quinta-feira, 26 de abril de 2012

American Pie - O Reencontro





NOTA: 8

Em 1999 eu estava entrando na adolescência e se teve um filme que definiu com perfeição minha geração foi American Pie, retratando uma juventude que emergia num mundo onde os jovens despertavam para o sexo cada vez mais cedo, com cada vez mais autonomia, ousadia e vivia uma turbulência de revoluções tecnológicas como a internet, que tornava o desenvolvimento e a maturidade dessa geração em algo completamente distinto de todas as anteriores. E conseguiu essa proeza abusando de um humor que se consagrou por situações e personagens únicos. E claro, como todo filme de sucesso, acompanhamos a vida daqueles jovens em mais dois filmes, vendo a enorme quantidade de transformações que eles passariam em tão poucos anos até atingir a vida adulta.

E fingindo que só foram lançados 3 filmes da série até então (porque eu e todos os fãs se negam a aceitar que os outros filmes feitos com esse título de fato sejam dessa série tamanho o lixo que foram) é um imenso prazer poder revisitar o universo daqueles 5 jovens desesperados por perder a virgindade, e vê-los agora homens tentando resgatar os momentos inesquecíveis da juventude.

Em American Pie – O Reencontro, Jim, Stifler, Finch, Oz e Kevin decidem se reunir 13 anos após sua formatura, para matar as saudades dos velhos tempos. Antes adolescentes virgens, agora todos eles possuem as responsabilidades que a vida adulta traz: filhos, matrimônio, trabalho etc. Mas isso não impede o grupo de se meterem numa série de confusões, num dos filmes mais engraçados do ano. A dupla de diretores Jon Hurwitz e Hayden Schlossberg consegue com muita eficácia homenagear o público da série e driblar interesses comerciais, resgatando toda sua essência sua melhor fase e ainda por cima preservando todo o seu elenco original, incluindo os coadjuvantes como a primeira namorada de Jim, Nadia e o famosos M.I.L.F. e Sherminator.

Resgatam situações já previsíveis, mas hilárias, como os diálogos sobre sexo nada convencionais de Jim e seu pai. Entretanto não deixam de criar novas cenas engraçadíssimas e muito pontuais como a vingança de Stifler sobre os rapazes da praia.

Aliás, por falar em Stifler (Seann William Scott), esse mais uma vez é sem dúvida o personagem mais engraçado de toda a série voltando muito melhor do que já era no passado, se tornando um adulto que parou na adolescência, ainda só pensando em garotas (mesmo sabendo que agora elas tem metade de sua idade) e festas regadas a álcool. E é ele quem guarda a maior surpresa no desfecho da história. Os três primeiros filmes sempre terminavam com Finch na cama com a mãe de Stifler, e dessa vez...Bom vou deixar para você conferir.

Mas American Pie – O Reencontro, também possui algumas falhas. A principal delas sem dúvidas é o péssimo trabalho da trilha sonora de Lyle Workman, que a partir da metade do longa passa a distorcer todas as músicas retardando seu tempo, a fim de criar um efeito de impedir que aquela época dourada daqueles amigos passe, mas que só consegue criar uma trilha extremamente incômoda e que atrapalha todas as cenas em que surge. Aliás, essa tentativa foi um floreio desnecessário, uma vez que a própria seleção de bandas e canções (Smashing Pumpkins, Spice Girls etc) já traz uma nostalgia perfeita daquele tempo.



Outro problema é que o roteiro vai caminhando perfeitamente até seu terceiro ato em que, sem encontrar um gancho para solucionar as diversas sub tramas do filme, faz-se uma opção por solucionar tudo usando um recurso deus ex macchina (quando tudo se resolve repentinamente) em quase todas elas deixando seu desfecho muito artificial.

Falhas a parte, American Pie – O Reencontro brinda os fãs com uma excelente história de nostalgia, e mostrando que mesmo com o tempo passando e as responsabilidades crescendo cada vez mais, ainda é possível resgatarmos os bons momentos e as boas pessoas de nossa vida.

CONFIRA O TRAILER



quinta-feira, 5 de abril de 2012

Fúria de Titãs 2





NOTA: 1

Quando assisti ao primeiro Fúria de Titãs, achei um dos piores filmes que vi na vida e pensei que não havia como piorá-lo. Mas para minha infelicidade paguei minha língua e vi o que era ruim se tornar péssimo em Fúria de Titãs 2, fraco sobre todos os aspectos e que faz o que vem se tornando clichê de filme ruim: se ancorar em efeitos especiais.

Em Fúria de Titãs 2, após 10 anos passados da primeira história, Perseu fica viúvo e abandona a oportunidade de viver como um deus para cuidar de seu filho e levar uma vida modesta como pescador. Tudo muda quando seu pai, Zeus, o procura e revela que o antigo deus do tempo, Cronos, está voltando e destruirá todo o mundo. Com os deuses enfraquecidos pela descrença do povo, apenas Perseu pode salvar toda a Grécia.


Embora adote como pano de fundo a mitologia grega, a narrativa em nenhum momento faz real referência a ela. Ao contrário, a corrompe com uma completa distorção do que é realidade, inventando situações e personagens apenas para encaixar uma história medíocre. Qualquer conto mitológico por si só é mais inteligente e interessante do que os dois Fúria de Titãs juntos.

Na verdade a sensação que dá é que o roteiro como um todo serviu apenas para linkar as cenas de ação entupidas de efeitos especiais, que pareciam já estarem idealizadas antes dele ficar pronto. Isso fica claro ao abordar uma narrativa dividida em episódios, ao invés de manter um fluxo contínuo. Temos o episódio em que Perseu volta a ser guerreiro, o episódio da terra de Hefesto, do labirinto e por aí vai. Isso tira das costas da equipe de roteiristas a responsabilidade de criar coerência em tudo e evidencia um trabalho preguiçoso e incompetente, além de gerar uma série de lacunas que abrem um leque de questionamentos: se os deuses morrem mesmo (o que é mentira) por que eles mesmos não mataram Cronos no passado? E se a falta de orações do povo grego enfraqueceu todos os deuses, como Cronos há muito esquecido ainda possuía algum?  E pra piorar é inserido um personagem, o Navegador, que em tese garante o humor da trama com piadas vindas diretamente da Praça É Nossa.

Fúria de Titãs surpreende também em ver atores de excelentes calibre como Liam Neeson (72 Horas) e Ralph Fiennes (Harry Potter) se humilharem na tela para ganhar alguns trocados. Aliás o elenco todo parecia estar em completa falta de sinergia. Quando Perseu encontra Hefesto em nenhum momento eles parecem falar da mesma coisa; e tudo piora quando Hades (Fiennes) se arrepende de seus atos e pede o perdão de Zeus (Neeson), numa cena onde as atuações deixariam qualquer diretor de novela mexicana morrendo de inveja.

E mesmo o tão aguardado momento da libertação de Cronos se mostra decepcionante pela velocidade e aparente facilidade com a qual o monstro é derrotado, deixando claro que a única intenção do diretor Jonathan Liebesman (Batalha de Los Angeles) aqui e em todo o filme era fazer um exercício exibicionista em concepção de efeitos especiais, achando que assim consegue enganar o público e camuflar sua incompetência como diretor.

Fúria de Titãs (os dois), assim como outros títulos como Imortais são filmes desprezíveis e incompetentes com o único objetivo de enriquecer enganado o público, pois nem como história e até mesmo com seus milionários efeitos especiais conseguem levar um trabalho decente ao espectador. Podemos passar sem essa e economizar o ingresso do cinema. Até porque em breve eles com certeza estarão na Sessão da Tarde e afins. 


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