NOTA: 3
Quando ainda estava na metade de Carros 2 me perguntei: Por que hoje em dia parece ser obrigatório um bom filme ganhar uma seqüência? Por que não se contentar a um único filme bom a correr o risco de destrui-lo com uma continuação? Mas que ingenuidade a minha, a resposta é óbvia: dinheiro. Afinal, por melhor ou pior que seja, uma seqüência proporciona a chance de angariar mais fundos com bilheteria, venda de produtos e posteriormente DVD’s e afins. E esse motivo fez com que até mesmo o estúdio que fazia simplesmente os desenhos perfeitos sobre todos os aspectos – a Pixar – caísse em desgraça. Carros 2, diferente de seu antecessor, é chato, cansativo, óbvio e completamente sem foco.
Em Carros 2, um carro bilionário inventa um combustível a base de recursos naturais, o Allinol, e cria um torneio mundial afim de testá-lo. Relâmpago McQueen, Matte e seus companheiros decidem participar, mas uma quadrilha de criminosos liderados por um misterioso líder trabalha para sabotar o torneio e a eficácia desse novo combustível. Um agente secreto britânico e sua assistente estão na cola dos bandidos e confundem Matte, o velho guincho, com um agente disfarçado e o colocam na missão. Agora cabe a Matte salvar o torneio para ajudar seu amigo McQueen e desmembrar a quadrilha que tenta sabotá-lo.
E esse não é o único problema: o filme simplesmente não tem foco. Conta com uma violência exacerbada - em especial na cena que um carro americano torturado e “morto” – e uma história complexa demais pra ser classificado como filme infantil, principalmente na cena em que Matte descobre num estalo quem é o misterioso chefe dos carros bandidos - outra falha de um roteiro pobre que precisa de uma epifania pra resolver sua incapacidade em ser coeso do início ao fim - além das razões que o levou a sabotar o combustível da competição. Também não dá pra dizer que é um filme adulto porque conta com uma série de tramas artificiais como a discussão ridícula e ginasial de McQueen e Matte que culmina na separação da dupla. Resumindo: Carros 2 tenta se aproximar de todos os públicos, mas consegue o oposto, não se aproximando de nenhum.
Mas nem tudo são espinhos. A Pixar continua impecável na composição artística de seus filmes. As locações elaboradas são idênticas as do mundo real. Duas que mais me chamaram a atenção foram a Itália, onde até o telhado das casas foi desenvolvido para conter o máximo de detalhamento e a cidade de Tókio que é engolida pela quantidade absurda de luzes de neon de placas publicitárias. Além disso, conseguir dar vida e, sobretudo, personalidades diferentes a objetos totalmente inanimados como carros é uma proeza digna de aplauso, possível de ser desenvolvido apenas pelo alto nível de exigência do estúdio em relação aos seus profissionais.
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