sábado, 9 de outubro de 2010

Wall Street - O Dinheiro Nunca Dorme


NOTA: 8


Em 1987 uma notícia abalou o mundo financeiro americano. Não, não foi nenhuma queda da bolsa asiática ou a desvalorização da moeda que preocuparam os executivos dos EUA. Foi o lançamento do então novo filme de Oliver Stone: Wall Street – Poder e Cobiça.
O título já deixa claro o porquê do calafrio, mas aqui vai uma melhor explicação: Stone deixou escancarado ao mundo e aos americanos tão seguros de sua economia o quanto a mesma é esdruxulamente manipulada por uma mínima parcela de executivos sedentos de dinheiro – sintetizada na frase de Gordon Gekko “Ganância é boa.” - que em nenhum momento pensam no benefício de seu país, o que fazem de bem e quando o fazem é consequência apenas da visão de seus próprios interesses.

Por mais catastrófico que o filme possa ter sido, não conseguiu se firmar na mente da população tão pouco ligada à economia. A época em que foi lançado não permitiu. Mas hoje em dia o novo Wall Street – O Dinheiro Nunca Dorme tira um grande benefício no timing e no tema de uma recente e colossal crise financeira mundial.

Novamente dirigido pelo mestre Oliver Stone, a seqüência se inicia apresentando o antes inabalável e poderoso Gordon Gekko, agora velho e derrotado no seu último dia na cadeia, após cumprir uma pena de 9 anos de prisão por movimentar o mercado sobre falsa informação.Ainda assim, ele aparenta estar revigorado e disposto a combater o mercado que ajudou a criar ironizando em seu livro a própria frase “Ganância é boa?” e sendo uma espécie de profeta do apocalipse prevendo o estouro da bolha imobiliária anos antes de seu acontecimento em 2008 gerando a famosa crise.
Em paralelo, há a história do jovem executivo de sucesso Jake (Shia LeBouf) que vive junto e pretende se casar com Winnie (Carrey Mulligan) que coincidentemente é filha de Gekko. Ela sente um ódio enorme do pai, culpando-o pela morte do irmão drogado. Mas em dado momento, por puro interesse, Jake se aproxima de seu sogro procurando auxílio para enriquecer e derrubar um adversário, prometendo em troca aproximar pai e filha.

Seu excelente roteiro com certeza não se deve a essa trama paralela bastante água com açúcar, mas sim a uma espécie de bastidores de como tudo aconteceu em 2008. Alguns poucos poderosos banqueiros decidem o futuro econômico do mundo numa mesa, visando apenas seus lucros. É tão simples que chega a parecer ridículo, mas foi assim. E não podia ter alguém melhor do que Josh Brolin para interpretar um vilão (se é que podemos chamar assim) prepotente, cruel e seguro de si. Aliás as atuações em geral são um ponto forte de Wall Street. Até mesmo a aparição relâmpago de Charlie Sheen é intensa, mostrando o quanto ele acabou cedendo à ganância ao longo dos anos.

O mais interessante é como Oliver deixa evidente, sem parecer forçado, o como nossa economia é frágil: há uma cena que toda a economia da empresa de Bretton (Brolin) parece ruir a partir de uma pequena fofoca que se espalha instantaneamente de Jake, ou seja, tudo é especulação nesse mundo.

Quem rouba a cena é mesmo Michael Douglas com seu Gekko que nos deixa o tempo todo com um pé atrás com total razão. A cena em que ele sai às compras após dar um golpe na própria filha parece a de um vilão dos quadrinhos vestindo seu uniforme.
Em 2010 Oliver Stone conseguiu causar mais um abalo no mundo financeiro com seu novo longa escancarando o mercado financeiro com sua cruel cobiça e ingênua fragilidade. Mas dessa vez o momento o ajudou. Agora é torcer para que se houver uma seqüência, seja apenas de ficção.


CONFIRA O TRAILER (legendado)


domingo, 3 de outubro de 2010

O Último Exorcismo – Tinha tudo para ser perfeito


NOTA: 7

É realmente triste quando fica evidente que a arte é afetada pelo mercado. Embora no cinema isso seja, infelizmente, necessário devido ao seu alto custo de produção e distribuição, é muito melhor quando somos levados a acreditar que tudo o que assistimos ocorreu do modo como o diretor quis, sem nenhuma interferência dos barões da sétima arte.

Para a tristeza dos cinéfilos, O Último Exorcismo é um caso mais do que escancarado disso. Um filme que tinha tudo pra ser uma obra-prima polêmica se deixa levar pelo desejo de lotar salas e agradar ao público que gosta de tudo mastigado como nas novelas.


No longa, que começa abruptamente para dar mais peso a realidade que propõe, o reverendo Marcus Cotton é um homem prodígio desacreditado de sua fé e que durante uma entrevista a um programa de TV (provavelmente universitário pela qualidade semelhante a Bruxa de Blair) procura revelar a fraude em que se opera sua religião e como ela e outras manipulam a ingenuidade de seus fiéis. Durante a entrevista ele comenta o motivo que o levou a descrer da fé: uma tentativa frustrada de exorcismo de um colega que resultou na morte de uma criança, posteriormente seguida da abertura de uma escola de exorcismo pelo Vaticano. Determinado a provar que possessões demoníacas não existem e que não só ele, como muitas religiões enganam seus fiéis, Cotton leva a equipe do programa a uma fazenda no interior onde Louis pede socorro alegando que sua filha Nell está possuída por um demônio.


