domingo, 26 de fevereiro de 2012

And the Oscar goes to...





FILME



O Artista - Thomas Langmann


DIRETOR



Michel Hazanavicius por O Artista


ATOR



Jean Dujardin por O Artista



ATRIZ


Meryl Streep por A Dama de Ferro


ATOR COADJUVANTE



Christopher Plummer por Toda Forma de Amor


ATRIZ COADJUVANTE



Octavia Spencer por Histórias Cruzadas


ROTEIRO ADAPTADO



Os Descendentes - Alexander Payne and Nat Faxon & Jim Rash


ROTEIRO ORIGINAL



Meia-Noite em Paris - Woody Allen


ANIMAÇÃO



Rango - Gore Verbinski


FILME ESTRANGEIRO



A Separação (Irã) - Asghar Farhadi 




FOTOGRAFIA



A Invenção de Hugo Cabret Robert Richardson


DIREÇÃO DE ARTE



A Invenção de Hugo Cabret Dante Ferretti (Design de Produção) e Francesca Lo Schiavo (Decoração de Set)


FIGURINO



O Artista Mark Bridges


DOCUMENTÁRIO



Undefeated - TJ Martin, Dan Lindsay e Richard Middlemas


CURTA DOCUMENTÁRIO




Saving Face - Daniel Junge e Sharmeen Obaid-Chinoy


MONTAGEM






MAQUIAGEM



A Dama de Ferro - Mark Coulier e J. Roy Helland 


MÚSICA - TRILHA SONORA ORIGINAL



O Artista - Ludovic Bource


MÚSICA - CANÇÃO ORIGINAL



"Man or Muppet" de Os Muppets - Letra e música de Bret McKenzie


CURTA METRAGEM DE ANIMAÇÃO



The Fantastic Flying Books of Mr. Morris Lessmore - William Joyce e Brandon Oldenburg


CURTA METRAGEM

The Shore - Terry George e Oorlagh George


EDIÇÃO DE SOM



A Invenção de Hugo CabretPhilip Stockton e Eugene Gearty


MIXAGEM DE SOM



A Invenção de Hugo CabretTom Fleischman e John Midgley


EFEITOS VISUAIS



A Invenção de Hugo Cabret Rob Legato, Joss Williams, Ben Grossman e Alex Henning

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

A Invenção de Hugo Cabret




NOTA: 5
SINOPSE: Hugo é filho de um relojoeiro por quem tem uma grande admiração e apego. Ele prematuramente aprende sua função e juntos passam o tempo restaurando antigas máquinas. Uma delas é um robô do qual desconhecem a função. Infelizmente, seu pai morre num acidente antes de concluir sua obra e Hugo fica órfão vivendo dentro do relógio da Estação de Trem de Paris, tentando finalizar sozinho a máquina deixada por seu progenitor. Quando finalmente consegue, ela lhe faz uma revelação que o envolve diretamente na história de um dos maiores cineastas de todos os tempos, George Méliès.

A primeira sessão de cinema da história aconteceu em Paris, em 1895. O filme? Um trem chegando a uma estação e...só! Tudo acontece em apenas 56 segundos. Mas ainda assim, todas as pessoas que estavam naquela sala levaram um verdadeiro susto acreditando que o veículo sairia da tela, sendo tomadas de espanto ao conferir que tudo aquilo não se tratava de uma série de fotos colocadas em sequencia.

Hoje, 117 anos depois, em plena era 3D, foi possível conferir com essa tecnologia em A Invenção de Hugo Cabret a mesma cena representada naquela minúscula sala mais de um século antes, um contraste imenso entre esses dois mundos, mas que ainda assim impressionam e encantam de modo semelhante (a primeira vez que vi um filme em 3D, por puro reflexo desviei diversas vezes de objetos na tela). E essa verdadeira homenagem ao cinema é sem dúvida o maior trunfo de Martin Scorcese em seu novo longa.

