sábado, 28 de agosto de 2010

O Último Mestre do Ar – Egocentrismo superando a criatividade.



Escrito, produzido e dirigido por M. Night Shyamalan. Todo esse poder é coisa rara hoje em dia em Hollywood. Somente diretores poderosos e consagrados como Spielberg e Tarantino têm essa autonomia hoje em dia, afinal são milhões de dólares investidos e um risco muito alto a se correr. Mas pra tudo há exceções e definitivamente Shyamalan e seu O Último Mestre do Ar é um péssimos exemplos.

No seu mundo adaptado do desenho Avatar (não confundir com o filme), existem quatro povos controlando cada um, um dos elementos da natureza (água, fogo, terra e ar). Esses povos viviam em harmonia até que a Nação do Fogo decide dominar todos eles. Agora cabe a Aang, um garoto que é o único humano desse mundo a controlar os quatro elementos, impedir a expansão imperialista do povo do fogo.



Carregado de efeitos especiais, O Último Mestre do Ar é aquele tipo de filme que enche os olhos nos trailers, mas que se mostram uma total decepção quando assistidos. Shyamalan sempre foi um exímio contador de histórias, mas nesse caso parece que ele se esqueceu de como fazê-lo. O filme é muito confuso e me parece que ele quis inserir tudo do universo do desenho nele, transformando a história numa verdadeira salada de frutas. Além da trama principal, há uma série de tramas secundárias e personagens em excesso que não conseguem se firmar, como é o caso da disputa entre Zuka e Zhao, ou até mesmo o monstro de aparência carismática Appa, que passa totalmente em branco.

E se um filme é escrito, produzido e dirigido por uma mesma pessoa, não é de se estranhar que ela tenha errado em todas as suas tarefas. Ao contrário de querer autonomia para criar um filme que tinha muito para ser um sucesso, Shyamalan pareceu o tempo todo mais preocupado em alimentar seu ego inserindo falas estúpidas e slow motion em praticamente todas as cenas que possuem efeitos especiais para que nós, reles mortais, ‘apreciemos sua genialidade’.

Embora de início chame muita atenção toda a técnica Tai Shin Shuan dos personagens para controlar os elementos, em coreografias que exigiam muito treino, com o tempo a quase ausência de combates físicos cansa o espectador que diversas vezes se pergunta: “Por que não aproveitam pra matar ele com um golpe enquanto ele faz toda essa dança pra soltar uma bola de fogo?”

Parece que fora os efeitos, tudo deu errado no filme: o egocentrismo de seu diretor, uma história muito mal contada e um elenco de novatos de péssima qualidade. O Aang de Noah Ringer é artificial de sua primeira à última aparição, sendo tão difícil expressar qualquer emoção que nem se nota o seu drama existencial que parece ter alguma importância à história. E as mesmas péssimas atuações se estendem ao restante do elenco. Há apenas uma exceção: Dev Patel. Se quem achava que ele tinha sido apenas um ator que deu sorte em ‘Quem Quer Ser Um Milionário?’ vai se surpreender com a boa performance com seu Príncipe Zuko, com seu eterno conflito interno entre ser justo ou ser aceito pelo pai.

Talvez como Orson Welles, Shyamalan tenha feito sua obra-prima logo no início da carreira (O Sexto Sentido) e venha decaindo desde então (Sinais, Dama D’água, Fim dos Tempos), pois O Último Mestre do Ar é com certeza seu pior filme (e vai ter continuação). Mas aposto que ninguém o convencerá jamais disso, afinal o grande mal dos egocêntricos é acharem que estão sempre certos e o mundo todo é que está errado.



NOTA: 5


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sexta-feira, 27 de agosto de 2010

A Melhor Trilha Sonora do Cinema: A Balada do Pistoleiro


Essa pra mim sem a menor sombra de dúvida é a melhor canção do cinema, Malaguena Salerosa, do filme A Balada do Pistoleiro (1996) escrito, produzido e dirigido pela genial Robert Rodriguez.

