quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Kill Bill - Volume 1 e 2



NOTA: 10


Mais uma semana que não consigo ir ao cinema, muita correria. Mas pra não ficar sem escrever mais uma vez, ao invés de fazer a crítica de algum filme que está em cartaz, nessa edição vou falar de uma saga que sou viciado e por um acaso vi novamente há alguns dias: KILL BILL.

E a escolha dela em especial não é só por mera afinidade, mas também por ser um ótimo exemplo de uma obra prima recente, um perfeito exercício de estilo de Quentin Tarantino que conseguiu transformar dois gêneros de classe B, westerns e samurais, num espetáculo único do cinema que somente um gênio como ele pode proporcionar.


Dividido em 2 partes (ou melhor, volumes), conhecemos a história de ???? (é isso mesmo, seu nome não é revelado, ela é conhecida apenas como A Noiva) uma antiga assassina que decidida a abandonar sua profissão e viver de modo simples no interior, é vítima de uma chacina praticada pelos seus antigos colegas no ensaio de seu casamento, grávida e prestes a dar a luz. Baleada na cabeça, ela fica em coma durante 4 anos até que acorda e inicia uma onda de vingança ao estilo samurai para punir todos os que mataram seu noivo, amigos e filha, perseguindo especialmente o líder do bando e seu antigo amante, Bill.

Por muitas razões Kill Bill é uma obra-prima: seu roteiro muito bem elaborado que prende a atenção do público desde seu início até o fim; o elenco extremamente profissional selecionado a dedo, além da direção de um verdadeiro gênio da sétima arte: Quentin Tarantino.

Por que seu roteiro é genial?

Por três motivos. O primeiro é que a trama nunca se esfria, tem um ritmo acelerado e sempre que o espectador está relaxando algo acontece e o obriga a grudar na tela novamente. O filme começa com uma chacina, poucos minutos depois há uma luta mortal entre A Noiva e Verneta Green e por aí vai até o fatídico encontro com Bill no final do Volume 2.


Segundo, ele consegue ser claro na construção e desenvolvimento da história mesmo não sendo essa linear com começo, meio e fim. Há o uso constante de flashbacks interrompendo sua continuidade, além disso repare que o Volume 1 começa pelo final, pois quando a Noiva estaciona sua caminhonete para executar sua “primeira” vítima (Verneta), o primeiro nome da sua lista negra já está riscado e é justamente quem veríamos ela enfrentar em seguida, O-Ren Shi. E terceiro, a súbita mudança de um ambiente completamente enraizado na cultura oriental, com toda a beleza e filosofia samurai no Volume 1, para um ambiente de velho oeste apático e sem vida no Volume 2. Uma mudança súbita, porém sutil.


Por que a direção é genial?

Quentin Tarantino (Bastardos Inglórios, A Prova de Morte) é um aficionado por filmes de samurais, bang-bang e quadrinhos, e ele consegue de forma magistral transportar essas três paixões para dentro do universo de Kill Bill. Porém, a chance de cair numa armadilha misturando gêneros tão ignorados era enorme. Solução? Tarantino fez deixar claro logo de cara que tudo não passava de uma ficção, o que permitiu a ele abusos sem restrições. Enquanto no Volume 1 o foco é nos banhos de sangue e violência exagerada e surreal e da onipotência da protagonista, o Volume 2 é mais centrado em revelações importantes da trama como a aparência até então oculta de Bill, o nome da Noiva, Beatrix Kiddo, e uma importante descoberta sobre sua filha. É muito mais sério e centrado na disciplina, não só na contenção da violência e na onipotência da protagonista, que agora por mais de uma vez quase vê seus planos ruírem, mas também com longas cenas que mostram o treinamento rígido de Beatrix com Pai Mei, além de seu relacionamento íntimo com Bill, que tornavam ainda mais complexa sua vingança.

Por que as atuações são geniais?

Porque cada ator parece ter sido a escolha perfeita para seu papel. Beatrix precisava ao mesmo tempo ser bela e sedutora o suficiente para ser subestimada, mas mortal e inteligente o bastante para ser temida. Ninguém melhor que Uma Turman para vivê-la que sempre se alterna nesse tipo de papel, mas que aqui consegue fundir esses dois estilos de atuação.

Bill precisava ser um homem educado, gentil e sábio para ser admirado, mas extremamente frio, cruel e egocêntrico para amedrontar com suas palavras doces. Resultado? David Carradine na melhor atuação da sua vida, vivendo com seu Bill dois tipos de personagem que marcaram sua história: guerreiros e cowboys. E ainda há o privilégio de contar com uma excelente gama de atores que vão de Daryl Hana a Michael Madsen, com personagens no mínimo excêntricos.

