Nota: 9
SINOPSE: em Círculo de Fogo, uma
fenda se abre no oceano Pacífico e dela constantemente saem monstros colossais,
chamados kaiju, com o propósito único de destruir o nosso planeta. Para
combatê-los, os humanos desenvolvem os jaegers, robôs gigantes controlados por
dois pilotos dentro de sua cabeça, mentalmente sincronizados. Com a Terra
aparentemente protegida, os jaegers são colocados em risco quando os monstros
surgem cada vez maiores e mais evoluídos.
Monstros gigantes,
robôs maiores ainda, personagens caricatos dentre outros tantos absurdos
aparentemente tornam Círculo de Fogo um péssimo filme, ao menos na teoria.
Contudo, existe um considerável e maiúsculo PORÉM nessa definição: esse filme
foi escrito e dirigido por um verdadeiro gênio do cinema, Guillermo Del Toro
(Labirinto do Fauno, Hellboy).
Ter alguém tão bom e
apaixonado pelo que faz torna até mesmo um mix de absurdos num espetáculo
inesquecível que dá vontade de ver e rever muitas vezes (já vi duas vezes e
estou ansiosos pela terceira). Del Toro leva a geração X e Y ao êxtase extremo
em sua obra que homenageia de modo impecável as séries que crescemos assistindo
como Jaspion, Jiraya, Power Rangers, além dos famosos filmes de monstros
japoneses como Godzilla, recheado de combates empolgantes que começam no meio
do oceano e terminam no centro de uma cidade, com direito ao soco-turbo do
Dayleon (não lembro se era esse o nome do golpe) e um botão em forma de espada
que liberava uma espada chicote de aço gigante, além dos prédios derrubados e
carros esmagados que não poderiam faltar, é claro.
E mesmo a pouca agilidade tanto dos jaegers, como dos
kaijus, mostram a preocupação do diretor – especialista em conceber criaturas –
em trazer à tona o máximo de realismo nas suas cenas de ação, respeitando a
escala colossal de ambos.
Del Toro também acerta em deixar todos os combates
acontecerem durante a noite, dando ainda mais ênfase às suas escolhas de
fotografia e direção de arte, repletos de luzes de neon e cores saturadas, como
as cabeças (e cabines de comando) dos jaegers e o sangue azul fluorescente dos
kaiju.
Outros dois pontos fortes do filme é seu roteiro superficial
que evita criar tramas muito complexas e conta a história dos personagens em
rápidos flashs, deixando claro que o propósito ali é o espetáculo visual e nada
mais. O segundo ponto é seu elenco, que mesmo sem nenhuma grande estrela, traz
ótimas atuações de uma maneira geral, destaque para Idris Elba (Prometheus) que
vive o implacável e ainda assim humano Pentecost e Rinko Kikuchi, que
interpreta a personagem mais complexa da história, Mako Mori, ansiosa por
comandar um jaeger com o propósito único de vingar a morte de sua família.
A única falha, se é que se pode chamar assim, do filme é
levar tanta destruição às telas com nenhuma vítima, uma opção comercial de Del
Toro para reduzir a censura nos cinemas, tirando assim um pouco do realismo
trabalhado nos combates, design de produção etc.
Um daqueles blockbusters que vale cada centavo do ingresso,
sendo ao mesmo tempo uma sessão nostalgia com um show de efeitos especiais,
Círculo de Fogo é tudo o que Transformers tenta ser há 7 anos, um bom filme.