NOTA: 5
Assistindo aos primeiros minutos de Depois da Terra,
imaginava que veria um grande filme, com uma excelente mensagem sobre como
nossas atitudes degradantes com nosso planeta podem ter consequências drásticas,
como a impossibilidade de até mesmo continuarmos a viver aqui. Mas bastaram
poucos minutos para perceber que essa rápida introdução servia apenas como mero
pano de fundo, preparando terreno para um filme monótono que promete muito e
entrega pouco.
Em Depois da Terra, após tanta destruição em nosso planeta a
humanidade é obrigada a deixa-lo e viver em um novo, chamado Nova Prime. Mesmo
se mudando há mil anos, os humanos são assolados constantemente por ataques de
criaturas alienígenas chamadas Ursas, seres cegos que nos detectam farejando
nosso medo. Cypher Raige (Will Smith) é um Fantasma, um soldado que não sente
medo e por consequência não é rastreado por essa ameaça. Numa missão espacial
com seu filho. o indulgente Kitai, sua nave é atingida por uma chuva de
asteroides e pai e filho são atirados ao pior planeta do universo, a Terra,
onde tudo que a habita é uma ameaça à vida humana. Ferido, Cypher tem que
deixar de lado sua relação tempestuosa com o filho, coordenando e contando com sua
determinação para protege-los e manda-los pra casa.
Com uma sinopse, trailer e uma abertura que prometem, Depois
da Terra se resume a exatamente isso, uma promessa. Com um roteiro fraco, uma
direção ruim e um protagonista que tem como principal talento ser filho do Will
Smith, o filme não empolga em nenhuma cena. Quando chegam a Terra e Kitai sai em
missão, seu pai o alerta de que tudo naquele planeta existe para mata-los, mas
os que vemos é uma meia dúzia de animais em CGI que pouco se mostram como uma
ameaça real. Além disso, há tão pouca ação no roteiro que é necessário inventar
obstáculos, como as cápsulas de oxigênio que Kitai deve tomar e que obviamente estão
escassas em sua missão. Que dúvida!
Além disso, seu roteiro (adaptado do livro homônimo) possui
tantas falhas que me pergunto se em algum momento ele passou por alguma revisão
antes de ser filmado. Em nenhum momento se explica como conseguimos evoluir tão
rápido num planeta deserto e sendo constantemente massacrados pelas ursas. Também
não fica muito clara a real função do papel da filha de Cyphe, Senshi, na vida
dele e seu filho. Sugerem que sua morte seja a razão do conflito entre ambos,
no entanto ela recebia o mesmo tratamento frio do pai que seu irmão. Difícil
acreditar que esta seria a mesma a razão. Aliás, é difícil acreditar que muita
coisa realmente acontece no filme, como desperdiçar uma das poucas cenas onde
há alguma carga emocional (aquela em que uma ave dá sua vida para proteger
Kitai) com um reação apática do personagem, que teoricamente é o oposto do pai,
diante do fato.
E Will Smith parece ter recebido uma aplicação recorde de
botox no rosto, pois sustenta exatamente a mesma expressão do início ao fim do
filme. Uma coisa é não sentir medo, a outra é não ser dotado de nenhuma emoção.
Admito que no primeiro ato sua postura é muito interessante. A calma do
personagem diante do colapso de sua nave em meio à tempestade de asteroides é
um show de atuação. Mas daí pra frente, o interessante se torna entediante até
o fim da estória.
Com uma produção que promete muito e entrega pouco, M. Night
Shyamalan mais uma vez parece mostrar que vem perdendo a mão em seus filmes,
colecionando fracassos em seus recentes trabalhos, ao menos no que diz respeito
à qualidade. A expectativa é que as prováveis sequencias de Depois da Terra
sejam mais interessantes, pois material pra isso existe.
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