Não contente, ele ainda introduz no seu longa George Méliès (interpretado por Ben Kingsley), um dos primeiros cineastas da história (que estava presente na sessão da chegada do trem) e que contribuiu consideravelmente para construir de forma tão sólida a sétima arte. Méliès inventou os efeitos especiais através de truques de montagem, maquiagem e apetrechos de ilusionismo, como bombas de gás. Claro que hoje suas técnicas são precárias e qualquer um consegue reproduzir com uma câmera caseira, mas ele abriu às portas da máquina de sonhos que é o cinema até então usado apenas para retratar cenas sem propósito do cotidiano. Sem sua visão das possibilidades que a arte proporcionava, ela jamais teria alcançado o status que possui hoje em transformar o impossível em possível.

Mas infelizmente – e com pesar digo isso – essa é a única coisa que vale a pena em A Invenção de Hugo Cabret. Em paralelo a toda essa homenagem ao cinema, somos entediados com uma história sem graça do personagem título e sua amiga Isabelle. Hugo é vivido por Asa Butterfield que em nenhum momento consegue despertar alguma comoção pelo status de abandono e miséria de seu personagem e muito menos imprime algum interesse em adentrarmos na sua aventura em descobrir o significado do desenho feito pela sua “invenção”, um storyboard de Viagem a Lua, maior filme de Méliès que o levaria a descobrir a existência de do diretor e perceber que este esteve o tempo todo diante de seus olhos. Pra completar, Scorcese enche a história de subtramas sem qualquer função pra narrativa que só servem para render alguns sofridos minutos a mais na trama, como o romance frustrado e frustrante entre a dona de um café e um jornaleiro.


Talvez a única subtrama realmente interessante seja a do inspetor da estação onde Hugo vive que por ter sido abandonado pelos pais e criado em um orfanato, pune severamente todos os órfãos que captura apenas para se sentir vingado pela injustiça que ele sofrera em sua vida.

O ponto de virada imenso do filme, que começa com um menino órfão numa estação de trem e acaba com a história de um dos maiores cineastas de todos os tempos é interessante apenas pela segunda parte. É uma tarefa de extrema dificuldade manter um roteiro bom por completo quando se faz uma mudança tão abrupta como essa. Uma das partes é sempre muito prejudicada. Somente três vezes vi essa técnica dar certo: Psicose (1960), Um Drink no Inferno (1994) e Cópia Fiel (2011). No mais, sempre foi uma experiência frustrante.

Com isso, acredito que Scorcese teria sido perfeito em contar apenas a história de Méliès que por si só rende um longa que garante brilho nos olhos, sorrisos e lágrimas com sua trajetória que foi de dar vida a fantasia à derrocada e o esquecimento. Além de acrescentar um ótimo conteúdo sobre cinema ao espectador que ao invés disso teve que se contentar com uma história sem graça, chata e entediante que é a cara da Sessão da Tarde.
Decepciona ver um diretor que vinha de um trabalho impecável em A Ilha do Medo, possuir um material tão bom nas mãos e simplesmente desperdiçá-lo.

CONFIRA O TRAILER


ESSE É O PRIMEIRO FILME DA HISTÓRIA: A CHEGADA DO TREM NA ESTAÇÃO


E ESSE É O FILME MAIS FAMOSO DE GEORGE MÉLIÈS: VIAGEM À LUA (NA ÍNTEGRA)


quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

O Artista



NOTA: 10


SINOPSE: George Valentin é o maior astro de Hollywood da década de 20, época que existiam apenas filmes mudos. Peppy Miller é uma fã de seu trabalho e está tentando começar uma carreira de atriz. A tecnologia avança e agora os filmes são falados. Por puro orgulho, George se recusa a aceitá-la, acreditando que isso era apenas uma moda passageira. Porém, o cinema falado fica e ele vê sua carreira ruir, enquanto a jovem Miller está em plena ascensão, numa completa inversão de papéis. Sem trabalho e completamente falido, George mergulha em depressão enquanto ainda sonha com alguma oportunidade na sétima arte.

