

No seu mundo adaptado do desenho Avatar (não confundir com o filme), existem quatro povos controlando cada um, um dos elementos da natureza (água, fogo, terra e ar). Esses povos viviam em harmonia até que a Nação do Fogo decide dominar todos eles. Agora cabe a Aang, um garoto que é o único humano desse mundo a controlar os quatro elementos, impedir a expansão imperialista do povo do fogo.

Carregado de efeitos especiais, O Último Mestre do Ar é aquele tipo de filme que enche os olhos nos trailers, mas que se mostram uma total decepção quando assistidos. Shyamalan sempre foi um exímio contador de histórias, mas nesse caso parece que ele se esqueceu de como fazê-lo. O filme é muito confuso e me parece que ele quis inserir tudo do universo do desenho nele, transformando a história numa verdadeira salada de frutas. Além da trama principal, há uma série de tramas secundárias e personagens em excesso que não conseguem se firmar, como é o caso da disputa entre Zuka e Zhao, ou até mesmo o monstro de aparência carismática Appa, que passa totalmente em branco.
Parece que fora os efeitos, tudo deu errado no filme: o egocentrismo de seu diretor, uma história muito mal contada e um elenco de novatos de péssima qualidade. O Aang de Noah Ringer é artificial de sua primeira à última aparição, sendo tão difícil expressar qualquer emoção que nem se nota o seu drama existencial que parece ter alguma importância à história. E as mesmas péssimas atuações se estendem ao restante do elenco. Há apenas uma exceção: Dev Patel. Se quem achava que ele tinha sido apenas um ator que deu sorte em ‘Quem Quer Ser Um Milionário?’ vai se surpreender com a boa performance com seu Príncipe Zuko, com seu eterno conflito interno entre ser justo ou ser aceito pelo pai.
NOTA: 5
E se um filme é escrito, produzido e dirigido por uma mesma pessoa, não é de se estranhar que ela tenha errado em todas as suas tarefas. Ao contrário de querer autonomia para criar um filme que tinha muito para ser um sucesso, Shyamalan pareceu o tempo todo mais preocupado em alimentar seu ego inserindo falas estúpidas e slow motion em praticamente todas as cenas que possuem efeitos especiais para que nós, reles mortais, ‘apreciemos sua genialidade’.
Embora de início chame muita atenção toda a técnica Tai Shin Shuan dos personagens para controlar os elementos, em coreografias que exigiam muito treino, com o tempo a quase ausência de combates físicos cansa o espectador que diversas vezes se pergunta: “Por que não aproveitam pra matar ele com um golpe enquanto ele faz toda essa dança pra soltar uma bola de fogo?”

Talvez como Orson Welles, Shyamalan tenha feito sua obra-prima logo no início da carreira (O Sexto Sentido) e venha decaindo desde então (Sinais, Dama D’água, Fim dos Tempos), pois O Último Mestre do Ar é com certeza seu pior filme (e vai ter continuação). Mas aposto que ninguém o convencerá jamais disso, afinal o grande mal dos egocêntricos é acharem que estão sempre certos e o mundo todo é que está errado.
NOTA: 5
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