segunda-feira, 25 de junho de 2012

2012: Melhores filmes que vi até agora

Estamos quase na metade do ano e separei abaixo o trailer dos melhores filmes que vi até agora, em ordem cronológica:

Tudo Pelo Poder










O Espião que Sabia Demais










As Aventuras de Tintin










J. Edgar












Precisamos Falar Sobre Kevin




























Os Homens que Não Amavam as Mulheres










O Artista










Drive










Albert Nobbs (trailer bloqueado, assista clicando aqui)
























Flores do Oriente


















terça-feira, 19 de junho de 2012

Madagascar 3 - Os Procurados

NOTA: 5

Vendo a terceira sequencia de Madagascar percebi que a trilogia é uma espécie de mito da caverna às avessas. Se na parábola de Platão aqueles que na ignorância julgavam sua morada, a caverna, o melhor lugar pra viver e quando finalmente descobrem sua saída tem a prova de que o mundo lá fora é muito melhor, na história do leão Alex quanto melhor fica o mundo longe do zoológico de Nova Iorque, mais  vontade ele tem de voltar pra lá.

Em Madagascar 3 – Os Procurados, Alex, Marty, Melman e Gloria tentam novamente retornar ao zoológico nova iorquino. Numa pausa feita na Europa, eles passam a ser caçados pela cruel capitã francesa DuBois e para fugirem se misturam a uma trupe circense que coincidentemente estava à caminho da América, fingindo serem artistas e se colocando numa situação onde ficam na corda bamba entre fugir e não serem desmascarados pelos novos amigos.

Com os três filmes escritos e dirigidos por Eric Darnell, chega a ser triste ver o diretor recorrer sempre ao mesmo tema pra conseguir criar uma história. Mas nesse caso fica ainda pior, pois em Madagascar 2 o reencontro com a família e a vida na savana tinham se tornado satisfatórios para Alex, mas no início de Os Procurados ele parece simplesmente se esquecer de tudo isso e seus pais sequer são citados.

E se antes personagens secundários como o Rei Julien garantiam grandes gargalhadas com suas falas e gags, aqui ele e os demais servem apenas para tapar buracos da história e em poucos momentos tem alguma graça ou ajudam a narrativa fluir. 

Porém, numa série extremamente dependente de seus cenários (a ilha de Madagascar no 1, a savana africana no 2), a equipe de direção de arte de Shannon Jeffries é feliz mais uma vez em reconstruir digitalmente grandes locações com uma qualidade e detalhamento impecáveis, especialmente em Mônaco, onde até o famoso túnel das corridas de fórmula 1 é apresentado.

E se a direção de Eric Dernell é fraca pela falta de criatividade no seu roteiro, o excesso dela na cena da apresentação do circo traz um momento belíssimo que mesmo inverossímil até mesmo para uma animação, mostra em alguns minutos toda a magia que o cinema pode criar. A melhor cena do filme e sem dúvida uma das mais memoráveis do ano.

E por fim, a trilha sonora do mestre Hans Zimmer (A Origem, Sherlock Holmes 2) vem com uma seleção de músicas impecável, especialmente na cena citada acima, acompanhada da canção Fireworks da Kate Perry, tornando aquele momento ainda mais emocionante.

O terceiro Madagascar vem pra mostrar que franquia vem perdendo seu fôlego e que a não ser que sofra uma mudança radical em sua direção e roteiro, uma possível sequencia só virá para enfraquecer uma série que começou dourada, mas vem se desgastando. Hora de sair da caverna e nem cogitar retornar.

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domingo, 10 de junho de 2012

O Corvo



Nota: 5

Terror e suspense são pra mim os dois gêneros mais difíceis de trabalhar. A razão disso é muito simples: esses gêneros tem que se reinventar constantemente numa velocidade recorde pra agradar ao público. Suas técnicas de sustos, monstros e mistérios facilmente caem no tédio. Desse modo, o maior “susto” que tive em O Corvo foi ver sua história se inspirar em outros dois títulos, Pânico e Seven, que foram inovadores em seu tempo, mas que hoje suas técnicas batidas e que já não funcionam, prova disso é a tentativa de ressuscitar a série Pânico ano passado e o próprio filme discutido nessa crítica.

O Corvo começa numa intervenção histórica num dos episódios mais misteriosos da literatura: a morte de Edgar Allan Poe em 1849, escritor ícone do período. Poe perambulava numa praça de Baltmore numa manhã nebulosa, divagando e falando coisas sem sentido. Foi socorrido, mas morreu poucos dias depois sem que se saiba até hoje o que provocou sua morte e sem entender o significado do que dizia quando foi encontrado.

