domingo, 10 de junho de 2012

Branca de Neve e o Caçador


Nota: 7

Graças às adaptações da Disney, são poucos os contos de fadas que conhecemos verdadeiramente. Enquanto na fábrica de sonhos tudo é bonito e perfeito, nos contos originais dos irmãos Grimm a realidade é tenebrosa e medonha, muitas vezes beirando a bizarrice. Por essa razão, Branca de Neve e o Caçador surpreende por ver um cineasta estreante (Rupert Sanders) adaptar um conto tão popular ao cinema recorrendo à essência de sua literatura, ao invés de apresentar algo completamente bucólico e fantasioso como foi sua primeira adaptação em 1937 em Branca de Neve e os Sete Anões e o desastre recente (2012) de Espelho, Espelho Meu.

De forma sucinta, a estória de Branca de Neve e o Caçador segue a mesma linha das suas antecessoras: Ravenna, uma madrasta má e narcisista mata seu marido para assumir o trono e quando seu espelho mágico revela que Branca de Neve é a mulher mais bela do reino, ela encomenda a um Caçador (Chris Hemsworth - Thor e Os Vingadores) a morte de sua enteada. E assim como em todas as outras versões, ele desiste da sua tarefa, deixando Branca de Neve viva e livre para derrubar sua matriarca e assumir o trono.

O trunfo e o fracasso dessa nova adaptação giram basicamente em torno das mesmas razões: seu roteiro e design de produção.

Até a metade do filme, o roteiro traz uma narrativa que mesmo inevitavelmente recorrendo ao fantasioso em dados momentos, como os poderes de Ravenna (Charlize Theron) de sugar a juventude das moças de seu reino, tem um foco na verossimilhança mostrando que a mesma personagem é claramente insana e vítima de sua obsessão pela vaidade. Além disso, faz uma boa metáfora de como um líder autoritário é prejudicial ao seu mundo, mostrando um reino mergulhado na desgraça, fome e pessimismo.

Porém, o mesmo roteiro peca por ter certa dificuldade em concluir quase todas as suas ações, especialmente na cena em que repentinamente Branca de Neve (Kristen Stewart, de Eclipse e Amanhecer) de uma frágil princesa se torna uma guerreira capaz de liderar um exército inteiro e pôr por terra todo o poderio de sua madrasta má. Além dos 8 anões (você não leu errado) que são empurrados goela abaixo do público no final do segundo ato e que em nada fariam falta ao filme.

E como dito acima, o mesmo ocorre como design de produção que recria um reino repleto de cores predominantemente escuras, evidenciando o pessimismo daquele ambiente e estendendo esse excelente trabalho ao figurino dos personagens, das plumas negras do vestido de Ravenna às vestes sujas e rasgadas de Branca de Neve e o Caçador, conseguindo um efeito de distanciamento entre eles e dando mais peso à causa dos mais fracos. Sem falar da Floresta Escura, concebida com uma perfeição absurda entre cenografia e efeitos especiais, garantindo a cena mais medonha do longa.

Mas todo o bom trabalho vai por água abaixo na cena da Floresta das Fadas, um cenário psicodélico, com um péssimo uso de cores e efeitos especiais, principalmente nas criaturas daquele mundo. Além de ser um local e uma cena sem qualquer função pra narrativa, a não ser enfeitar a tela e garantir alguns minutos a mais de projeção.

Mas mesmo com essas falhas e um desfecho decepcionante, Branca de Neve e o Caçador tem um saldo positivo principalmente pela ousadia em fugir do senso comum, além da excelente atuação de sua antagonista, Charlize Theron. Tomara que isso vire tendência nas adaptações de contos de fada. Tomara.

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