Quando foi criado, o cinema era definido como a arte de contar histórias através de imagens, e assim foi por muito tempo até chegar o primeiro filme falado em 1927, O Cantor de Jazz, que mudou em definitivo toda a forma de se trabalhar com essa arte. Embora uma mudança muito bem vinda pelo público, a mesma foi uma verdadeira catástrofe para a maior parte dos astros daquele tempo que seja por ceticismo, orgulho ou por não terem nenhum talento falando, caíram no limbo e viram suas carreiras sumirem.

Em 1950, Gene Kelly fez uma sátira excelente desse período em Cantando na Chuva, onde vivia um ator de filmes mudos que busca se adaptar a essa transição. Seu musical é uma pérola do talento e bom humor, arrancando risos de um momento delicado de Hollywood. Mas eis que em 2012, Michel Hazanavicius resgata o mesmo tema, mas na sua essência melancólica retratando o contraponto de uma velha geração cética e sua degradação iminente, e a nova geração aspirando por novidades, abertos a qualquer mudança e desse modo tomando o lugar dos seus antigos ídolos.



Essa premissa Michel consegue resumir numa única cena. Enquanto George Valentin é demitido do estúdio - em que por muitos anos fora o astro principal - desce a escada do prédio abalado, ele topa com a jovem Peppy Miller radiante, subindo a mesma escada para assinar um contrato na mesma produtora. Uma perfeita metáfora de fracasso e sucesso.

E o diretor também teve o cuidado de aplicar toda a linguagem cinematográfica da década de 20 na sua composição, sendo fiel até mesmo ao formato quadrado da tela. Numa época em que os efeitos especiais podem fazer qualquer coisa, ele volta no tempo e dirige um filme mudo e em preto e branco, presenteando o público ao mostrar como o cinema funcionava até a década de 20, além da opção ser perfeitamente coerente com seu roteiro. Afinal, se estamos falando de cinema mudo mesmo, por que não fazer um filme sem som?

Sua exclusão dá a oportunidade de criar cenas belíssimas que contam muito apenas com imagens. A mais tocante é quando Peppy, com um dos braços vestindo o smoking de George, se abraça imaginando ser seu ídolo. Há outras duas onde os letreiros é quem dão o tom: a primeira é no encontro entre Peppy e George no seu camarim onde atrás do galã há o cartaz de um filme chamado “The Thief of Hearts” (O Ladrão de Corações) e mais adiante, com o astro já em declínio, atravessa a rua onde quase é atropelado lê-se no letreiro do cinema ao fundo “The Lonely Star” (A Estrela Solitária). Duas frases que falam por si.

Laurence Bennet faz um excelente design de produção, onde logo no início vemos o famoso letreiro de Hollywood ao fundo com sua concepção original, ou seja, escrito HOLLYWOODLAND. Um detalhe que passaria despercebido por muitos.

Por fim, o elenco como um todo faz um trabalho excepcional, exagerando constantemente nos gestos e nas expressões faciais para dizer o que suas vozes não podem. A cada semana me complico mais nos palpites do Oscar, agora já acho que Jean Dujardin (George Valentin) merece a estatueta de Melhor Ator (veja a lista de indicados aqui) só pelo desafio de participar de uma produção tão complexa. E deviam criar o prêmio de Melhor Bicho de Estimação porque o entrosamento de George e seu pequeno cão arranca vários “aahhhhhhhh”s do público.

Partindo de um ponto de vista completamente oposto a Cantando na Chuva, O Artista se firma como um filme de cenas igualmente belas e melancólicas e garantem um espetáculo que só o cinema pode proporcionar, indo contra todas as convenções atuais. Esse já tem lugar reservado na minha prateleira e com certeza já é um dos melhores filmes do ano.


P.S.: O Artista concorre a 10 prêmios no Oscar 2012, incluindo Melhor Filme, Diretor, Ator e Roteiro Original.

