sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Imortais



NOTA: 1

Ninguém faz sucesso na vida sem correr risco, a história está aí pra provar isso. Mas risco é risco, e do mesmo jeito que pode resultar em sucesso, pode acabar em desastre também. E eu não consigo ver outra coisa a não ser um verdadeiro desastre na direção de Tarsem Singh num dos piores filmes já feitos: Imortais. Ele (Tarsem) que é um excelente diretor de videoclipes (dentre eles um dos melhores, Losing My Religion do R.E.M.) cria na sua segunda tentativa no cinema uma enorme mancha em sua carreira.

Imortais conta a história do rei grego Hipérion que busca um artefato, o Arco de Epiro, capaz de libertar os titãs aprisionados por Zeus e os outros deuses, numa guerra ocorrida antes dos humanos existirem. Com esse exército ele pretende dominar toda a Grécia e destruir todos os deuses olímpicos. Mas para isso ele precisa enfrentar Teseu, um herói que luta para impedi-lo e salvar seu povo.

O filme é uma tentativa frustrada de copiar 300 tanto na sua fotografia, seu próprio roteiro (poucos soldados tentando combater um exército de inimigos) e até mesmo sua direção de arte, e é infeliz em todas elas. Os figurinos chegam a ser cômicos de tão mal concebidos. O elmo de Hipérion e a tentativa de criar um capacete ao estilo Neymar para o deus Apolo dispensam qualquer comentário sobre o assunto.

Assim também é a tentativa de Tarsem em copiar a todo o momento a técnica de slow motion para enfatizar os movimentos de combate em cenas de ação. Usada com maestria, e até certo exagero, por Zack Sneyder em 300, Sucker Punch e em todos os seus filmes, aqui a técnica soa extremamente artificial, especialmente quando os deuses, numa velocidade assustadoramente rápida, combatem os titãs que nem parecem ser inimigos tão relevantes assim. Aliás, a vida inteira achei que os titãs eram gigantes, talvez só Tarsem acredite no oposto. E deuses morrendo? De onde foi tirado isso? E, mesmo se um absurdo desses fosse real, qual o sentido do título Imortais a um filme onde nem mesmo os deuses são? É um trabalho tão ruim que dá momentos até para divagar. Quando o primeiro deus morre fiquei por muito tempo pensando: “Se um mortal quando morre vai pra junto dos deuses, pra onde eles (deuses) vão quando morrem?”

E foi triste saber que até um ator excelente como Mickey Rourke é decepcionante, vivendo um Hipérion totalmente caricato à figura do vilão que só mata e destrói tudo, chegando a parecer  burrice, uma vez que ele destrói o mundo que quer dominar.

Além disso, Imortais conta com um roteiro tão fraco (assinado pelos irmãos Charles e Vlas Parlapadines) que precisa inventar situações para ter continuidade. A cena onde Teseu encontra o Arco de Epiro plantado na tumba de sua mãe é ridícula de tão forçada. Fora os acontecimentos que se concluem sem nenhuma explicação, como o filme se iniciar com todos falando grego e de repente falarem inglês, ou as videntes que Hipérion tanto procurava “aparecerem” de uma hora pra outra sobre seu domínio.

Imortais é um conjunto de tanta baboseira que dá até vontade de contar toda a história aqui pra ninguém perder tempo assistindo. Mas temos que preservar o livre arbítrio. Porém, fica a dica: o trailer é muito mais emocionante (e gratuito) do que as duas longas horas de filme. 

CONFIRA O TRAILER


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