sexta-feira, 26 de julho de 2013

O Homem de Aço


Ficha Técnica - Dir: Zack Snyder; Roteiro: Christopher Nolan (argumento) e David S. Goyer; Produção: Christopher Nolan; Elenco: Henry Cavill (Kal-El/Clark), Amy Adams (Lois), Russel Crowe (Jor-El), Michael Shannon (Zod), Kevin Costner (Jonathan).

NOTA: 9

Sinopse: Numa Krypton à beira do apocalipse, o cientista Jor-El consegue um feito inédito: conceber um filho naturalmente, onde por séculos todos os bebês era gerados numa espécie de plantação, com funções pré-determinadas. Mal acaba de nascer, Kal-El, é enviado pelos pais à Terra antes que seu planeta seja destruído. Aqui, ele é acolhido por um casal de fazendeiros e sobre a identidade de Clark Kent, descobre ainda na infância que possui poderes além da imaginação. Adulto, Clark vive em busca de seu passado e seu papel na Terra até ter pela frente um inimigo à altura, seu conterrâneo General Zod, que pretende reviver a raça kryptoniana e precisa do DNA do herói pra isso.

Muito se prometeu desse reboot do Superman, mas muito se questionava se esse seria um projeto à altura da quadrilogia estrelada por Christopher Reeve ou seria tão patética quanto a tentativa desastrosa de trazer o herói às telas em 2006 em Superman, o Retorno. Acertou quem apostou suas fichas na primeira opção: Homem de Aço, de fato é um excelente filme. Nunca fui fã do Superman. Seus poderes imbatíveis, vencidos apenas por uma pedra e sua identidade secreta que me parecia impossível alguém acreditar, sempre me fez ver um herói superestimado, sem graça e imaginação. Mas desta vez saí do cinema como um grande fã do personagem (assim como me tornei fã do Hulk depois de Os Vingadores).

A principal razão dessa mudança drástica de opinião foi sem dúvida um roteiro muito bem concebido. Não era pra menos, uma vez que quem o assina é David S. Goyer, a partir do argumento de Christopher Nolan, a dupla responsável pela recente trilogia Batman. Desse modo, Homem de Aço, apesar de um filme de herói, tem um grande apelo realista: os super poderes de Clark, provenientes da diferença da atmosfera entre a Terra e Krypto, o que explica o porque do solo de seu planeta natal minar toda a sua força.



Longe de ser um filme só de efeitos especiais, sua história é complexa e com um bom apelo dramático, fazendo uma forte analogia ao cristianismo: Jor-El envia seu filho à Terra para ser nosso salvador; Clark descobre seus poderes aos 33 anos; até mesmo a nave que o trouxe faz referência a uma manjedoura. Além disso, a busca filosófica de Clark em descobrir seu papel na Terra até o desfecho da história segue com perfeição a Jornada do Herói decifrada por Joseph Campbell em seu livro O Herói de Mil Faces.

Ainda assim o roteiro tem lá suas falhas. A principal delas é a cena da morte do pai adotivo de Clark, Jonathan (Kevin Costner), numa seqüência mal concebida e muito superficial, ainda mais se levar em conta a riqueza de toda a narrativa e principalmente a relação entre pai e filho.

Mas Kevin Costner também está presente na melhor cena do longa, numa belíssima atuação em que Jonathan revela à Clark (ainda criança) sua origem, seus poderes e mesmo sabendo do seu potencial, prefere privá-lo do mundo temendo a rejeição que enfrentaria, deixando o amor paterno falar mais alto.
As outras atuações também são ótimas, mas a melhor delas é de Michael Shannon, dando vida a Zod, um antagonista que luta por uma causa já perdida, mas não consegue fugir de sua obsessão, uma vez que é escravo de si mesmo.



E claro, um filme dirigido por Zack Snyder não poderia ficar sem cenas espetaculares, e assim são todas as seqüência de ação, numa mescla de Vingadores e Dragon Ball (sim você leu Dragon Ball), com batalhas que levam seus combatentes a voar por quilômetros quando golpeados e ataques capazes de destruir uma cidade inteira. O que surpreende aqui é ver Snyder fugir de seus maneirismos tão característicos, evitando os excessos de planos detalhes e slow motion, duas técnicas que o definiram no cinema.