KILL BILL é histórico e incansável de assistir. Aliás, tudo que Tarantino faz tem essa característica. Fazia tempo que queria fazer esse review porque filme é algo eterno e que não tem idade e mesmo completando quase 10 anos de seu lançamento, essa saga ainda continua atual e um ícone a ser seguido. E se preparem, pois em 2014 ele prometeu Kill Bill Volume 3.







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sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Planeta dos Macacos - A Origem



NOTA: 9


Desde o ano passado vem se tornando uma tendência o relançamento de sagas famosas ao invés de prolongá-las com mais seqüências cansativas e sem criatividade (como foi com Piratas do Caribe 4). E essa atitude vem colhendo bons frutos, dando a oportunidade de corrigir eventuais erros de seus filmes antecessores, adaptá-los à tecnologia atual, aprofundar o conhecimento sobre sua história e até mesmo mudar o desfecho do que já havíamos visto no passado. E Planeta dos Macacos - A Origem vem pra confirmar que essa é uma ótima abordagem para ser explorada, pois junto com X-Men – Primeira Classe, talvez seja o filme que proporciona as melhores discussões e reflexões ao sair da sessão de cinema nesse ano, apresentando nossa sociedade que na sede de evoluir cada vez mais, acabou encontrando sua extinção.

Em Planeta dos Macacos – A Origem, James Franco interpreta um neurocientista que desenvolveu um vírus para combater o mal de Alzheimer. Sua invenção é testada em macacos que desenvolviam uma inteligência acima do normal. Após um acidente em seu laboratório, todas as suas cobaias morrem à exceção de um chimpanzé, César, que possui praticamente todas as habilidades humanas, a ponto de acreditar ser um. Tomando conhecimento de que é um ser diferente e alimentando um sentimento de completa decepção e desprezo com a raça humana, César reúne outros macacos e decide formar sua própria civilização.



O roteiro, assinado pela dupla Rick Jaffa e Amanda Silver, se alterna entre momentos brilhantes e outros nada criativos e em alguns casos desnecessários. A namorada de James Franco, por exemplo, não tem qualquer função na história. E soa no mínimo ridículo ela se revoltar em descobrir que César possuía todas as suas habilidades em função de um vírus, sendo que era evidente que ele não poderia ter nascido assim. Além disso, acho condenável essa fórmula clichê onde o Homem se condena pela sua ambição de evoluir quebrando paradigmas, como se isso fosse algo prejudicial, quando na verdade esse desejo insaciável de crescer foi o principal fator de termos nos tornado a espécie dominante da Terra.

Porém acerta em cheio na comparação que faz entre as duas espécies, homens e macacos, e sua evidente troca de papéis no longa. Enquanto os humanos desenvolvem um vírus com objetivos puramente comerciais ou torturam os animais apenas por tédio, os macacos aprendem pouco a pouco a se entender, se unir e se desenvolver em sociedade diante de sua condição de vítimas, criando um senso de “humanidade” tão elevado a ponto de César proibir seus iguais de matar qualquer pessoa, mesmo que estas estivessem os perseguindo, caçando e em alguns casos, matando. Seu objetivo era unicamente conviver em paz com seus pares. Ou seja, nós, de tão evoluídos nos tornamos cegos e fomos a razão de nossa decadência, e não os macacos apenas por terem ganho um pouco mais de inteligência.



Mas esse bom argumento do roteiro talvez não conseguisse imprimir o mesmo impacto no público se não fosse a competente direção de Rupert Wyatt que busca não deixar de modo algum visualmente latente a diferença entre homens e macacos, empregando em seu filme a mesma tecnologia em efeitos especiais utilizada em Avatar. César não é totalmente criado em computador, ele é interpretado por Andy Sarkis (o mesmo ator que viveu Gollum na trilogia Senhor dos Anéis) cuja aparência é transformada na do símio. E o exagero nas piruetas e malabarismos do protagonista dirigidas por Rupert podem até conter um certo excesso de vaidade, mas não dá pra negar que seu talento em fazer tudo aquilo parecer real e verossímil é sensacional. E esse mesmo cuidado com a perfeição pode ser estendida aos outros babuínos que embora em ora sejam animais de verdade, nos momentos de ação são todos digitais, com seu corpo e movimentos impecavelmente bem trabalhados pela equipe de computação gráfica.

Como um todo, Planeta dos Macacos – A Origem não chega a ser brilhante por conter uma série de pequenas falhas e elementos desnecessários, além de ficar ainda aquém de seus antecessores. Mas apenas pelo fato de reiniciar tão bem uma saga histórica e propor um bom exercício de reflexão sobre a condição humana, merece muito mérito. Sendo assim, prefiro ser otimista e criticar pouco dessa vez. Que venham mais relançamentos, o próximo é o Homem Aranha.

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