
NOTA: 6
Não tem coisa mais frustrante do que ir assistir a um filme que não só eu, mas toda a mídia gerou uma enorme expectativa, em vão. E é exatamente isso que o novo filme de Tim Burton representa, uma frustração.
Não tem coisa mais frustrante do que ir assistir a um filme que não só eu, mas toda a mídia gerou uma enorme expectativa, em vão. E é exatamente isso que o novo filme de Tim Burton representa, uma frustração.
Baseado nos dois livros de Lewis Caroll (Alice no País das Maravilhas e Alice Através do Espelho), a história é uma continuação das demais, um retorno da Alice, já adolescente, ao País das Maravilhas para devolver o trono a Rainha Branca, tomado pela Rainha Vermelha.
O grande mérito do filme é, sem a menor sombra de dúvida, a direção de arte. Os cenários surrealistas, ora de cores vívidas e ora praticamente monocromáticos dão um toque especial à narrativa. Além disso, a caricaturação do personagens é outro trunfo à parte. Cito a Rainha Vermelha e o Chapeleiro Maluco para exemplificar. Os personagens digitais são igualmente fascinantes. Mas aí surge o primeiro tropeço de Tim: o Valete de Copas. Interpretado por um ator real, num corpo desenvolvido no computador, fica evidente a falta de sincronia entre ambos e a artificialidade dos movimentos do personagem aflora a todo momento em que ele surge.

E há alguns eventos no filme que não fazem a menor razão de estar lá. Qual o motivo da Alice receber aquela ferida no braço? Não soma em nada à narrativa. Cheguei a pensar que serviria de prova no mundo real de que ela esteve lá, contudo, quando ela retorna ninguém nota o imenso ferimento em seu braço. Tim também dá vida à espada que matará o monstro, mas quando finalmente a vemos, chegamos a conclusão de que não passa de um objeto inanimado, algo sem explicação para aquele estranho e inesperado mundo onde tudo tem vida própria.

O roteiro também é muito ruim. A preocupação excessiva em inserir personagens e cenários fazem com o que é mais importante, ou seja, a própria narrativa, passe atropelada e confusa, sendo esquecida por diversas vezes. E graças a "magnífica idéia" de existir um pergaminho profético que conta exatamente como a história termina, acabamos não tendo nenhuma surpresa pelo caminho. Sem contar que quando Alice retorna ao seu mundo, o filme se encerra com um dos finais mais clichês que já vi.
Os personagens são um caso a parte.

A Rainha Branca de Anne Hattaway (Amor e Outras Drogas), com seus gestos propositalmente exagerados convence como alguém alheia ao seu mundo e Tim é feliz na escolha de Anne como intérprete.
Mas quem rouba a cena mesmo é Helena Bonham Carter (Harry Potter). Sua Rainha Vermelha é muito bem construída, mostrando uma personagem mimada a cada vez que manda cortar a cabeça de alguém que te desagrada, usando seu poder para esconder sua fragilidade. É onipotente até que se oponham a ela.
Apesar de alguns pontos interessantes - mérito da direção de arte e não de Tim - Alice no País das Maravilhas é de forma geral muito fraco e pouco eficiente. Uma decepção, sabendo que foi feito por um verdadeiro mestre do cinema como Tim Burton, numa narrativa que para muitos não poderia ser adaptada por outra pessoa senão ele.
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