SINOPSE:
Ryan (Sandra Bullock) é uma médica que compõe a tripulação de astronautas em
missão numa estação espacial americana. Quando um satélite russo é atingido por
um míssil, seus destroços atingem e destroem sua estação e Ryan fica à deriva
no espaço, iniciando uma jornada desesperada de sobrevivência e sobretudo
autodescoberta pra voltar à Terra.
Uau! Que
filme! É difícil escrever sobre Gravidade tamanha sua qualidade e pontos
positivos. Precisaria de muito espaço (sem trocadilhos) para pontuar tudo o que
há de bom no filme, que é muita coisa. Nessas horas prefiro sempre seguir minha
fórmula padrão e focar em roteiro, direção e atuações, além de falar dessa vez
um pouco sobre sua pós-produção.
Seu
roteiro, escrito pelos irmãos Cuarón, consegue manter simplificada a história
de um tema por si só tão complexo como o espaço, evitando expressões e teorias difíceis
para quem é alheio ao assunto, que é o caso de 99,9% de seu público. Mas ainda
assim, embora Gravidade traga uma história empolgante e fácil de absorver, não
deixa de ter sua profundidade e suas reflexões, todas elas centradas em sua
protagonista, Ryan, e sua já citada, autodescoberta. Conforme ela vai revelando
detalhes de sua vida na Terra, como seu hábito de dirigir diariamente sem
destino para amenizar um pesado drama familiar, vemos que na verdade ela sempre
viveu à deriva em sua vida e que a experiência que está vivendo no espaço,
talvez seja o caminho para sua evolução e libertação.
Talvez? Não, com
certeza! E isso é sintetizado numa cena belíssima, onde ao chegar num módulo de
fuga, Ryan se encolhe numa posição fetal evidenciando que a partir daquele
momento ela renascia forte e inabalável. Essa é só uma das muitas cenas ao
mesmo tempo maravilhosas e de uma competência sem par, fruto de um excelente
trabalho de direção de Alfonso Cuarón, com enquadramentos sempre ricos em
conteúdo, seguindo a princípio um raciocínio parecido com o de Kubrick em 2001:
Uma Odisseia no Espaço, onde anula o antropocentrismo, mostrando como somos
insignificantes frente a imensidão do universo, para depois mudar por completo
essa visão, conforme a evolução de sua protagonista, numa cena final (spoiler à
frente) que situa novamente o Homem como centro do universo, além de conter uma
forte referência bíblica, com Ryan “renascendo” do barro e um enquadramento de
baixo para a cima que a transforma numa gigante em nosso mundo. Trabalho e
competência de gênio!
Trabalho genial também
fica por conta de seu elenco. George Clooney é um ator que só cresce em admiração,
se superando a cada filme. É maravilhosa a calma que ele emprega a seu
personagem, mesmo diante das situações mais adversas onde a morte é certa.
E Sandra Bullock tem
tudo pra entra na corrida do Oscar para ganhar sua segunda estatueta como melhor
atriz, numa atuação impecável de ponta a ponta, com uma personagem que vai da
extrema fragilidade à extrema força de vontade e desejo de viver. Além do fato
dela carregar a maior parte do filme sozinha, se saindo muito bem na tarefa. E
vale ressaltar seu desempenho não só na composição de personagem, mas todo o
conjunto da obra, uma vez que o filme foi inteiramente filmado em estúdio, em
green screen.
E pegando o gancho do
green screen, é impossível não salientar o excelente e maciço trabalho de pós produção,
seja na direção de arte que compõe um espaço belíssimo, seja na trilha sonora
muito bem editada que claramente mergulha o espectador na história, com cortes
bruscos e repentinos, promovendo longos momentos de um silêncio que não deixa
de conter sua tensão.
CONFIRA O TRAILER