Vendo a
terceira sequencia de Madagascar percebi que a trilogia é uma espécie de mito
da caverna às avessas. Se na parábola de Platão aqueles que na ignorância
julgavam sua morada, a caverna, o melhor lugar pra viver e quando finalmente
descobrem sua saída tem a prova de que o mundo lá fora é muito melhor, na
história do leão Alex quanto melhor fica o mundo longe do zoológico de Nova
Iorque, mais vontade ele tem de voltar pra lá.
Em
Madagascar 3 – Os Procurados, Alex, Marty, Melman e Gloria tentam novamente
retornar ao zoológico nova iorquino. Numa pausa feita na Europa, eles passam a
ser caçados pela cruel capitã francesa DuBois e para fugirem se misturam a uma
trupe circense que coincidentemente estava à caminho da América, fingindo serem
artistas e se colocando numa situação onde ficam na corda bamba entre fugir e não serem
desmascarados pelos novos amigos.
Com os três
filmes escritos e dirigidos por Eric Darnell, chega a ser triste ver o diretor
recorrer sempre ao mesmo tema pra conseguir criar uma história. Mas nesse caso
fica ainda pior, pois em Madagascar 2 o reencontro com a família e a vida na
savana tinham se tornado satisfatórios para Alex, mas no início de Os
Procurados ele parece simplesmente se esquecer de tudo isso e seus pais sequer
são citados.
E se antes
personagens secundários como o Rei Julien garantiam grandes gargalhadas com
suas falas e gags, aqui ele e os demais servem apenas para tapar buracos da
história e em poucos momentos tem alguma graça ou ajudam a narrativa fluir.
Porém, numa
série extremamente dependente de seus cenários (a ilha de Madagascar no 1, a
savana africana no 2), a equipe de direção de arte de Shannon Jeffries é feliz
mais uma vez em reconstruir digitalmente grandes locações com uma qualidade e detalhamento
impecáveis, especialmente em Mônaco, onde até o famoso túnel das corridas de
fórmula 1 é apresentado.
E se a
direção de Eric Dernell é fraca pela falta de criatividade no seu roteiro, o
excesso dela na cena da apresentação do circo traz um momento belíssimo que mesmo
inverossímil até mesmo para uma animação, mostra em alguns minutos toda a magia
que o cinema pode criar. A melhor cena do filme e sem dúvida uma das mais
memoráveis do ano.
E por fim,
a trilha sonora do mestre Hans Zimmer (A Origem, Sherlock Holmes 2) vem com uma seleção de músicas impecável,
especialmente na cena citada acima, acompanhada da canção Fireworks da Kate
Perry, tornando aquele momento ainda mais emocionante.
O terceiro
Madagascar vem pra mostrar que franquia vem perdendo seu fôlego e que a não ser
que sofra uma mudança radical em sua direção e roteiro, uma possível sequencia
só virá para enfraquecer uma série que começou dourada, mas vem se desgastando.
Hora de sair da caverna e nem cogitar retornar.
CONFIRA O TRAILER
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