais
é um conjunto de tanta baboseira que dá até vontade de contar toda a história
aqui pra ninguém perder tempo assistindo. Mas temos que preservar o livre
arbítrio. Porém, fica a dica: o trailer é muito mais emocionante (e gratuito)
do que as duas longas horas de filme.
CONFIRA O TRAILER
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