O que o roteiro de Ben Livingston e Hannh Shakespeare (não se inspirar com o sobrenome) propõe do episódio é que Edgar Allan Poe foi vítima de um serial killer que comete seus crimes seguindo precisamente as famosas histórias de terror do autor como O Poço e o Pêndulo e Assassinatos na Rua Morgue. Quando o assassino sequestra sua noiva, Poe mergulha numa investigação perigosa para salvar sua amada e capturar o criminoso.

De fato a premissa que a dupla de roteiristas sugere é extremamente interessante. O problema é que se de um lado foram felizes em sua ideia, por outro foram de um amadorismo absurdo na hora de preenchê-la, trazendo às telas uma história que não empolga, não surpreende e tão pouco assusta. Na verdade ela é facilmente esquecida quando a sessão termina.

Além disso, conta com personagens arquetípicos que já cansamos de ver em outros filmes: o pai rico que ama a filha, mas se preocupa mais com o nome da família; o jornalista que se preocupa mais com uma boa história do que com o sofrimento alheio e um detetive paladino que faz qualquer sacrifício pela justiça.

Nem mesmo Edgar Allan Poe escapa de ser descrito como um personagem nada interessante e artificial, bem diferente do verdadeiro. Com uma concepção tão amadora, surpreende vê-lo ser interpretado por John Cusack, quando parecia ser perfeito para ser vivido por um pseudo ator como Nicolas Cage.

Com tantos problemas, o design de produção assinado por Roger Ford vem pra salvar o longa de ser um completo fiasco, recriando a cidade de Baltmore como um lugar medonho e pessimista, trazendo excelentes figurinos e apelando para  a técnica de utilizar muita neblina para gerar suspense, criando a tensão em sugerir que o perigo pudesse surgir a qualquer momento, de qualquer lugar. A perfeição de seu trabalho chega a ser mais interessante que a própria história. A cena de abertura em que Poe vagava na neblina dá um tremendo frio na espinha.

Mas é uma pena um filme que de certa forma homenageia quem praticamente inventou o gênero terror decepcionar exatamente por trazer uma história pobre, cheia de clichês e previsível. Se qualquer um dos contos de Poe fosse adaptado ao cinema com certeza seria muito melhor do que foi feito a seu respeito. Afinal, um roteiro bom até pode virar um filme ruim, mas nunca um roteiro ruim resulta num filme bom.


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MIB 3


Nota: 7

O primeiro MIB lançado em 1997 foi uma verdadeira revolução em filmes de ficção científica, inserindo com maestria o humor e ação no gênero, além de contar com uma história que prendia a atenção do início ao fim, especialmente pelo seu roteiro que criava a ideia de que os et’s vivam entre nós há tempos e aos montes. Além disso, foi o início da ascensão na carreira de Will Smith, vindo a se tornar em poucos anos um dos atores mais rentáveis do mundo (e isso ocorre até hoje).

Porém, sua sequencia em 2002 se mostrou exatamente o oposto de seu antecessor. Vinha com um roteiro que não inovava e deixava clara a sua intenção em se apoiar única e exclusivamente nos efeitos especiais, um erro gravíssimo se levar em conta que a computação gráfica se torna obsoleta em tempo recorde hoje em dia, basta assistir MIB 2 novamente que percebemos o quão pra trás ele ficou.

Mas eis que 10 anos depois o 3º episódio de MIB vem pra salvar a série e resgatar muito do que havia de bom do primeiro título.

Nesse novo episódio, um et preso há 40 anos, Boris, foge da prisão de segurança máxima na Lua e volta no tempo para matar o então jovem Agente K (Tommy Lee Jones - Capitão América), responsável pela sua prisão e a amputação de um de seus braços. Para salvar seu amigo, o Agente J (Will Smith) também volta no tempo, mas precisamente em 1969, no dia em que Boris cometeria seu crime, numa missão alucinada para impedi-lo e reestabelecer a ordem no presente.

Para um filme de ficção científica, a escolha desse ano como destino da viagem no tempo é uma sacada genial. Um filme que basicamente gira em torno de extraterrestres acontece exatamente no ano em que lançávamos o primeiro foguete com destino à Lua, o Apollo 11. Mas não foi apenas isso. O design de produção faz um trabalho espetacular na composição da sede da MIB, equipando-a com aparelhos e armas visivelmente ultrapassadas, além dos figurinos e penteados de seus personagens bastante fiéis ao período. Até mesmo os alienígenas tinham uma caracterização diferente na época.

