sexta-feira, 13 de julho de 2012

O "Espetacular" Homem Aranha


NOTA: 3

Quando li pela primeira vez que a saga do Homem Aranha seria relançada tão pouco tempo depois de sua primeira – e excelente – estreia em 2002 pensei cá com os meus botões que o único motivo pra isso era tentar esmiuçar um pouco mais o passado de Peter Parker e recriar uma história ainda mais impactante que sua antecessora como fez Cristopher Nolan com Batman Begins em 2005.

Nos trailers, todos centrados nos dramas de Peter, minhas previsões pareciam estar corretas, mas quando finalmente O Espetacular Homem Aranha estreou vi que estava errado e assisti a uma completa decepção. O “reinício” da saga nada mais é do que uma cópia descarada e mal feita de seus antecessores.

Qualquer semelhança não é mera coincidência. No longa, Peter Parker é um adolescente misteriosamente abandonado pelos pais e criado pelos tios. Certo dia, ele descobre uma pista deixada pelo seu pai em documentos antigos, que o leva até a Corporação Oscorp onde é picado por uma aranha geneticamente modificada. Com a combinação do DNA de ambos, Peter adquire poderes que o transformam num hábil herói, já com a missão de deter um cientista que, transformado num lagarto gigante, tenta transformar todos os habitantes de Nova Iorque em seres como ele.

Não há nada de errado em retomar alguns pontos da saga anterior como um todo para dar base na sua história. Por retomada, me refiro ao processo entre a apresentação e a transformação de Peter Parker no Homem Aranha. O problema é quando se utiliza quase metade do filme para chegar a esse ponto, esticando uma história entediante e, numa dificuldade evidente do roteiro em apresentar conflitos, fazendo o uso abusivo de coincidências em sua narrativa para dar alguma justificativa às ações que víamos na tela. Peter é apaixonado por Gwen (Emma Stone - Zumbilândia) que por coincidência trabalha na Corporação Oscorp que por coincidência é o local onde o pai de Peter trabalhou e que, por coincidência, continha uma porção de aranhas geneticamente modificadas. E gostaria que essa fosse a última coincidência, mas a verdade é que estenderia muito esse parágrafo se citasse todas.

Fora isso, muitas das cenas são exatamente idênticas ao Homem Aranha lançado em 2002: a transformação do cientista num lagarto gigante após um procedimento científico que deu errado (lembra do Duende Verde?); a lição que Peter Parker dá no valentão da escola logo quando se transforma; a morte do tio Ben e por aí vai.

Num filme onde até mesmo a fotografia é idêntica ao primeiro Homem Aranha, ao menos o ótimo trabalho de efeitos especiais salva parte do projeto. Algo de certa forma ruim, pois efeito especial é algo que se torna rapidamente obsoleto.

Outro ponto positivo é a atuação de Andrew Garfield (A Rede Social) vivendo um herói muito mais próximo dos quadrinhos, principalmente pelo seu sarcasmo constante. Além disso, confere um naturalismo a sua caracterização numa cena onde mesmo disfarçado e em plena atividade, atende seu celular para ser lembrado pela tia que deve comprar ovos antes de chegar em casa. Senti falta apenas da fragilidade de Tobey Maguire que dava muito mais profundidade à sua versão do herói, em contraponto a Andrew que é mais superficial e parece estar mais seguro de si mesmo antes de ser picado.

Numa franquia relançada tão cedo pelo próprio estúdio que criou dois – esses sim – espetaculares Homem Aranha (o terceiro tento esquecer que existiu), não deixa outro pensamento que seu único objetivo era nada mais, nada menos que gerar faturamento pro seu caixa, pois é impossível acreditar que um filme que copia seus antecessores em absolutamente tudo tenha algum outro propósito. Seria mais interessante lançar um Homem Aranha 4, deixando ao encargo de quem entende do assunto fazer um bom trabalho, do que queimar suas fichas nesse “Espetacular” Homem Aranha, que nem mesmo como espetáculo tem serventia.


CONFIRA O TRAILER 



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