CONFIRA O TRAILER E DÊ O SEU COMENTÁRIO SOBRE O FILME.




quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Os Homens que Não Amavam as Mulheres



NOTA: 10

SINOPSE: Mikael é um famoso jornalista que está com a reputação abalada após cair numa armadilha e publicar falsas acusações de um mafioso sueco. Decidido a se isolar até que as coisas melhorem, ele é contratado pelo bilionário Henrik Vanger para investigar e descobrir quem matou sua sobrinha Harriet 40 anos atrás. O velho empresário acredita que o assassino seja da sua própria família, um núcleo composto por sádicos e nazistas. Para esse trabalho, Mikael conta com a ajuda de Lisbeth, uma hacker nada convencional no seu estilo e nas suas atitudes. Juntos, eles mergulham numa trama de violência extrema e põe suas próprias vidas em risco.

A primeiro filme da trilogia Millennium é sem dúvida de peso. Conta com um diretor de peso, um elenco de peso, um roteiro de peso enfim, uma produção eficaz que já o torna com certeza um dos melhores filmes do ano, sendo ainda melhor que sua versão sueca de 2010, já  excelente.


A adaptação do livro de Stieg Larsson por Steven Zaillian consegue acrescentar elementos importantes deixados de lado pela versão anterior, como boa parte da história de Lisbeth Salander que se mostra crucial para entender a personagem e suas motivações. Além disso, Zaillian facilita a compreensão de uma trama difícil por essência, deixando cada descoberta da dupla Mikael/Lisbeth bem explicada sem deixar espaço pra dúvida. E elimina elementos desnecessários como a sentença em regime fechado que Mikael deveria cumprir no livro e que aqui é acertadamente descartada.

A direção de David Fincher (A Rede Social) é impecável e não economiza na intensidade de cenas que mesmo sendo extremamente fortes, são essenciais para entender aquele mundo, seus personagens e o mistério do assassinato de Harriet. Além disso, Fincher acerta numa montagem que privilegia igualmente tanto Mikael quanto Lisbeth, mostrando o primeiro já mergulhado na investigação, enquanto destrincha a vida da segunda, mostrando que Lisbeth tinha todos os motivos do mundo pra se interessar pelo caso. Por fim, O Iluminado de Stanley Kubrik mostrou que às vezes a neve consegue criar um elemento mais aterrorizante do que qualquer escuridão e aqui não é diferente: ela é quem instala o clima de tensão na narrativa durante toda sua duração.


E com o time de excelentes atores contracenando em perfeita sintonia, fica fácil pra qualquer diretor fazer um bom filme. Nunca vi Stellan Skarsgard (Mamma Mia, Thor) tão bem num papel. Ele interpreta um Martin que é exatamente o oposto do que Henrik dizia de toda a sua bizarra família. Carismático, educado, atencioso com o tio e com a estadia de Mikael, Martin inspira confiança no primeiro contato. 

Cristopher Plummer (Padre, A Noviça Rebelde), emprega em seu Henrik todo o cansaço advindo da sua avançada idade, e mesmo no fim da vida seja a ser comovente seu empenho em descobrir o que houve com sua Harriet, não mais por justiça mas apenas por acreditar que isso trará algum conforto pra sua existência. 

Daniel Craig (007, As Aventuras de Tintimestá muito diferente do invulnerável James Bond que ele interpreta tão bem, dando espaço a um Mikael apresentado de modo vergonhoso pela estupidez de sua matéria investigativa na revista Millennium,  que vai evoluindo de forma avassaladora, tirando o direito de qualquer um pensar que seu tropeço no início da história define sua personalidade. Não se enganem: Mikael é um dos melhores no que faz.


