sexta-feira, 30 de março de 2012

Jogos Vorazes


NOTA: 9


SINOPSE: Num mundo pós-apocalíptico, 12 colônias se rebelam contra sua capital e travam uma guerra pela independência. Derrotadas, anualmente elas são obrigadas a oferecer a sua algoz um casal de jovens para participarem de um jogo violento onde apenas um sai vivo, os Jogos Vorazes. Mas tudo tende a mudar quando a participante da colônia mais fraca, Katniss, se mostra a mais forte dos concorrentes e preocupa a organização dos jogos.


Um grande número de participantes, cada um com um estilo e personalidade diferentes, participam de um reality show aonde um a um eles vão sendo eliminados até restar apenas um, o vencedor. Um jogo empolgante que leva o público ao delírio, atrai patrocinadores bilionários de todos os segmentos e é sucesso de audiência.

Basicamente, esse é o mote de Jogos Vorazes, mas a mesma definição caberia perfeitamente para programas como Big Brother, A Fazenda e outros tantos alienantes lixos culturais ao quais nos entregamos de braços abertos.

Essa crítica ácida do filme à sociedade de espetáculo que prefere apontar seu dedo a um suposto “estuprador” fabricado pela mídia e dedicar todos os seus esforços em debater um assunto vão como esse ao invés de parar e refletir o quão vem sendo marionetes mídia, fez com que (ao menos pra mim) Jogos Vorazes fosse de uma aventura teen aparentemente medíocre para uma grande obra que esfrega na cara do espectador que tipo de pessoas nos tornamos.

Um apresentador a la Bial egocêntrico, espectadores ávidos que simplesmente ignoram que os participantes daquele jogo caminham pra morte e até mesmos os próprios participantes que traem todos seus princípios em nome do prêmio. Mesmo num universo fantasioso, as referências com o nosso mundo são inúmeras e evidentes.

Adaptado do livro homônimo de Suzana Collins, o roteiro acerta por um lado em trabalhar bem toda a carga emocional da protagonista Katniss (Jennifer Lawrence) que se entrega a um jogo onde provavelmente morrerá para salvar sua irmãzinha que iria em seu lugar, e também mostrando que nos bastidores do jogo não há nada imprevisível, tudo é perfeitamente arquitetado e manipulado pela sua organização e seus patrocinadores (inclusive o vencedor). Mas por outro, peca em tornar a trama maniqueísta demais, transformando todos os concorrentes de Katniss em pessoas “do mal” quando o que todos buscavam ali era sua própria sobrevivência.

A fotografia e edição também prejudicam muito nas cenas de ação. Logo quando os jogos começam, a câmera treme tanto e há tantos cortes que não conseguimos enxergar nenhum combate sequer da chacina que está ocorrendo. Uma estratégia para impedir que fosse elevada a censura mínima do filme, mas que impossibilita que nós realmente víssemos aquele reality show como algo tão violento.

Em compensação, Jennifer Lawrence desempenha um papel excelente com uma personagem muito parecida com a qual ela viveu em Inverno da Alma, filme que lhe rendeu uma indicação ao Oscar de Melhor Atriz.


Independente de uma falha ou outra, é uma surpresa muito feliz um filme que tinha tudo para passar em branco fazer uma crítica tão marcante à sociedade alienada como a nossa. E Jogos Vorazes, assim como Harry Potter, prova que é possível sim criar histórias interessantes e inteligentes para jovens, ao contrário de quase tudo que é lançado para esse público, infelizmente.

Confira o trailer clicando aqui.




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