NOTA: 10
Quando fui assistir Detona Ralph
estava preparado para ver um roteiro mais preocupado em empurrar uma série de
personagens de jogos antigos e atuais do que contar uma boa história. Mas
felizmente estava enganado, e Detona Ralph conta com uma história brilhante e
cativante. E ainda assim os estúdios Disney não se esquecem daqueles
marmanjões, como eu, que viviam grudados no fliperama, nos premiado com uma
viagem nostálgica aos personagens e jogos como Street Fighter, Super Mário e
até mesmo PacMan. Assim, o estúdio acerta em dobro, privilegiando tanto os fãs
da sétima arte, quanto os dos games.
Em Detona Ralph, Fix-it Felix é um
jogo arcade que surpreendentemente completa 30 anos de atividade. Contudo, o
vilão do game, Ralph, está cansado de fazer o papel do vilão do jogo, pois não
se considera mal e não gosta de ser ignorado por todos em função disso. Para
conquistar o respeito dos seus colegas de jogo, Ralph sai numa aventura em
outros jogos para conquistar uma medalha de herói e assim provar seu valor. No
decorrer da sua jornada ele vai parar no Sugar Race, um jogo de corrida
bastante doce e singular, e lá ele encontra Vanellope, uma menina ignorada por
ser um bug do jogo e que também quer mostrar seu valor aos seus colegas,
vencendo uma corrida. Os dois personagens topam se ajudar, mas vão ter que
encarar o vilão Candy que persegue Vanellope a qualquer preço e uma infestação
de insetos assassinos. Além disso, Ralph tem que voltar rápido para o seu jogo,
antes que ele seja desligado por não contar mais com o seu antagonista.
Dirigido pelo estreante Rich Moore,
o diretor não se contenta em apenas contar uma história que envolva personagens
de vídeo game, ao invés disso, engradece sua obra com detalhes como a
movimentação em low frame dos personagens de Fix-it Féllix, e até mesmo uma
direção de arte que faz referência direta ao período em que alguns dos jogos
apresentados eram populares, como na cena onde Ralph e outros vilões deixam o
cenário de Pac Man e vemos a imagem exatamente com os gráficos pixelados do
período (o mesmo acontece nos créditos finais que faz uma viagem pela história
dos vídeo games).
Além disso, o roteiro, cujo Rich
também é um dos autores, tem algumas sacadas geniais como a apresentação do
conflito vivido por Ralph numa sessão de terapia em grupo com outros vilões
como Zangief e Bowser. Aliás, é nessa mesma cena em que a premissa de todo o
filme é dada numa fala de Zangief: “Ralph você é um malvado, mas isso não quer
dizer que você seja malvado”. É essa frase que vai fazer um vilão dos games de
coração puro como Ralph, provar que tem mais valor do que qualquer herói.
O roteiro também acerta em não
deixar nenhuma ponta solta, fazendo com que tudo o que foi apresentado, como o
vulcão de Coca-Cola e Menthos, o laser para atrair insetos, o martelo milagroso
de Félix, todos aparentemente sem muita importância, tenham uma função crucial
para o desenvolvimento da história. Os termos do mundo dos games também, com
virar turbo ou ser um bug, são usados sem pieguices e são muito bem explicados,
não caindo na armadilha fácil de transformar as falas em algo que só tenha
significado para quem viva naquele mundo.
Os personagens são um caso a parte.
É impossível não simpatizar com o grandalhão Ralph que só que ter um pouco mais
de respeito. Ainda mais cativante é a pequena e adorável Vanellope, que mesmo
sendo um bug (o equivalente a uma doença sem cura) não deixa de estar sempre
bem humorada e determinada a atingir seu objetivo de vencer uma corrida do
Sugar Rush, mesmo tendo todos contra si. E o casal Félix e Calhoun que mesmo
tendo 30 anos e muita tecnologia os separando formam uma dupla corajosa e
divertida.
Assim, 2013 começa com um excelente
filme que mesmo sendo uma animação, transita entre as risadas e as lágrimas,
mostrando como esse gênero vem ficando cada vez mais adulto. Detona Ralph não é
só uma viagem à nostalgia muito bem-vinda ao universo dos games, mas também uma
história rica, inteligente e cativante que dá vontade de ver e rever muitas
vezes.
CONFIRA O TRAILER
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