Mas o maior destaque de Os Homens que Não Amavam as Mulheres só poderia ser de Rooney Mara (A Rede Social), numa das melhores atuações dos últimos anos. Lisbeth é de uma complexidade intrigante, com uma personalidade indecifrável. E mesmo sendo uma hacker tão destemida, uma mulher tão segura de si, ainda contrasta com a dependência financeira de seu governo que a impede de se criar sozinha por ser uma cidadã diagnosticada como de alta periculosidade, coisa que a torna ainda mais interessante. Seus gritos estridentes e incessantes quando é atacada por seu tutor (é o máximo que vou revelar aqui) dão vontade de invadir a tela e fazer algo para protegê-la. Felizmente somos premiados pela catarse de vê-la se vingando com chave de ouro, na melhor cena da trama.

É impressionante como dois filmes baseados em um mesmo livro conseguem ser tão brilhantes mesmo que totalmente diferentes um do outro. A versão de David Fincher talvez se saia melhor, pois é o tempo toda tensa, misteriosa e eletrizante. Um filme tão envolvente que chega a despertar o desejo que não acabe nunca. Felizmente ainda temos mais duas sequencias por vir, todas protagonizadas por Rooney Mara, minha candidata ao Oscar de Melhor Atriz (confira a Lista de Indicados).



CONFIRAM OS TRAILERS


VEJA TAMBÉM O TRAILER DA VERSÃO SUECA (2010)



quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

MIssão Impossível 4: Protocolo Fantasma



NOTA: 9

SINOPSE: Infiltrados no Kremlin em Moscou, Ethan e sua equipe tem a missão de conseguir um arquivo com códigos que podem ativar mísseis atômicos. Porém, sua missão fracassa quando os códigos são roubados e o prédio sofre um atentado a bomba de proporções colossais. Os russos acreditam que o atentado foi cometido pelos americanos e um clima de forte tensão se instala nas relações dos dois países. Pressionada, a Casa Branca declara o Protocolo Fantasma que desativa a IMF (Força Missão Impossível) e todos os seus agentes. Agora na clandestinidade e quase sem suporte, Ethan tem que encontrar quem cometeu o atentado e recuperar os códigos roubado, antes que uma guerra nuclear exploda no mundo.

Filme de ação sem marmelada não é filme de ação. Mas é incrível como toda a série Missão Impossível conseguiu conferir alguma verossimilhança nesse gênero tornando justificáveis e aceitáveis as mais impossíveis sequencias como a cena final do metrô no primeiro filme, a perseguição de motos no segundo e por aí vai. Protocolo Fantasma não é diferente, a cena da escalada do prédio de Ethan, frustrada por uma falha de equipamento é impressionante, sobretudo pelo acidente que o personagem sofre na sua descida. E vale lembrar que mais uma vez Tom Cruise não utilizou dublê em nenhuma cena.

E a ação da série se torna um feito ainda maior se levar em conta que os quatro filmes seguem exatamente o mesmo enredo: um agente de elite que desobedece seu governo para frear os planos de algum vilão que pretende destruir o mundo.



Outra característica marcante de Missão Impossível é contar com um elenco de ponta que consegue dar fluxo e conteúdo ao filme, não sobrecarregando o protagonista. Dessa vez, o destaque fica por conta de Simon Pegg (Todo Mundo Quase Morto), um excelente humorista vivendo um agente trapalhão que tira boas risadas do público. Outro destaque - que pra mim é um dos melhores atores da nova geração - é Jeremy Reener, que interpreta um agente de ponta da IMF, rebaixado após um erro numa missão que envolvia diretamente a vida pessoal de Ethan. Porém, se por um lado o terceiro longa contava com o seu melhor vilão, vivido por Philip Seymor Hoffman, dessa vez o desempenho do novo antagonista é tímido e quase imperceptível, o que supreende se levar em conta que ele é interpretado por Michael Nyqvist (o mesmo que viveu Mikael na versão sueca de Os Homens que Não Amavam as Mulheres), que embora vivia um personagem de peso - o primeiro-ministro russo - tem pouco espaço na narrativa e contracena apenas uma vez com Ethan, num clímax bem fraco perto do que já aconteceu nos três filmes anteriores.

