sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Sherlock Holmes 2 - O Jogo das Sombras


NOTA: 6


Eu costumo ficar sempre desconfiado de continuações. Poucas vezes elas acontecem pelo potencial artístico e pelo poder de sua história. Na maior parte delas é levado em conta apenas seu potencial comercial, resultando sempre em seqüências onde cada filme lançado é muito pior - ou na melhor das hipóteses uma cópia - de seu antecessor. Há exceções e o Brasil foi palco de uma das melhores com Tropa de Elite 2, mas em geral isso não acontece. E infelizmente esse é o caso de Sherlock Holmes 2 que embora trazendo alguns elementos interessantes, de uma forma geral pouco inova de seu antecessor e repete o fiasco de seu roteiro.

Dirigido novamente por Guy Ritchie, em O Jogo das Sombras, o detetive mais intrigante do mundo tenta deter e capturar seu algoz, o Professor Moriarty, um inimigo tão inteligente quanto Holmes que vem sorrateiramente causando ataques terroristas na França e Alemanha, jogando um país contra o outro afim de causar uma guerra mundial e lucrar com o feito.


O filme conta com um roteiro que não consegue fluir, fazendo pausas constantes para dar espaço a flashbacks das descobertas de Holmes. Esse recurso, muito explorado pelo diretor, se mostra muito ineficaz, uma vez que em tese deveria proporcionar ao espectador o modo como o herói raciocina, acaba se tornando palco para preencher lacunas da narrativa, inserindo elementos até então não vistos (como o caderno vermelho de anotações de Moriarty) e evidenciando quase sempre muita inverossimilhança nos feitos do detetive, sendo nesse caso apoiada por uma edição rápida que dificulta a construção de algumas cenas, especialmente as de ação.

Tem-se o trunfo do design de produção na cenografia de uma Europa às portas do século 20 suja e cinza, mostrando uma face do continente bem diferente das habituais paletas de cores bastante vivas, carregadas de suntuosos jardins e imponentes castelos imperiais. Além disso, os figurinos continuam impecáveis, especialmente os de Holmes que usa diversos disfarces ao longo do tempo. Mas embora o design de produção seja de fato excelente, ele nada traz de inovador em relação à versão de 2009.

O grande mérito de O Jogo das Sombras sem qualquer sombra de dúvida é seu elenco que conta com mais uma atuação impecável de Robert Downey Jr novamente trazendo toda a energia, sagacidade e excentricidade de seu Sherlock Holmes único e nada ancorado no intectual arrogante e sisudo da literatura, com uma boa pitada de humor na sua composição assim como já foi em outras épocas o Jack Sparrow de Johnny Depp (aliás, é um sonho atual ver os dois contracenarem). Jude Law se mostra um pouco mais a vontade com um Watson que deixa de ser tão Sancho Pança e passa a ter um pouco mais de personalidade, se permitindo até a entrega a vícios como a bebida e ao jogo. E assim como em Homem de Ferro 2 com Mickey Rourke, Downey Jr tem novamente a felicidade de estabelecer uma excelente química entre seu personagem e o antagonista da história Moriarty, brilhantemente interpretado por Jared Harris, conferindo sempre um ar imprevisível e assustador num personagem que parece estar o tempo todo acima do bem e do mal.


E dois rivais geniais como esses não poderiam ter um combate melhor do que o encenado numa partida de xadrez, onde sem o disparo de uma bala e sem desferirem um único golpe, proporcionam o momento mais tenso da narrativa, infelizmente destruída por um duelo”telepático” e decepcionante logo em sua sequencia.


Mas ainda pouco criativo, eu sinceramente gostaria muito de ver mais uma sequencia de Sherlock Holmes, pois assistir Downey Jr tão bem no papel vale o sacrifício das demais falhas na produção.

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