Uma música divertidíssima, muito gostosa de ouvir e que já em seus créditos revela muito do perfil de seu personagem principal: El Mariachi. Embora esteja em castelhano, reparem no que for possível entender o quanto ele fala de si mesmo e a partir disso o que podemos esperar de tal personagem. Além disso, há uma pequena mostra de seu senso de justiça que o acompanhará em toda trama.


domingo, 22 de agosto de 2010

sábado, 21 de agosto de 2010

Os Mercenários - muita ação pra pouco filme


Se tem uma coisa que é arriscada fazer no cinema é colocar muitos personagens num mesmo filme. Fica difícil trabalhar a trama de todos e dar equilíbrio em suas participações. E esse foi o pecado grave cometido por Stallone em seu novo filme: Os Mercenários.

O elenco mais desejado para um filme de ação de todos os tempos (Jason Sthatan, Jet Li, Terry Crews, Dolph Laugdren dentre outros), Os Mercenários tinha tudo para ser uma obra memorável do gênero não fosse essa armadilha que Stallone, visando fins comerciais, armou para si mesmo. Os personagens ficam dispersos na história e fica evidente a dificuldade em inseri-los no filme de modo satisfatório. Alguns ficam quase esquecidos como Terry Crews e Jet Li e outros são esquecidos por completo como é o caso de Randy Couture.


No filme, Stallone interpreta Barney líder de um grupo de mercenários que reúne os melhores assassinos da terra, cada um na sua especialidade. Seu grupo é contratado para eliminar um ditador de uma ilha no Golfo (numa referência clara ao Chavez), porém descobrem que esse trabalho não será tão simples e que eles podem estar caindo numa cilada.



Tudo que envolve ação no filme é realmente muito impressionante. As lutas são excelentes e muito bem coreografadas, combinando técnicas de jiu-jitsu, wrestler e kung fu. Os tiroteios também são longos, violentos e bem trabalhados, lembrando muito o último filme de Stallone, Rambo 4. As cenas são rápidas, mas não perdemos nenhum detalhe, e diferentes de tudo o que se costuma a ver no cinema. Barney é rápido no gatilho como um cowboy do velho oeste e Christimas é um exímio atirador de facas, coisa que fica clara na primeira aparição do grupo combatendo piratas somalis num navio. Há um certo exagero nos banhos de sangue, mas nada que atrapalhe o impacto das cenas. Impressiona também o preparo físico de Stallone para o filme, dispensando dublês em plenos 64 anos.
Mas essa é a única coisa boa de todo o filme.

Seu roteiro é péssimo e fica claro que a única intenção do longa é o foco nas cenas de ação. A história é facilmente previsível e nem um pouco envolvente. E ainda há o desastre completo de Stallone ao tentar inserir algum código de ética a um grupo de MERCENÁRIOS logo no início do filme, quando seu personagem diz a Gunnar, que pretendia matar um criminoso por pura diversão, que não é assim que eles ‘trabalham’. Estranho ouvir isso de quem ganha a vida matando quem nem conhece. Bobagem também são as piadas inseridas pra dar alguma graça à história que, coincidentemente, têm sempre algo a ver com a vida pessoal dos atores, a exemplo da piada feita com a orelha de Couture ou a referência ao desejo de ser presidente do personagem de Schwarzenegger. Aliás, sua participação foi curta, mas ótima para matar as saudades. E era o sonho de todo fã de filmes de ação ver Stallone, Bruce Willis e Scwarzenegger contracenarem. Sem contar que essa cena dá uma abertura a uma continuação para o filme, pois nela há dois grupos rivais de mercenários que não são nem um pouco amistosos em suas relações.

Parece também que toda a equipe que realizou o filme esqueceu que mulheres também o assistiriam, pois Os Mercenários é uma ode ao machismo: músculos, bebidas, pancadaria, promiscuidade e as mulheres, em boa parte do filme, tratadas apenas como objetos de prazer. E nem a participação de Gisele Itié ameniza o fato, até porque sua atuação é péssima.
Para quem gosta de Silvester Stallone (como eu) e seus filmes com muita pancadaria, tiros e ação, Os Mercenários é um ótimo programa para o fim de semana. Mas quem gosta de tudo isso e um pouco mais de conteúdo e qualidade, acredito que essa não seja a melhor opção. Os Mercenários é um filme para simplesmente se ver na tela e não assistir. Uma distração bem-vinda e nada mais que isso.

