sábado, 24 de julho de 2010

Shrek Para Sempre – para sempre um filme perfeito


Sempre que uma sequência de qualquer filme de sucesso chega aos cinemas vem aquela dúvida cruel: “Será que esse vai ser tão bom quanto os outros?”, mas com certeza esse não é o caso de Shrek Para Sempre, o quarto filme do anti-herói mais querido do mundo, que está impecável como sempre.

Com o 3D mais eficiente e convincente desde Avatar (evitando a pieguice de braços saindo da tela), no quarto e último filme da série, Shrek começa a sentir um forte cansaço da rotina e saudades dos tempos em que era um ogro temível por todos, ou seja, antes de conhecer Fiona. Sendo assim, assina um contrato com um duende chamado Rumpelstiltskin (eu sei, é quase impossível pronunciar) onde ele poderia viver despreocupadamente como um ogro assustador por um dia, dando em troca um dia de sua vida a Rumpel. O que ele não contava é que o duende usaria este dia para impedir sua existência e assim dominar o reino de Tão Tão Distante. Agora cabe a Shrek consertar as coisas nesse novo mundo bastante mudado.

O que mais me impressiona em todos os filmes de Shrek é o sucesso feito indo justamente contra as fórmulas empregadas por Hollywood. A começar pelo banho de água fria que joga em todos os contos de fada mais famosos, satirizando-os sem cometer exageros, como um Gato de Botas que se torna obeso após a aposentadoria. Todos os personagens do universo dos contos são inseridos inteligentemente às regras da sociedade contemporânea, sendo mais divertidos e mais fácil ao público se identificar com qualquer um deles.

Ridiculariza também algumas técnicas de filmagem empregadas deixando claro o quanto elas são utilizadas apenas para iludir o espectador, como na cena em slow motion dos cabelos esvoaçantes de Fiona na sua primeira aparição como heroína da resistência ou as constantes trilhas sonoras passando a certeza de um acontecimento previsível, frustrado logo em seguida ocorrendo exatamente o oposto.

Aliás, com Fiona é feita outra crítica ácida ao cinema americano: a dificuldade e o preconceito que Hollywood tem em retratar personagens femininos: ou como totais submissas à sociedade machista ou de um modo truculento em que nada as distinguem do universo masculino. Fiona é retratada dos dois modos no longa, ora sendo a esposa sempre presente, ora sendo a guerreira mais valente do que todos os ogros fortões. Há exceções como no filme Erin Brockovich, mas são realmente raras exceções.

O filme é dirigido magistralmente por Mike Mitchell e chama muita atenção no longa a riqueza de detalhes tanto dos personagens como de todo o cenário e paleta de cores utilizadas. A “atuação” dos personagens - se é que podemos chamar assim - é tão rica que por vezes parece realmente que há um ator ali, especialmente em Rumple e suas expressões faciais que se alteram radicalmente da água para o vinho em diversos momentos. Além da facilidade em que foi trabalhada em toda a série a combinação de elementos da era medieval com os do mundo contemporâneo, como instrumentos musicais feitos de abóboras e um espelho/televisão de alta definição.

Já o roteiro não chega a ser tão envolvente. É eficiente no primeiro ato em que vemos passo a passo o stress do cotidiano afetando Shrek e como ele pouco a pouco sente a perda de sua identidade. Porém, quando passa a ter uma nova vida, indo para uma nova Tão Tão Distante (numa viagem a la Mágico de Oz) a narrativa pouco a pouco vai perdendo seu interesse e se torna comum e previsível.

Mas isso não impede de retratar fatos muito interessantes como a total falta de personalidade do vilão, trocando de peruca para cada ato seu, as piadas rápidas e sempre bem-vindas do Burro Falante e o Gato de Botas, ou um caçador de recompensas e sua arma impensável até para os mais espertos. Sem contar num encontro romântico nada convencional entre Shrek e Fiona regado a socos e pontapés.

Se por um lado o roteiro não desperta tanta atenção, só o fato de reencontrarmos todos esses personagens tão incríveis de Tão Tão Distante valem muitas idas ao cinema. E é uma pena que esse seja o último episódio da série que com certeza vai deixar muitas saudades e...por mais que seja duro, melhor terminar agora enquanto é inesquecível do que estendê-la a um ponto onde comece a se tornar cansativa e prosaica.

NOTA: 9


CONFIRA O TRAILER (Dublado)


Nenhum comentário: