quarta-feira, 23 de março de 2011

Invasão do Mundo - Batalha de Los Angeles

invasao do mundo
NOTA: 5

A Terra está sendo dominada por extraterrestres; a raça humana está condenada a extinção e ao que tudo indica, nada podemos fazer para evitar esse apocalipse. Mas eis que no sofrimento e na desilusão surge uma esperança. E finalmente o ponto fraco do inimigo se revela e podemos restaurar a paz no mundo (sempre com uma pequena ajuda do exército americano).


Em poucas palavras, acabei de contar a história inteira de pelo menos uns dez filmes de ficção científica como Marte Ataca, Independence Day, Guerra dos Mundos etc. E é incrível que em frente a essa total falta de criatividade ainda há quem insista em repetir essa fórmula. E em maior ou menor grau a Invasão do Mundo é basicamente isso: uma repetição do que muitos já fizeram.


No filme, após décadas fazendo incursões na Terra, eis que os alienígenas finalmente decidem atacar nosso planeta e num embate maciço tomam em poucas horas quase todas as capitais do mundo (que novidade!). Agora, cabe ao esquadrão 2/5 do exército americano, comandados pelo Sargento Michael (Aaron Eckhart) defender e retomar a mais importante capital americana no momento: Los Angeles.


Não contente em fazer um filme num argumento já batido, o diretor Jonathan Liebsman ainda tem a cara de pau de copiar descaradamente outros longas (os alienígenas surgem exatamente do mesmo modo que em Guerra dos Mundos). E nos poucos momentos que tenta exercer alguma criatividade, na concepção dos invasores, ele apela pra figuras que beiram a comédia (notem que parte do corpo se assemelha suas cabeças).


Além disso, logo em seu início ele apresenta uma a uma a história de cada um dos muitos soldados do esquadrão 2/5, na tentativa de gerar vínculo com os personagens. Porém, essa tentativa é minada por ele mesmo, pois nenhuma delas é desenvolvida e muitos morrem ao longo da trama sem haver qualquer nova ligação com sua história. Ou seja, os primeiros 20 minutos são totalmente desnecessários, uma vez que o que Liebsman queria era guerra. Até porque quando escrevi sobre Os Mercenários já havia dito que se torna muito difícil a identificação num filme carregado de personagens, como é o caso.


Li na crítica de um amigo (Pablo Villaça) que Invasão do Mundo é um filme pra macho e concordo com ele. Tanto que logo de cara o piloto do helicóptero do exército americano manda seus soldados serem machos antes de entrarem em combate. E é tão filme de macho que a única mulher que compõe o exército é vivida por Michelle Rodriguez (Velozes e Furiosos, Resident Evil) fazendo o que sabe de melhor, ou seja, interpretando mulheres masculinas.


E observem que há uma incoerência fatal no roteiro. Na metade da história é descoberto que o que os aliens buscam em nosso planeta é nossa água em seu estado abundante(líquido), crucial para sua sobrevivência. O mesmo soldado que faz a descoberta, também afirma que a Terra é o único local do universo onde encontramos ela nesse estado. Ora, façamos uma pausa para meditar: se os invasores dependem de água para sua sobrevivência e aqui é o único lugar que ela existe, como foi que eles sobreviveram durante tanto tempo fora? Pois é, a produção se esqueceu de pensar nesse “pequeno” detalhe quando o inseriu no filme.


No mais, Invasão do Mundo tem seus méritos. A fotografia é ótima, fazendo um bom uso da câmera na mão, na busca de transformar o evento em algo documental. Também há uma neblina que encobre a cidade no início da invasão que tornam ainda mais imprevisíveis e assustadores os inimigos, atrasando a apresentação se sua figura a nós e ao exército. A edição e mixagem de som também fazem um ótimo trabalho levando o espectador a mergulhar no meio dos tiroteios (um pouco escassos). Desnecessário dizer a essencialidade que foi a aplicação de efeitos especiais para que tudo funcionasse.


Embora com alguns méritos, o saldo final de A Invasão do Mundo: Batalha de Los Angeles acaba sendo negativo, pois é óbvio, fraco e contraditório. Mas o que realmente chama a atenção é que em mais de cem anos de história do cinema foram inúmeras as tentativas de filmar títulos que pudessem assombrar a população sobre uma eventual invasão extraterrestre. Entretanto, todas elas fracassaram e no fim das contas a única vez que isso de fato aconteceu foi em 1938 no meio mais improvável, o rádio, na célebre transmissão de Orson Welles dizendo que a Terra estava sendo invadida naquele momento por discos voadores. Já passou da hora do cinema analisar se esse é um tema que vale realmente a pena investir.


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