NOTA: 6

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sábado, 14 de agosto de 2010

A Origem – Uma incrível viagem ao mundo dos sonhos



Avatar vai perder espaço nas rodas de discussão de cinema. Isso porque acaba de estrear A Origem, o novo filme de Cristopher Nolan, que promete ser a sensação dos próximos meses. Um filme complexo, mas igualmente empolgante que não caberia numa crítica tudo a ser dito ao seu respeito.

No longa, Cobb é o líder de um grupo que possui a habilidade de invadir os sonhos de qualquer pessoa para extrair informações, uma atividade ilegal e com fins empresariais. Após fracassar com uma de suas vítimas, o empresário bilionário Saito, o mesmo o contrata para fazer o trabalho oposto e muito mais difícil: inserir uma informação nos sonhos de um concorrente seu para que este dividisse a empresa recém-herdada do pai. Instigado pela recompensa (que não revelarei aqui) Cobb aceita e recruta uma equipe para realizar a tarefa.

Escrito e dirigido por Nolan, A Origem leva o espectador numa incrível viagem ao mundo dos sonhos sem nada mirabolante, sendo até difícil diferenciar em dados momentos o que é sonho e o que é real. Aliás esse é um drama em que vive alguns dos personagens da narrativa como a misteriosa Mal. E embora essa semelhança entre sonho/real tenha incomodado alguns críticos, creio ter sido uma decisão acertada do diretor, pois assim ele evita com que o filme fique carregado de exageros e impossibilidades, além de muito mais difícil de se compreender.


Seu roteiro é impecável. Nada fica muito mastigado ao espectador nos obrigando a pensar bastante pra compreender todo o filme. E não é demérito nenhum de quem assistiu ter ficado cheio de dúvidas. Afinal, A Origem é realmente muito complexo e foi feito para ser visto mais de uma vez. E o que há de mais fantástico no roteiro é a relação entre sonho/realidade estabelecida por Nolan. Tudo o que acontece no mundo externo enquanto o sonhador está dormindo afeta diretamente seus sonhos, como na cena onde um dos membros da equipe é atingido por gotas d’água e imediatamente começa a chover em seu sonho.


Interessante também é como ele deixa claro ao espectador o quanto é difícil para a equipe de Cobb realizar seu trabalho: invadir sonhos requer uma série de profissionais nas mais diferentes especialidades como um químico, arquiteto, falsificador, além de alguma tecnologia. Assim, não fica uma idéia de que tudo aquilo acontece como num passe de mágica, quase um deus ex machina, mas sim que exige um planejamento meticuloso para que tudo dê certo.


Os efeitos especiais são uma marca registrada de A Origem. São magníficos em todos os seus aspectos e alguns são impossíveis de se reproduzir de outra forma que não seja em imagens. Nolan acertadamente opta por usá-los apenas o quanto são necessários, não dando espaços a exageros e pieguices. A cena de uma cidade inteira sendo literalmente dobrada ao meio é completamente fora de sério, assim também são algumas das cenas de ação.




E é realmente muito satisfatório não só para o público que pagou o ingresso, como também a toda uma equipe empenhada em fazer um bom filme, trabalhar com um elenco onde todos foram absolutamente impecáveis em suas atuações. Leonardo Di Caprio mais do que nunca se firma como um excelente ator (a ver pelo melhor filme do ano: A Ilha do Medo) e não mais um refém da vaidade. Marion Cotilard embora apareça pouco é sempre intensa, sem contar que é um prazer vê-la em cena, pois além de uma grande atriz é a mulher mais linda do mundo na minha singela opinião. Rasgo elogios também para Ellen Page, Tom Hardy, Ken Watanabe e todos que abrilhantaram a narrativa com suas atuações.

Cristopher Nolan mais uma vez se mostrou um dos melhores diretores de sua geração, incluindo mais um sucesso a sua lista já espetacular de filmes (O Grande Truque, Batman: O Cavaleiro das Trevas). Agora ele nos presenteia com um filme, cujo final fará com certeza que todos saiam discutindo da sala de cinema. Pintou o primeiro candidato ao Oscar 2011.

NOTA: 10 (pra não dizer 11)
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