É aí que o filme fica extremamente interessante. Cotton mostra detalhadamente como se opera a fraude. Desde a falsa preocupação ao procurar saber da situação espiritual da suposta vítima, até o uso de pequenos truques para convencer de que aquilo era sério, fazendo uma bacia d’água ferver subitamente. E por aí vai. No momento do exorcismo todo um teatro é montado no quarto de Nell: linhas invisíveis que moviam objetos; um dispositivo que fazia sair fumaça da cruz como se essa pegasse fogo etc. Sem contar que há uma cena inacreditavelmente bem elaborada no início do longa onde Cotton prega uma receita de bolo no seu culto e seus fiéis alienados gritam”aleluia”.

A partir daí, tudo perde o interesse. Prevendo a insatisfação da platéia ao ver que tudo fora uma fraude, o diretor fez questão de trabalhar num roteiro que queria mostrar que Cotton podia estar enganado e que Nell podia estar realmente possuída, pois logo depois do exorcismo ela parece estar sedenta de sangue e morte. Daí se segue aquelas cenas de sustos salientadas em câmeras subjetivas e avisadas pela trilha sonora já bastante manjadas ultimamente. Desse momento em diante O Último Exorcismo perde tudo de interessante que havia construído até então. Principalmente quando vai na contramão de seu início mostrando os créditos finais, onde fica claro que tudo não passou de ficção. Algo totalmente contraditório ao filme todo.

Independente de tudo, O Último Exorcismo de certa forma consegue provar o que quis defender: que a religião pode ser uma arma poderosíssima se operada pelas pessoas erradas e cheias de cobiça. Além de deixar escancarado o quanto nos deixamos facilmente nos enganarmos por esses lobos em peles de ovelha. Seria perfeito se acabasse seguindo essa linha, mas infelizmente vem sempre aquela preocupação com o mercado, o lucro etc.




CONFIRA O TRAILER (legendado)


sábado, 2 de outubro de 2010

Resident Evil 4 – A mesmice e sempre



NOTA: 4


É até difícil escrever uma crítica de um filme que parece ser idêntico em todas as suas sequencias. O novo Resident Evil é idêntico aos outros três, tanto que eu poderia contar o filme todo aqui e ainda não estragar a graça de vê-lo nas telas. Quem já viu algum, já viu todos.

No filme mais uma vez Alice (Milla Jovovich) tenta livrar o mundo da Corporação Umbrella e seus zumbis. E tudo já começa de um modo muito pouco compreensível. O quarto episódio começa de certa forma em plena continuidade com o terceiro, onde Alice leva seus clones para o Japão para tentar destruir a Coporação Umbrella e seu líder (que possui uns óculos escuros que parecem estar grudados em seus rosto). Mas o que parecia ser todo o mote do filme dura menos que 10 minutos: todos seus clones são mortos sem realizar seu objetivo final.

A cena que segue é ainda mais impressionante. Após perder todos seus poderes, Alice sofre um acidente catastrófico de avião, mas sai completamente ilesa, fugindo em busca de outros sobreviventes no planeta. É uma cena que no mínimo duvida da nossa inteligência.

E continua o resto do filme com uma série de eventos no mínimo questionáveis. O que tinha a ver aquela aranha de metal no peito de Claire? O que tinha a ver prender um soldado temendo-o somente porque ele exercia sua profissão? Por que um sobrevivente mata o único mecânico do grupo sendo que ele não atrapalhava em nada? E por aí vai. Quem assistir vai entender porque questiono tanto.

Sem muito o que escrever desse filme patético, posso salientar como ponto positivo o seu 3D que é extremamente eficiente, onde o diretor faz uso de uma profundidade de campo praticamente infinita, deixando ao nosso encargo separar os planos.

Seus cenários também são muito bem planejados, sendo igualmente medonhos quando sombrios quanto assustadores nos brancos em excesso da Umbrella.

Fora isso a série já nem assusta mais com seus zumbis já viciados na tela, virando muito mais um filme de aventura do que terror. E se antes sempre havia uma criatura em especial que assustava mais que as outras, no quarto episódio nem isso ajuda muito.
E numa filmagem que tenta a todo momento copiar o clássico Matrix, com congelamento de cena desnecessário e desvio de balas a la Neo, Resident Evil se mostra não só fraco neste aspecto, como também em seu roteiro, atuações, montagem etc, etc, etc. E podem se preparar que vai ter mais uma sequencia. Querem saber o que vai acontecer? Basta assistir a qualquer um dos outros quatro filmes que você saberá.

Confesso que não consigo escrever mais nada, senão FIM.


CONFIRA O TRAILER (sem legendas)