Enfim, Homem de Aço não chega a ter a mesma maestria da trilogia Batman, mas se mostra um filme de muita qualidade satisfazendo aqueles que gostam de muita ação e aqueles que gostam de uma boa história, mostrando o quão deu certo a parceria de Zack Snyder e Christopher Nolan. Como um recém fã do herói, digo que vale a pena conferir este filme e suas seqüências, além do longa com Batman e Superman juntos já anunciado para 2015 na Comic Con deste ano.

CONFIRA O TRAILER



sexta-feira, 5 de julho de 2013

Guerra Mundial Z



NOTA: 10

Adoro filmes de zumbis! E talvez o que mais me motive é ver um subgênero que tem tudo para ser repetitivo, vir constantemente se renovando. Das criaturas lentas de Dario Argento aos alucinados de Danny Boyle, não demora muito para o estilo se reinventar. E é o que acontece com maestria em Guerra Mundial Z, dirigido por Marc Foster, que combina drama, ação e suspense num mundo tomado por zumbis.

Em Guerra Mundial Z, após o mundo ser tomado por uma infecção que transformou a maior parte de seus habitantes em zumbis, Gerry Lane, um ex-agente da ONU, é chamado de volta para escoltar um cientista na busca por uma cura. Quando este morre, cabe a Gerry viajar pelo mundo para descobrir ele mesmo uma maneira de por um fim a epidemia e salvar sua família.


Guerra Z (como vou chamar a partir de agora) é um daqueles filmes que não deixa desgrudar os olhos da tela. Já nos primeiros 10 minutos, somos atirados a uma cidade completamente tomada por zumbis, obrigando a pacata família Lane a entrar numa fuga tensa e alucinante para serem resgatados. E me impressionou muito como esses primeiros minutos movimentados já nos esclarecem de forma sutil muitos aspectos importantes da narrativa: os créditos iniciais que mostram a epidemia se manifestando a partir de eventos aparentemente isolados; a astúcia e agilidade do protagonista, Gerry, diante daqueles eventos, mostrando que ele é muito mais do que um mero pai de família e por fim, os zumbis mais originais que já vi no cinema, com um ímpeto assustador para atacar os humanos, se atirando de cabeça em veículos e até saltando de prédios.

O uso do CGI para concebê-las na maior parte da história garantem cenas memoráveis, em especial a pirâmide de zumbis em Israel e o modo como eles se atiravam lá do alto e já se levantavam prontos para o ataque. A tecnologia foi tão bem empregada no filme que em poucos momentos percebemos que são digitalizadas, bem diferente dos seres extremamente artificiais de Eu Sou a Lenda.

O roteiro de Guerra Z (adaptado do livro homônimo de Max Brooks) não deixa a narrativa esfriar nunca, fazendo com que sempre uma ação leve a outra. E quando a ações caminhava pra ficar excessiva, chegamos à cena do laboratório, onde a história se torna um suspense tenso e imprevisível. Além de um desfecho muito inteligente e que foge por completo do convencional.

E por fim, mesmo com tantas qualidades, Guerra Z não seria tão bom se não fosse a excelente atuação de Brad Pitt que faz uma boa mescla entre o carismático pai de família que para protege-la não pensa duas vezes em se sacrificar, no parapeito de um prédio, quando acreditava ter sido contaminado, com a do agente com uma hábil agilidade de raciocínio, rapidamente decifrando todo o cenário a sua volta, como a rapidez com que descobre o tempo em que os humanos mordidos levam pra se transformarem e a ligação dos fatos que o leva a encontrar uma solução para o problema zumbi.


Acertando em todos os quesitos, Guerra Mundial Z consegue ser um filme inteligente e empolgante do primeiro ao último minuto, com um roteiro bastante original, que foge por completo da pieguice de seres rastejantes e comedores de cérebro. Vale a pena conferir esse que já é um dos melhores filmes do ano.