E mesmo com um roteiro razoável, sem muitas surpresas e não muito preocupado com o enredo, Protocolo Fantasma cumpre bem seu papel de proporcionar entretenimento de tirar o fôlego, reforçado por um excelente elenco. Missão Impossível não inova na história, mas revoluciona suas sequencias de ação, o que faz a série funcionar não importam quantas continuações sejam produzidas.

CONFIRA O TRAILER



quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Os Descendentes



NOTA: 7

SINOPSE: Matt King é um advogado havaiano que vê sua vida se transformar repentinamente após sua mulher sofrer um acidente que a deixou em coma. Agora ele está sozinho para cuidar das suas duas filhas das quais ele sempre foi distante. Em paralelo, está a frente de uma negociação milionária de um terreno de sua família e vem sofrendo forte pressão de seus parentes para efetuar a venda. E só para piorar um pouco as coisas, ele descobre que sua mulher o vinha traindo e pretendia pedir o divórcio.


“Meus amigos do continente acreditam que só porque eu vivo no Havaí, minha vida é um paraíso. Como se fossem férias permanentes – ficamos por aí bebendo coquetéis, remexendo os quadris e pegando ondas. Eles estão loucos? Como eles podem pensar que nossas famílias têm menos problemas, nosso ataque cardíaco e câncer são menos fatais, nossa dor é menos devastadora? Inferno! Faz 15 anos que sequer subo numa prancha.”



Com essa fala de abertura de Matt King (George Clooney) intercalada numa ótima montagem de um Havaí nem um pouco paradisíaco, ao contrário, bem próximo de nossa realidade, o roteiro de Alexander Payne, Jim Rash e Nat Faxon apresenta de forma bastante inteligente a premissa de Os Descendentes em seus primeiros minutos: não importa o quão rica ou bonita seja a pessoa, e menos ainda o lugar em que ela vive, os problemas do cotidiano não tem endereço e não analisam a renda ou a identidade das pessoas. Eles são iguais pra todos, até mesmo a um milionário havaiano descendente direto da nobreza da ilha.

A cena seguinte ressalta ainda mais essa premissa. Matt está sentado numa sala de hospital, visivelmente cansado, cuidando de sua mulher recém acidentada. Daí pra frente ele enfrenta uma sucessão de problemas e uma jornada de auto descoberta pra mudar sua vida, pois o mundo não irá mudar em função dele. E sua roupa florida e colorida serve apenas para maquiar a turbulência que vem passando. “Não se iluda pela roupa. No Havaí até o mais perigoso gângster usa uma camisa florida.” enfatiza ele.

Clooney está em uma das suas melhores atuações, compondo um Matt King bastante minimalista e naturalista, transformando o personagem numa pessoa comum como qualquer outra. A cena em que ele corre desengonçado de chinelos pelo seu bairro é belíssima.

Porém, o filme de Alexander Payne (Sideways – Entre umas e outras) acaba caminhando pra um desfecho óbvio, especialmente em relação à venda do terreno da família, onde na hora de assinar o contrato de venda, Clooney tem o famoso clichê da epifania onde reflete sobre o sentido da vida e o peso entre o valor emocional e material de suas terras. Até porque o enquadramento perfeito delas numa visita da família King no segundo ato da projeção torna condenável qualquer tentativa de venda de algo tão paradisíaco, o que torna ainda mais previsível o que vem pela frente.

Por fim das contas, mesmo com uma premissa interessante, o desfecho de Os Descendentes acaba por colocar o filme num lugar comum e perde a oportunidade de se firmar como uma grande obra. Ainda assim, ficaria muito feliz de ver Clooney receber a estatueta de Melhor Ator (confira os indicados aqui), pois hoje em dia sinto falta do desempenho simplista que ele teve com seu personagem.

CONFIRA O TRAILER