domingo, 17 de abril de 2011

Sucker Punch - Mundo Surreal

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Nota: 7

Apesar de jovem, Zack Snyder já é um fenômeno no cinema atual. Simplesmente em seu primeiro filme como diretor ele reinventou por completo o gênero zumbi com Madrugada dos Mortos e criou verdadeiros sucessos de bilheteria e público com 300 e Watchmen. Sendo assim já era de se esperar um grande filme com Sucker Punch.
E nele, Snyder faz o que sabe de melhor: criar um incrível design de produção. Porém, assim como em seus outros títulos, esse incrível trabalho técnico vem acompanhado de um enredo fraco e sem muito conteúdo. Uma bobagem que diverte e nada mais que isso.

Em Sucker Punch, Babydoll (Emily Browning) é uma jovem que acabou de perder a mãe e que, sofrendo abusos do padrasto, tenta assassiná-lo matando acidentalmente sua irmã caçula. Internada num manicômio, ela tem cinco dias para fugir antes de ser lobotomizada. E para tal, Babydoll mergulha numa aventura num mundo paralelo onde deve conquistar cinco itens para fugir: um mapa, fogo, uma faca, uma chave e o quinto que é um mistério.

Falando assim parece até uma história bem simples. Porém, nesse mundo paralelo (que nada mais é do que um local que ela imagina enquanto dança) ela terá que enfrentar samurais gigantes com metralhadoras, dragões, robôs e – pasmem – nazistas zumbis. Complicou um pouco, não é?

A partir daí, parecia não haver outra saída para a produção conseguir inserir a protagonistas e suas amigas em tamanhas aventuras – incrivelmente sensacionais nas coreografias de ação e efeitos especiais. Contudo, transportando toda a ação do filme para um mundo imaginário, o diretor acaba reduzindo consideravelmente o interesse do espectador pelo desfecho de Babydoll e suas amigas, pois uma vez que tudo aquilo se passa na sua imaginação, com certeza nada de mal acontecerá, fazendo delas invencíveis enquanto nesse local.

Bem diferente do mundo real onde elas eram tratadas como verdadeiras escravas sexuais pelo administrador desse curioso sanatório que ao mesmo tempo funciona como uma espécie de bordel. Daí surge algo curioso, porque para evitar que a censura ao filme aumentasse, Snyder optou por fazer com que as internas apenas dançassem para seus clientes, quando nas entrelinhas era evidente que elas eram forçadas a fazer programas.

Até porque os figurinos das atrizes utilizam em praticamente todo o filme (nos dois mundos) são extremamente curtos e provocantes, minando quaisquer possibilidades de atenuar tal situação. E junto aos figurinos provocantes vem uma maquiagem que transformam todas elas em verdadeiras pin-ups, e o exagero em maquiagem é tão grande que nem mesmo o diretor do sanatório escapa de usá-la.

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Uma coisa que acaba incomodando bastante é a obsessão que Snyder tem com planos detalhes que na maioria dos casos são desnecessários, bem como nas câmeras lentas que mais servem para tirar a adrenalina da ação e alimentar o ego do diretor, do que apresentar algum ponto realmente relevante. E isso já vem dele desde 300, repetindo em Watchmen.

E mesmo já citado acima, o design de produção merece um parágrafo a parte. Zack Snyder é um verdadeiro mestre nisso! Em Sucker Punch ele cria um mundo real repleto de cores quentes apelando à sensualidade - assim como no bordel de Moulin Rouge - contrapostas com o mundo surreal no meio do nada quase monocromático, intencionando em não fazer o espectador se dispersar tentando identificar o cenário, mas sim se concentrar na ação.

Numa mistura de Matrix, Um Estranho no Ninho, Moulin Rouge e Senhor dos Anéis, Zack Snyder trás às telas um filme que é ótimo para os olhos, mas nem um pouco para o cérebro, sendo isento de qualquer conteúdo. Na verdade, Sucker Punch nada mais é do que uma fantasia de adolescente viciado em vídeo games (e o filme parece desenrolar em fases como num jogo) que ele finalmente conseguiu trazer para o cinema. Mas para quem busca diversão - como foi meu caso - vale muito à pena!

Trailer HD - legendado

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