E como de praxe, a história é recheada de piadas e cenas engraçadas, especialmente ligadas ao jovem Agente K (Josh Brolin, de Wall Street e Bravura Indômita) que mesmo 40 anos mais novo, já possui a expressão sisuda que o acompanhará por toda a série. Sua atuação é o maior trunfo do filme, diferente de seu protagonista Will Smith que parece ter perdido o gás depois de 15 anos nesse papel, vivendo um Agente J que se esforça pra ser engraçado.

Mesmo contando com um ótimo trabalho no seu design de produção, parte das atuações e conseguir resgatar o bom humor da série, MIB 3 deixa de levar um 10 exatamente porque o que havia de melhor do seu primeiro episódio não se repetiu e nem vai repetir: a surpresa chocante daquele mundo. Além disso, sua tentativa de dramatizar a história de J e K em seu desfecho, explicando o porque ambos se tornariam parceiros no futuro, cria um melodrama desnecessário que ofusca boa parte de todo o bom trabalho que vinha sendo feito até então.

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Branca de Neve e o Caçador


Nota: 7

Graças às adaptações da Disney, são poucos os contos de fadas que conhecemos verdadeiramente. Enquanto na fábrica de sonhos tudo é bonito e perfeito, nos contos originais dos irmãos Grimm a realidade é tenebrosa e medonha, muitas vezes beirando a bizarrice. Por essa razão, Branca de Neve e o Caçador surpreende por ver um cineasta estreante (Rupert Sanders) adaptar um conto tão popular ao cinema recorrendo à essência de sua literatura, ao invés de apresentar algo completamente bucólico e fantasioso como foi sua primeira adaptação em 1937 em Branca de Neve e os Sete Anões e o desastre recente (2012) de Espelho, Espelho Meu.

De forma sucinta, a estória de Branca de Neve e o Caçador segue a mesma linha das suas antecessoras: Ravenna, uma madrasta má e narcisista mata seu marido para assumir o trono e quando seu espelho mágico revela que Branca de Neve é a mulher mais bela do reino, ela encomenda a um Caçador (Chris Hemsworth - Thor e Os Vingadores) a morte de sua enteada. E assim como em todas as outras versões, ele desiste da sua tarefa, deixando Branca de Neve viva e livre para derrubar sua matriarca e assumir o trono.

O trunfo e o fracasso dessa nova adaptação giram basicamente em torno das mesmas razões: seu roteiro e design de produção.

Até a metade do filme, o roteiro traz uma narrativa que mesmo inevitavelmente recorrendo ao fantasioso em dados momentos, como os poderes de Ravenna (Charlize Theron) de sugar a juventude das moças de seu reino, tem um foco na verossimilhança mostrando que a mesma personagem é claramente insana e vítima de sua obsessão pela vaidade. Além disso, faz uma boa metáfora de como um líder autoritário é prejudicial ao seu mundo, mostrando um reino mergulhado na desgraça, fome e pessimismo.

Porém, o mesmo roteiro peca por ter certa dificuldade em concluir quase todas as suas ações, especialmente na cena em que repentinamente Branca de Neve (Kristen Stewart, de Eclipse e Amanhecer) de uma frágil princesa se torna uma guerreira capaz de liderar um exército inteiro e pôr por terra todo o poderio de sua madrasta má. Além dos 8 anões (você não leu errado) que são empurrados goela abaixo do público no final do segundo ato e que em nada fariam falta ao filme.

E como dito acima, o mesmo ocorre como design de produção que recria um reino repleto de cores predominantemente escuras, evidenciando o pessimismo daquele ambiente e estendendo esse excelente trabalho ao figurino dos personagens, das plumas negras do vestido de Ravenna às vestes sujas e rasgadas de Branca de Neve e o Caçador, conseguindo um efeito de distanciamento entre eles e dando mais peso à causa dos mais fracos. Sem falar da Floresta Escura, concebida com uma perfeição absurda entre cenografia e efeitos especiais, garantindo a cena mais medonha do longa.

Mas todo o bom trabalho vai por água abaixo na cena da Floresta das Fadas, um cenário psicodélico, com um péssimo uso de cores e efeitos especiais, principalmente nas criaturas daquele mundo. Além de ser um local e uma cena sem qualquer função pra narrativa, a não ser enfeitar a tela e garantir alguns minutos a mais de projeção.

Mas mesmo com essas falhas e um desfecho decepcionante, Branca de Neve e o Caçador tem um saldo positivo principalmente pela ousadia em fugir do senso comum, além da excelente atuação de sua antagonista, Charlize Theron. Tomara que isso vire tendência nas adaptações de contos de fada. Tomara.

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