NOTA: 3
Quando li pela primeira vez que a
saga do Homem Aranha seria relançada tão pouco tempo depois de sua primeira – e
excelente – estreia em 2002 pensei cá com os meus botões que o único motivo pra
isso era tentar esmiuçar um pouco mais o passado de Peter Parker e recriar uma
história ainda mais impactante que sua antecessora como fez Cristopher Nolan com Batman Begins em 2005.
Nos trailers, todos centrados nos
dramas de Peter, minhas previsões pareciam estar corretas, mas quando
finalmente O Espetacular Homem Aranha estreou vi que estava errado e assisti a
uma completa decepção. O “reinício” da saga nada mais é do que uma cópia
descarada e mal feita de seus antecessores.
Qualquer semelhança não é mera
coincidência. No longa, Peter Parker é um adolescente misteriosamente
abandonado pelos pais e criado pelos tios. Certo dia, ele descobre uma pista
deixada pelo seu pai em documentos antigos, que o leva até a Corporação Oscorp
onde é picado por uma aranha geneticamente modificada. Com a combinação do DNA
de ambos, Peter adquire poderes que o transformam num hábil herói, já com a
missão de deter um cientista que, transformado num lagarto gigante, tenta transformar
todos os habitantes de Nova Iorque em seres como ele.
Não há nada de errado em retomar
alguns pontos da saga anterior como um todo para dar base na sua história. Por
retomada, me refiro ao processo entre a apresentação e a transformação de Peter
Parker no Homem Aranha. O problema é quando se utiliza quase metade do filme para
chegar a esse ponto, esticando uma história entediante e, numa dificuldade
evidente do roteiro em apresentar conflitos, fazendo o uso abusivo de
coincidências em sua narrativa para dar alguma justificativa às ações que
víamos na tela. Peter é apaixonado por Gwen (Emma Stone - Zumbilândia) que por coincidência trabalha na
Corporação Oscorp que por coincidência é o local onde o pai de Peter trabalhou
e que, por coincidência, continha uma porção de aranhas geneticamente
modificadas. E gostaria que essa fosse a última coincidência, mas a verdade é
que estenderia muito esse parágrafo se citasse todas.
Fora isso, muitas das cenas são
exatamente idênticas ao Homem Aranha lançado em 2002: a transformação do
cientista num lagarto gigante após um procedimento científico que deu errado
(lembra do Duende Verde?); a lição que Peter Parker dá no valentão da escola
logo quando se transforma; a morte do tio Ben e por aí vai.
Num filme onde até mesmo a
fotografia é idêntica ao primeiro Homem Aranha, ao menos o ótimo trabalho de
efeitos especiais salva parte do projeto. Algo de certa forma ruim, pois efeito
especial é algo que se torna rapidamente obsoleto.
Outro ponto positivo é a atuação de
Andrew Garfield (A Rede Social) vivendo um herói muito mais próximo dos quadrinhos,
principalmente pelo seu sarcasmo constante. Além disso, confere um naturalismo a
sua caracterização numa cena onde mesmo disfarçado e em plena atividade, atende
seu celular para ser lembrado pela tia que deve comprar ovos antes de chegar em
casa. Senti falta apenas da fragilidade de Tobey Maguire que dava muito mais
profundidade à sua versão do herói, em contraponto a Andrew que é mais
superficial e parece estar mais seguro de si mesmo antes de ser picado.
Numa franquia relançada tão cedo
pelo próprio estúdio que criou dois – esses sim – espetaculares Homem Aranha (o
terceiro tento esquecer que existiu), não deixa outro pensamento que seu único
objetivo era nada mais, nada menos que gerar faturamento pro seu caixa, pois é
impossível acreditar que um filme que copia seus antecessores em absolutamente
tudo tenha algum outro propósito. Seria mais interessante lançar um Homem
Aranha 4, deixando ao encargo de quem entende do assunto fazer um bom trabalho,
do que queimar suas fichas nesse “Espetacular” Homem Aranha, que nem mesmo como
espetáculo tem serventia.
CONFIRA O TRAILER
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