sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Gravidade



NOTA: 10

SINOPSE: Ryan (Sandra Bullock) é uma médica que compõe a tripulação de astronautas em missão numa estação espacial americana. Quando um satélite russo é atingido por um míssil, seus destroços atingem e destroem sua estação e Ryan fica à deriva no espaço, iniciando uma jornada desesperada de sobrevivência e sobretudo autodescoberta pra voltar à Terra.

Uau! Que filme! É difícil escrever sobre Gravidade tamanha sua qualidade e pontos positivos. Precisaria de muito espaço (sem trocadilhos) para pontuar tudo o que há de bom no filme, que é muita coisa. Nessas horas prefiro sempre seguir minha fórmula padrão e focar em roteiro, direção e atuações, além de falar dessa vez um pouco sobre sua pós-produção.

Seu roteiro, escrito pelos irmãos Cuarón, consegue manter simplificada a história de um tema por si só tão complexo como o espaço, evitando expressões e teorias difíceis para quem é alheio ao assunto, que é o caso de 99,9% de seu público. Mas ainda assim, embora Gravidade traga uma história empolgante e fácil de absorver, não deixa de ter sua profundidade e suas reflexões, todas elas centradas em sua protagonista, Ryan, e sua já citada, autodescoberta. Conforme ela vai revelando detalhes de sua vida na Terra, como seu hábito de dirigir diariamente sem destino para amenizar um pesado drama familiar, vemos que na verdade ela sempre viveu à deriva em sua vida e que a experiência que está vivendo no espaço, talvez seja o caminho para sua evolução e libertação.

Talvez? Não, com certeza! E isso é sintetizado numa cena belíssima, onde ao chegar num módulo de fuga, Ryan se encolhe numa posição fetal evidenciando que a partir daquele momento ela renascia forte e inabalável. Essa é só uma das muitas cenas ao mesmo tempo maravilhosas e de uma competência sem par, fruto de um excelente trabalho de direção de Alfonso Cuarón, com enquadramentos sempre ricos em conteúdo, seguindo a princípio um raciocínio parecido com o de Kubrick em 2001: Uma Odisseia no Espaço, onde anula o antropocentrismo, mostrando como somos insignificantes frente a imensidão do universo, para depois mudar por completo essa visão, conforme a evolução de sua protagonista, numa cena final (spoiler à frente) que situa novamente o Homem como centro do universo, além de conter uma forte referência bíblica, com Ryan “renascendo” do barro e um enquadramento de baixo para a cima que a transforma numa gigante em nosso mundo. Trabalho e competência de gênio!

Trabalho genial também fica por conta de seu elenco. George Clooney é um ator que só cresce em admiração, se superando a cada filme. É maravilhosa a calma que ele emprega a seu personagem, mesmo diante das situações mais adversas onde a morte é certa.

E Sandra Bullock tem tudo pra entra na corrida do Oscar para ganhar sua segunda estatueta como melhor atriz, numa atuação impecável de ponta a ponta, com uma personagem que vai da extrema fragilidade à extrema força de vontade e desejo de viver. Além do fato dela carregar a maior parte do filme sozinha, se saindo muito bem na tarefa. E vale ressaltar seu desempenho não só na composição de personagem, mas todo o conjunto da obra, uma vez que o filme foi inteiramente filmado em estúdio, em green screen.

E pegando o gancho do green screen, é impossível não salientar o excelente e maciço trabalho de pós produção, seja na direção de arte que compõe um espaço belíssimo, seja na trilha sonora muito bem editada que claramente mergulha o espectador na história, com cortes bruscos e repentinos, promovendo longos momentos de um silêncio que não deixa de conter sua tensão.

Resumo da ópera, Gravidade é um filme excelente para todos os públicos com todos os gostos (menos aqueles que tem labirintite que vão sofrer bastante com a direção de fotografia). Contém um excelente roteiro, uma excelente direção, excelente atuações, enfim...um filme excelente em sua essência.

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